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segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Negócios

Mercado de aplicativos de entrega fica cada vez mais na mão do iFood

Uber Eats não era uma empresa pequena diante do iFood. trata-se de uma plataforma com atuação global e valor de mercado de uS$ 70 bilhões

Postado em 2 de abril de 2022 por Augusto Diniz

A saída da empresa Uber Eats do mercado de entrega por aplicativo no Brasil em março dá sinais de que a hegemonia do iFood no setor tende a se expandir. em 2021, dados da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), do Statista e da Measurable AI apontam que o iFood chegava a 80% dos principais restaurantes, enquanto a Uber Eats só alcançava 25% das marcas mais fortes que atuavam na plataforma. A Rappi oferecia nas opções em seu aplicativo só 18% dos grandes bares e restaurantes.

No dia 7 de março, a Uber Eats desativou seu serviço de entrega. quem se acostumou a fazer compras de supermercado ou pedir uma refeição, por exemplo, pelo aplicativo, é direcionado para a Uber, serviço de transporte de passageiros por aplicativo, onde pode fazer pedidos em farmácias ou compras. mas aquele lanche ou almoço? Já era. precisa correr para a concorrente mais próxima e geralmente é o iFood.

De acordo com os dados da Abrasel, Statista e Measurable AI, o iFood chega a 72% da utilização de aplicativos de entrega no Brasil, com 83% de participação no mercado. A Uber Eats tinha 8% do uso para pedir comida ou qualquer outro produto pela tela do celular no país em 2021 e 4% do filão desse setor. enquanto as entregas pedidas pelo WhatsApp acumulavam 5% e outros serviços ficavam com 15%, a Rappi só aparece com 13% de participação nesse mercado.

E o iFood é mesmo o gigante que caminha para controlar o mercado das entregas por aplicativo no Brasil. a força da empresa não está só na atuação, na captação da maioria dos usuários, das principais vitrines de restaurantes e bares e em mais de 80% de participação nesse mercado. A empresa é anunciante no principal reality show no ar no Brasil neste momento, o Big Brother Brasil, exibido pela TV Globo, aparece em podcasts jornalísticos, como o caso do semanal Foro de Teresina, da revista piauí.

Concorrência complicada 

Ser concorrente do iFood no Brasil não é uma tarefa fácil. Porque encarar uma grande empresa do mercado de tecnologia, inovação e plataforma que oferece serviços por aplicativo demanda das outras marcas chegar no mercado com a oferta de preços melhores, inovações e comodidades. É preciso fazer com que o cliente baixe o aplicativo e dê atenção a outra empresa que não seja aquela que ele já está acostumado até em como funciona o processo desde a escolha do produto até o recebimento do produto em casa.

A relação do mercado de aplicativos tem seus problemas com clientes, que eles gostam de chamar de usuários, restaurantes que utilizam as plataformas e os entregadores. São frequentes os protestos para que os motociclistas que atuam na entrega para os aplicativos tenham garantidos direitos mínimos trabalhistas que a relação dita de parceiros da empresa deixa de fornecer.

Entre os pontos reivindicados estão pontos de descanso, com banheiro, área para alimentação e recarga dos celulares, remuneração nos intervalos de espera entre uma corrida ou outra e garantias caso o entregador sofra um acidente e não possa trabalhar.

Taxas cobradas

A Abrasel e a Associação Nacional de Restaurantes (ANR) relatam que bares e restaurantes em todo o Brasil aumentaram as reclamações com relação ao aumento das taxas cobradas pelos aplicativos para manter os produtos em oferta nas plataformas.

Uma alternativa aos app tem sido abrir serviços próprios de entrega, o que geralmente encarece o valor do delivery, mas garante que a empresa não seja obrigada a cair na armadilha das promoções sem fim para conseguir vender na tela do celular. para isso, sites próprios de encomenda e o WhatsApp são cada vez mais usados, com o Instagram servindo como uma espécie de cardápio para atrair o consumidor on-line. 

Serviços de entrega exclusivamente próprios cresceram 11% no Brasil

O serviço de vendas exclusivo dos próprios bares e restaurantes cresceu 11% de agosto para novembro de 2021. o total de empresas de alimentação que fazem o relacionamento direto com o cliente, não mais com uso de aplicativos como iFood e rappi, chegou a 22% há quatro meses, de acordo com pesquisa do instituto Food Service Brasil.

A briga entre as plataformas concorrentes no mercado dos aplicativos de entrega ganhou um novo capítulo no dia 14 de fevereiro. A Rappi entrou com uma manifestação no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) contra os chamados contratos de exclusividades assinados pelos restaurantes com o iFood.

A Rappi alega que o iFood adota “multas contratuais exorbitantes” para impedir que o restaurante rescinda o contrato de exclusividade. o cade já determinou que o iFood não faça novos contratos nesse modelo com estabelecimentos comerciais que atuam em seu aplicativo. o conselho também limitou em um ano a possibilidade de renovação dos acordos já firmados entre iFood e restaurantes, como uma decisão provisória.

E a saída da uber eats do mercado brasileiro de entrega por aplicativo não é reflexo de dificuldades de uma empresa pequena contra uma gigante das plataformas de delivery pela tela do celular. A Uber Eats é uma empresa que tem valor de mercado de mais de uS$ 70 bilhões, com atuação global. e que, mesmo assim, não foi capaz de fazer frente à força do iFood no Brasil.

A iFood preferiu não comentar o caso quando foi procurada. informou imprensa que “segue em constante evolução, com entrada frequente de novos competidores e surgimento de novos modelos de negócio”. A plataforma alegou que atua em total conformidade com as leis de concorrência brasileiras e que continua a colaborar comas autoridades a respeito do assunto.

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