Brasileiros rumo ao alistamento na Ucrânia estão desaparecidos há 5 dias; Itamaraty investiga a situação
Os perfis em nome de Vinicius de Andrade no Instagram e no Facebook foram excluídos das redes sociais, dificultando a identificação de amigos e parentes de um dos jovens
Dois brasileiros que pretendiam se alistar a tropas ucranianas para lutar na guerra contra a Rússia estão desaparecidos há cinco dias, de acordo com informações do portal uol. O último contato ocorreu na sexta-feira (1º/4) quando chegaram à Varsóvia, capital da Polônia. Dali, planejavam seguir para a fronteira com a Ucrânia. O caso vem sendo tratado pelo Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) como “possível desaparecimento”.
Antes de viajar para a Polônia, o homem que se identificou como o ex-fuzileiro naval Vinicius de Andrade enviou para a amiga fotos enquanto comprava equipamentos militares para serem usados após o recrutamento junto às tropas ucranianas.
Na noite de 30 de março, ele informou ter embarcado do aeroporto internacional do Galeão, no Rio de Janeiro, rumo a Paris, capital francesa. “O comandante tá chegando!”, repetiu, aos risos, em um vídeo com a vista do voo. Da França, ele contou que partiu para Polônia e, depois, não foi mais localizado.
Questionado sobre a identificação dos brasileiros, o órgão informou manter o direito à privacidade dos cidadãos até que haja informações sobre o paradeiro dos mesmos. “O Itamaraty, por meio de sua Embaixada em Varsóvia, tomou conhecimento de possível desaparecimento de nacionais na Polônia e está à disposição para prestar toda a assistência consular cabível aos familiares”, disse o órgão em nota.
Durante o contato um dos jovens enviou a própria localização, quando estava na região central de Varsóvia. Na sequência, informou estar a caminho de Lviv, cidade ucraniana na fronteira com a Polônia, onde combatentes voluntários são recrutados pela Legião Internacional de Defesa Territorial da Ucrânia.
Pouco mais de uma hora depois, disse estar cansado. Em seguida, revelou os planos de deslocamento. “Ônibus para Lviv e trem para Kiev [capital ucraniana]”. À noite, Vinícius trocou mensagens com um outro brasileiro que se identifica como aliado das tropas ucranianas na guerra enquanto planejava seguir em direção à fronteira com o país vizinho.
Na ocasião, disse que tinha instalado no celular o aplicativo de uma empresa de transporte particular que também funciona na Polônia. O homem que o aguardava, que diz estar na Ucrânia há duas semanas, desaconselhou o uso do aplicativo no país, sob a alegação de que não seria seguro. “Mano, não confia em [nome do aplicativo de transporte por aplicativo] aqui”.
Nas mensagens, ele dizia estar preocupado enquanto monitorava os deslocamentos dos dois brasileiros supostamente em território polonês enquanto alegava estar à espera deles para que pudessem se alistar junto às tropas ucranianas em conflito.
No dia seguinte, as mensagens enviadas ao número de Vinícius foram respondidas por outra pessoa com um atraso de mais de 12 horas, preocupando as pessoas que monitoravam a viagem. “Vinicius, estou preocupada com você”, escreveu a amiga.
“Pelo menos dá notícia. Geral preocupado. Precisamos saber onde você está para lhe buscar”, registrou o outro brasileiro. As respostas, em português, ignoraram pedidos por fotos do ex-fuzileiro, sob a alegação de que ele estaria “dormindo”.
Em seguida, os perfis mantidos em nome de Vinicius de Andrade no Instagram e no Facebook foram excluídos das redes sociais, dificultando a identificação de amigos e parentes.