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sábado, 23 de novembro de 2024
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Aumento expressivo

Preços das passagens aéreas nacionais cresceram mais de 40% no mês de março; entenda

Apesar de o conflito na Ucrânia impulsionar a alta, os aumentos já aconteciam antes da guerra no leste europeu

Postado em 6 de abril de 2022 por Jennifer Neves

No mês de março os preços das passagens aéreas cresceu até 40%, segundo diz levantamento feito Kayak e Decolar. O principal motivo dos aumentos é em função do conflito na Ucrânia, que também fez aumentar o preço dos combustíveis, inclusive do querosene, que é o mais utilizado na aviação.
Valor dos bilhetes aéreos cresceu até 40% em março, segundo levantamentos realizados por empresas especializadas. Além de comprar os tíquetes com antecedência, consumidor deve ficar atento a promoções e a cobranças abusivas

Os consumidores levaram um susto nas últimas semanas com os preços das passagens aéreas no Brasil. As tarifas médias subiram até 40% em março, em relação ao mês anterior, segundo levantamentos realizados pelas plataformas Kayak e Decolar. O aumento se deve, principalmente, à alta no preço do barril de petróleo, causado pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

A escassez é mais evidente entre os voos domésticos, que possuem uma demanda maior. De acordo com a diretora de voos da Decolar, Daniela Araujo, as flexibilizações sanitárias contra a Covid-19 no mundo é um dos fatores que resultam no aquecimento do setor.

“Depois de dois anos de pandemia, a retomada é algo que está claro. A gente vê a busca, tanto doméstica quanto internacional”, aponta. Segundo Araujo, a pandemia também influenciou no padrão de comportamento dos viajantes. “Há um aumento na busca por tarifas flexíveis. Na pandemia, entendemos que os planos podem mudar. Há muita procura por passagens em que é possível alterar datas”, diz.
A especialista ainda alerta que o “truque” de procurar passagens durante a madrugada não funciona mais. “Por meio de alertas, as pessoas recebem ofertas com antecedência. Há ferramentas de inteligência artificial, de acordo com o perfil do consumidor, que podem ser acionadas a qualquer hora”, explica.

Segundo diz o professor João Oliveira, a diferença de preço dos bilhetes de dois anos para cá está exorbitante. “Durante o pico da pandemia, eu tive que viajar por esse trajeto umas quatro vezes, porque apesar de morar em Goiânia, minha família toda está no Rio. No meio de 2020, os preços estavam super em conta, de uma forma que não via há muito tempo. Mas agora, as passagens estão sendo vendidas por um preço exorbitante, que não lembro de já ter visto assim alguma vez”, conta.

João ainda diz o que faz para conseguir pagar o menor valor possível. “Como eu pego avião com uma certa frequência, tenho que ter tudo planejado. Então, busco por passagens com a maior antecedência possível. Pelo menos cinco ou seis meses antes. Também olho nos sites de todas as companhias aéreas e nas plataformas turísticas para filtrar bem. Outro ponto é mudar o data de ida ou volta. Às vezes, de um dia para o outro a diferença é muito grande. Normalmente, as viagens aos finais de semana saem bem mais caras. Procuro sempre por voos no meio da semana”, aconselha.

O professor ainda diz que usar o programa de milhas, normalmente emitidas pelos cartões de crédito, é sempre algo vantajoso.

A pesquisa feita pelas companhias indica que a alta dos preços, no entanto, é equivocada, porque já acontecia mesmo antes do conflito no leste europeu. Na comparação com fevereiro, a Decolar mostrou aumentos entre 16% e 40% nas rotas que partem dos aeroportos de Guarulhos e Congonhas, em São Paulo. Já a Kayak identificou, em janeiro, um aumento entre 47 e 49% em relação às passagens que saiam de diversos lugares com destino ao Rio de Janeiro e São Paulo. Já a Kayak identificou que os bilhetes, comparados com o mês de janeiro, subiram entre 47 e 49%, em relação às passagens que partiam de diversos lugares com destino ao Rio de Janeiro e São Paulo.

Os estudos sobre o comportamento das tarifas aéreas analisam períodos e destinos diferentes, mas ambos indicam uma alta inequívoca de preços. A alta ocorreu, inclusive, antes do conflito entre Rússia e Ucrânia, que provocou uma alta generalizada dos combustíveis. O preço médio de um bilhete a São Paulo em março foi de R$ 1.021 e ao Rio, R$ 1.037.

Ainda segundo a Kayak, os dez destinos brasileiros com maior demanda tiveram aumentos de preço superiores a 30% na comparação entre janeiro e março. A lista aponta Recife, Salvador, Fortaleza, Maceió, Porto Alegre, Brasília, Natal; ,além de Florianópolis, que registrou a maior alta, de 51%.
O aumento dos combustíveis é fator crítico para a alta das passagens, mas especialistas listam outros fatores. “As passagens aéreas são destaque no grupo de transporte no cálculo da inflação e isso se deve basicamente a dois motivos. Primeiro, o preço dos combustíveis, que mesmo com uma leve queda no dólar, tem um componente cambial pesado”, explica o economista Vinicius do Carmo, especialista em tributação.

“Segundo, um aumento na demanda, seja pela aproximação das temporadas de alta de meio de ano, seja, como no caso das passagens internacionais, pela liberalização dos roteiros, indicada pelo fim das restrições em razão da pandemia”, ressalta Carmo.

O advogado Karlos Gad Gomes, especialista em direito do consumidor, aconselha ao consumidor a atenção para práticas abusivas, quando há aumentos sem justa causa. “O Código de Defesa do Consumidor proíbe essa prática e prevê, ainda, a proteção, responsabilidade do fornecedor e do serviço, bem como aplica penalidade por práticas abusivas. Contudo, a fiscalização depende da atuação de outros órgãos, como o Procon”, pondera.

Segundo Gomes, caso o consumidor se sinta lesado, é possível fazer uma reclamação diretamente com a companhia aérea, com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) ou diretamente no Procon.

Com informações do Correio Braziliense

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