Com 87% dos produtos vendidos vindos do Brasil e 2 milhões de vendedores no País, Shopee se define como brasileira
Desde julho de 2020 empresa de Singapura tem se nacionalizado para ganhar formato local de venda on-line de produtos
A Shopee, gigante da Singapura na venda on-line de produtos, começou a operar suas ações no Brasil de forma local em julho de 2020, dez meses depois da chegada da empresa ao País. E passou a fazer acordos com vendedores locais, os chamados “seller”. Em abril, a Shopee chegou à conta de 2 milhões de comerciantes brasileiros na plataforma.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, Felipe Piringer, de 34 anos, que é diretor de marketing e estratégia da empresa no Brasil, tratou de acelerar a chegada de “sellers” locais à plataforma de Singapura. E produtos de vendedores locais começaram a figurar entre o de outros lojistas virtuais. O que a Shopee cobra é uma comissão sobre cada venda.
E a Shopee foi além das marcas consolidadas no e-commerce brasileiro, como Magazine Luiza, com 160 mil “sellers”, e as Americanas, que contam hoje com 122 mil vendedores locais on-line. A plataforma de Singapura é atualmente o aplicativo de compras mais baixado no Brasil, com a marca de 100 milhões de downloads.
À Folha, Piringer afirmou que 87% das vendas pela Shopee partem de vendedores brasileiros. “Nossa operação é brasileira, não é uma tradução de site estrangeiro”, declarou o diretor. A fala vem no momento em que a Receita Federal investiga a empresa e as chinesas Aliexpress e Shein. Dois terços das compras on-line dos brasileiros são nas plataformas criadas na Ásia. Principalmente pelos preços mais em conta.
Concorrentes incomodados
E, claro, gerou incômodo no setor de varejo Brasileiro. Os e-commerces nacionais veem na atuação da Shopee e outras plataformas uma atuação onde a lei não tem definição, que é o envio de bens de outros países por uma pessoa física para outra sem incidir pagamento de impostos. A condição praticada é o valor da mercadoria ficar inferior a R$ 50.
O diretor da Shopee no Brasil alega que a empresa funciona como um marketplace no qual outras marcas vendem seus produtos, com a cobrança apenas de um percentual por venda. A gigante de Singapura diz não temer a criação de uma Medida Provisória (MP) para subir o valor dos impostos sobre produtos estrangeiros, já que apenas 13% do que é comercializado na plataforma é importado.
Atividade legalizada
Piringer garante que tudo é legalizado e formalizado. Como o CNPJ da Shopee no Brasil, que funciona desde 2019. “Nossa sede está na cidade de São Paulo, onde pagamos impostos, não fomos buscar uma cidade mais barata no entorno.” A sede da empresa no Brasil fica na Avenida Brigadeiro Faria Lima, Zona Sul da capital paulista, em três andares de um prédio. São 1,5 mil empregados diretos da Shopee no Brasil.
Criada em 2015 no país asiático de Singapura, a Shopee apresentou receita de US$ 70 milhões, com 140 milhões de pedidos, de acordo com dados do 4º trimestre de 2021. Com concorrentes no Brasil como Mercado Livre, Aliexpress e Americanas, a empresa tem como produtos mais vendidos máscaras descartáveis, balas de goma, fones de ouvido, sabão em pó, ring lights, smartphones e papeis de parede.