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terça-feira, 24 de dezembro de 2024
Aumento

Farmácias podem ficar sem medicamentos após alta dos preços, alerta Ahpaceg

Presidente da Ahpaceg, Haikal Helou afirma que entre as causas estão falhas no fornecimento de insumos primários pela China e o alta dos custos de produção

Postado em 12 de abril de 2022 por Maiara Dal Bosco

Menos de duas semanas depois do reajuste de até 10,89% nos preços dos medicamentos, anunciado no último dia 1º de abril, os consumidores enfrentam outro problema para além dos preços mais altos: a falta de vários itens nas farmácias. O alerta sobre a falta de medicamentos é feito por médicos de hospitais associados da Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg), já que os médicos têm recebido queixas de pacientes que não têm conseguido aviar as receitas. 

A Ahpaceg destaca que o problema, iniciado em 2021, se agravou de fevereiro deste ano para cá, atingindo medicamentos, como os indicados para o tratamento de febre, dor, antibióticos, anti-inflamatório e anti-histamínicos, usados para tratar reações alérgicas. 

Segundo a Associação, o problema do abastecimento tem atingido também a rede hospitalar. “A dipirona injetável, usada no tratamento contra dor e febre, por exemplo, está em falta e os hospitais trabalham com estoques que já estão acabando”, destaca em nota.

Ainda de acordo com a Ahpaceg, têm sido oferecidas opções diversas de medicação. Contudo, mesmo assim, os pacientes precisam pesquisar no mercado, uma vez que nem sempre o remédio receitado é encontrado. “A Ahpaceg vem atuando juntos aos fornecedores para tentar sanar o problema entre os associados, mas a escassez de alguns medicamentos e falta de outros é mundial”, pontua.

Motivos

O presidente da Ahpaceg, Haikal Helou, observa que são muitos os motivos para a falta de medicamentos enfrentada atualmente e com poucas perspectivas de solução imediata. Dentre eles, o presidente destaca falhas no fornecimento de insumos primários pela China – o principal fornecedor mundial – e o aumento dos custos de produção nem sempre acompanhado do reajuste do preço de venda, o que desestimula a indústria a produzir.

“A escassez, o aumento significativo do custo ou a falta de medicamentos traz um trabalho imenso para médicos e farmacêuticos que precisam adequar a prescrição para que os pacientes não sofram as consequências da falta de medicamentos”. afirma.

Segundo o presidente, a dipirona, já em falta, chama mais atenção, mas o problema atinge outros itens, como antibióticos, relaxantes musculares, analgésicos e anestésicos, por exemplo. “Às vezes, não conseguimos identificar o que é uma falta temporária e o que é mais grave, mas já percebemos o problema e não sabemos quanto tempo irá durar”, diz.

A reportagem procurou o Procon Goiânia para verificar sobre a questão na capital. O órgão informou que ainda não recebeu nenhuma denúncia sobre falta de remédios nas farmácias da capital. Caso o consumidor encontre esse problema, a orientação do Procon é realizar a denúncia. 

“O Procon Goiânia orienta o consumidor a denunciar o problema nos canais de atendimento do órgão, por meio dos telefones 3524-2936, 3524-2942 e aplicativo Prefeitura 24h. Ao receber a denúncia, a fiscalização vai ao local notificar o estabelecimento para que explique o motivo da falta dos medicamentos”, afirma. 

Entenda

Os preços dos medicamentos tiveram um reajuste de 10,89% no Brasil, desde o último dia 1º. O índice foi autorizado pelo governo federal para a recomposição anual de preços dos remédios. O Sindicato dos Produtos da Indústria Farmacêutica (Sindusfarma), estima que o aumento dos preços atinge cerca de 13 mil medicamentos disponíveis no mercado varejista brasileiro.

Em nota, o Sindusfarma destaca que durante os dois anos de pandemia, a oferta dos medicamentos manteve-se regular e os preços aumentaram menos do que, por exemplo, os dos alimentos dos transportes. Segundo o Sindicato, no acumulado de 2021 e 2020, os medicamentos subiram em média 3,75%, enquanto a inflação geral no Brasil saltou para 15,03%. 

O Sindicato frisa ainda que a cotação do dólar chegou a aumentar quase 40% nos últimos dois anos, os gastos com frete e seguros aumentaram em média 10%, em dólares, bem como materiais de embalagem, que também subiram cerca de 40%.  “Os medicamentos têm um dos mais previsíveis e estáveis comportamentos de preço da economia brasileira”, afirma o presidente executivo do Sindusfarma, Nelson Mussolini. 

Além disso, o Sindusfarma também alega outros fatores significativos nesse sentido. Entre eles, estão que a carga tributária embutida no preço dos medicamentos equivale a até 32% do valor final pago pelo consumidor e que medicamentos oferecidos gratuitamente no Programa Aqui Tem Farmácia Popular, como hipertensivos, medicamentos para diabetes e outros produtos para doenças de larga incidência são vendidos pelas empresas fabricantes por valores de reembolso baixíssimos, que não são reajustados há anos.

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