Conheça o caso do pastor preso em 2022 por pregar contra judeus, negros e gays no Rio de Janeiro
“A igreja de Jesus Cristo não levanta placa de filho da puta negro nenhum, não levanta placa de filho da puta de político, não levanta placa de filho da puta de veado,”, declarou o pastor
Alvo da Operação Rofésh, da Polícia Federal, o pastor Tupirani da Hora Lores foi preso após pregar contra negros, judeus e contra a comunidade LGBTQ+ no Rio de Janeiro. Líder da Igreja Pentecostal Geração Jesus Cristo, ele é conhecido por promover discursos de ódio contra a população judaica e já havia sido alvo da Operação Shalon, deflagrada em março do ano passado.
De acordo com as investigações da PF, Tupirani produziu e publicou diversos vídeos com ataques diretos aos grupos. Ele é conhecido ainda por fazer pregações contra a vacina da Covid-19 e contra o voto. O acusado responderá pelos crimes de racismo, ameaça, incitação e apologia ao crime. Ele foi preso no dia 24 de fevereiro, e caso condenado, Tupirani poderá cumprir pena de até 26 anos de prisão.
Racismo e Homofobia
Em 2021, Tupirani atacou a pregadora evangélica Karla Cordeiro, conhecida como Kakau, na igreja Sara Nossa Terra. Kakau foi investigada após viralizar um vídeo no qual disse que os fiéis não deveriam “ficar postando coisa de gente preta, de gay”. Ela se retratou em nota, afirmando não ter preconceito por conta de raça ou orientação sexual.
Em agosto do mesmo ano, Tupirani fez outra pregação que endossou sua declaração inicial: “Sabe o que você é Karla Cordeiro? Você é uma puta, prostituta, seu pastor deve ser um veado, e a sua igreja é uma igreja de prostitutas […].”
E continuou: “A igreja de Jesus Cristo não levanta placa de filho da puta negro nenhum, não levanta placa de filho da puta de político, não levanta placa de filho da puta de veado. A igreja de Jesus Cristo levanta sua própria placa”.
Judeus
A notícia-crime que embasou a operação de 2020 tinha vídeos de um culto presencial, na sede da congregação, nos quais Tupirani pediu que Deus massacrasse os judeus e clamou que “eles sejam envergonhados, como na Segunda Guerra, e não tenham forças para levantar suas servis”.
De acordo com as autoridades, o homem publicou vídeos com ataques diretos a judeus e contra membros de outras religiões, como as de origem afro e o Islã. O pastor também já havia sido alvo da operação Shalom da PF, em março do ano passado, e foi o primeiro brasileiro a ser condenado por intolerância religiosa, momento que ocorreu junho de 2009. Quatro anos depois, ele e outros fiéis da denominação religiosa foram presos por racismo, homofobia e xenofobia.
Acusação
Iago Fonseca de Oliveira, delegado da PF e chefe do Grupo de Repressão a Crimes Cibernéticos da PF/RJ explicou que a investigação teve início com a notícia crime oferecida pela Confederação Israelita.
“Mesmo após a deflagração da primeira fase dessa operação, o preso continuou reiterando suas condutas, inclusive com ataques à autoridade pública. O crime de ódio pode configurar racismo que é previsto em tratado internacional e por isso a PF investiga e garante que esse tipo de conduta não fique impune, seja no meio virtual ou em outros meios.”
Discurso de ódio
O discurso de ódio é caracterizado como uma forma de pensamento, fala e posicionamento social que incita à violência contra diferentes grupos da sociedade. Pode ser verbalizado ou escrito e sua intenção é discriminar as pessoas devido a suas diferenças, sejam estas raça, cor, etnia, religião, orientação sexual, deficiências, classe etc. Esse tipo de discurso tem por base o ódio em si ao diferente e todos os preconceitos e prejuízos que decorrem desse sentimento. É considerado crime no Brasil e também um atentado aos Direitos Humanos.