Os desafios da gestão financeira escolar no pós-pandemia
Por Yuri Jackson Como manter o fluxo de caixa no país onde o número de inadimplentes subiu para 63 milhões? O período da pandemia, que teve seu início em 2020 e que ainda perdura – mesmo com menor incidência nos dias atuais – gerou um forte impacto na educação, desde a primeira infância até os […]
Por Yuri Jackson
Como manter o fluxo de caixa no país onde o número de inadimplentes subiu para 63 milhões?
O período da pandemia, que teve seu início em 2020 e que ainda perdura – mesmo com menor incidência nos dias atuais – gerou um forte impacto na educação, desde a primeira infância até os últimos passos da vida acadêmica, como a faculdade e especializações.
É possível afirmar, de maneira indiscutível, que existem dois tipos de educação: o de antes da pandemia e o depois da pandemia da COVID-19.
E quais são as principais ponderações que o gestor escolar deve fazer diante dessa nova fase? Uma delas diz respeito à maturidade financeira. Pouquíssimos diretores e proprietários de instituições enxergavam seus negócios como verdadeiras empresas. Alguns, na boa intenção de olhar apenas a via da qualidade educacional, se esqueceram da importância de se ter uma escola lucrativa.
É de se ressaltar que assim como qualquer outro empreendimento, uma instituição de ensino também é uma empresa, e como tal, precisa de lucro para se estabelecer. A definição de uma boa estrutura de professores, com a garantia de um ensino minimamente adequado depende de um fluxo de caixa saudável e em pleno funcionamento.
Antes de contratar uma excelente equipe de professores, monitores e auxiliares, o gestor escolar precisa ser estratégico ao escolher alguém que saiba controlar as finanças da escola, mensurando as receitas e despesas do local, além de uma equipe específica que esteja pronta para lidar com cobranças de mensalidades em atraso.
E por falar em atraso, talvez esta seja a maior pedra no sapato de diversas instituições: o ato de delegar a cobrança para o departamento financeiro, administrativo ou mesmo para algum colaborador que não tem a mínima experiência no procedimento.
A garantia do recebimento de mensalidades em atraso é o que vai permitir que novos investimentos possam ser feitos na escola, por isso que essa atribuição é tão importante dentro de qualquer empresa, inclusive se esta for uma instituição educacional.
A renegociação é fundamental. Conversar com o devedor e oferecer a possibilidade de divisão do débito em parcelas que ele realmente possa pagar ajuda na flexibilização do recebimento. Uma comunicação empática e que demonstre compreensão com o cliente – principalmente se este for um pai ou responsável – ajuda no processo de quitação das dívidas.
Além de tudo isso, é importante que o setor de contas da escola tenha uma “Régua de cobrança”. Ela serve para determinar quando, como e por onde deve-se entrar em contato com o cliente inadimplente. Assim o departamento cria uma agenda de cobranças e passa a ter um direcionamento em seu trabalho.
Por fim, mas não menos importante, fica a ponderação que o gestor deve fazer ao reequilibrar as contas da sua empresa-escola: Em casos de alunos ainda na fase da infância e adolescência, o recomendado é não envolvê-lo em nenhuma hipótese no protocolo de cobrança. O gestor escolar deve prezar para que o relacionamento do aluno com os demais colegas e a escola não seja afetado. Quando envolver menores, a escola precisa lidar com a questão diretamente com os pais ou responsáveis.
Yuri Jackson é advogado especialista em Direito Educacional