Vilmarzinho: “Mendanha vai ser eleito no 1° turno”
Com dezenas de visitantes na sala de espera, o prefeito de Aparecida, Vilmar Mariano, recebe O Hoje com argumentos de que Mendanha é uma possibilidade para Goiás.
O entra e sai sala do sexto andar, onde fica o gabinete do prefeito de Aparecida, Vilmar Mariano, o Vilmarzinho, é o resultado da consolidação de uma prefeitura que administra uma cidade, desde a chegada de Maguito Vilela em 2008, que deixou de lado a fama de dormitória. Expressão muito utilizada por Maguito, o mais notável prefeito do município no auge do centenário, Aparecida conseguiu dar emprego aos aparecidenses, principalmente no Polo Empresarial. E, ainda, lazer em praças por diversos bairros e shoppings. Construiu vias que interligam bairros, facilitam o transporte, inclusive o público.
Por isso, quando Vilmar Mariano recepciona a reportagem do O Hoje, sorri. Está numa cadeira rara. Ali, Gustavo Mendanha, sucessor de Maguito, não diferente, recebeu milhares de pessoas. Das lideranças de bairros, empresários, promotores de eventos, secretários e, claro, vereadores.
Mendanha recebeu no gabinete padres, pastores, senadores, bispos – católicos e evangélicos. E tantos prefeitos que, agora, empinam a carroça se o apoiam ao governo ou à reeleição do governador Ronaldo Caiado. Nesta entrevista, Vilmarzinho, é de um otimismo: “Gustavo Mendanha vai fechar com mais de 120 prefeitos”. E, ainda, orgulha-se de 30 nomes que já declararam apoio. Evita nomes.
Naquele mesmo gabinete, Mendanha também já recebeu, como os cantores Gusttavo Lima, Felipe Araújo e o goianíssimo Leonardo. O irmão de Leonardo, Leandro, dá nome ao anfiteatro construído pela gestão Mendanha.
E é com sorriso no rosto, baixinho, 56 anos, mãos agitadas, nove dedos de unhas roídas. Um auxiliar conta que por não beber nem fumar, Vilmar rói as unhas. “É o jeito”, brinca. A ansiedade do prefeito pouco lembra o menino que, na roça de Luziânia, aos 8 anos, perdeu o dedo indicador da mão esquerda em um trator. O menino que se tornou vereador, presidente da Câmara e assumiu a prefeitura para impulsionar o sonho do antecessor de chegar ao Palácio das Esmeraldas.
A fala agitada amplifica o entusiasmo que vai na contramão do que a imprensa publica. E acredita, sempre enfático: “Mendanha será eleito”. Quase que com tom profético da ex-primeira dama, Mayara Mendanha, durante um evento lotado de evangélicos. Na ocasião, ela usou a metáfora bíblica do livro de Reis e associou o marido a Davi, um dos personagens bíblicos que se transformou no símbolo da luta do menor contra o maior, quando enfrentou e venceu Golias. A arma: uma pedra e uma funda. E, ainda, deixou Saul à loucura e chegou ao reino de Israel. Claro, tudo antecedido pela profecia do profeta Samuel.
Nesta entrevista, Vilmar olha, quase sem perceber, para a tela colorida pendurada em destaque na parede no outro extremo do gabinete. É impressa em acrílico, tamanho 70×60, de Gustavo Mendanha ao lado de Maguito Vilela. Chama-se Fratelli tutti – como é denominado a encíclica, carta do Papa Francisco à nação, que significa “todos irmãos”.
A obra foi encomendada por Gustavo para presentear Maguito. Gostou tanto que tomou o presente para si – ou para o gabinete – e mandou fazer outro ao padrinho político antes que ele morresse de Covid-19 após ter sido eleito prefeito de Goiânia em 2020. É impossível conversar com Vilmarzinho sem falar, no edifício Cidade Administrativa Maguito Vilela, nos dois antecessores.
Entrevista/ Vilmar Mariano
Wilson Silvestre e Yago Sales
- Você faz um mandato de continuidade?
Exatamente. É um governo do jeito que o Gustavo planejou. Com o secretariado, os auxiliares.
- Como estão as contas da prefeitura?
As contas são as melhores do País. São bem equilibradas pelo nosso secretário André [Luiz da Rosa, da Fazenda]. Temos agora um empréstimo que está para sair de 120 milhões de dólares. E temos 30 milhões de dólares na contrapartida. Estamos muito animados.
- A ideia é asfaltar todas as ruas?
Também está no projeto a construção de alguns elevados.
- Vão conseguir asfaltas todas as ruas?
Todas as ruas habitadas vai ser solucionada a questão do asfalto.
- Ainda na gestão do senhor?
Sim, ainda nesta gestão. A gente espera assinar este contrato até outubro ou novembro. Já temos a contrapartida e vamos dar a ordem de serviço com o que temos. E essa cidade que já é um canteiro de obras, vai dobrar ainda mais.
- E o processo licitatório?
Fica a cargo das equipes desse assunto. Não sei sobre isso, mas o volume de dinheiro é muito grande. Mas vão ser muitos lotes de licitação.
- A prefeitura conseguiu o empréstimo pela captação de recursos?
Não. Ele é dado por causa da capacidade. A união que é avalista. O banco aprovou, agora falta mandar pra União convalidar e ainda passa pelo Senado. O relator Eduardo Gomes do Tocantins se pôs a favor.
- Tem dinheiro em caixa então…
Apenas para infraestrutura temos 30 milhões.
- Prefeito, Aparecida, historicamente, é um desafio para qualquer gestor. É um município praticamente todo urbano. Como é a captação diante dessa expansão urbana. Mas, em relação à demanda, é muito pouco. Certa vez o próprio Maguito disse isso e que por isso era necessário sempre buscar empréstimo. Com isso, a prefeitura precisa sempre estar em dia. O senhor vai dar continuidade às obras e iniciar outras?
A gente não tem área rural mesmo. Não tem obra paralisada. Se tinha, era por causa do período chuvoso.
- Tem previsão para concurso?
Como é ano eleitoral, a gente vai fazer concurso para Saúde e Educação.
- Sobre a situação de vários problemas com a Maternidade Marlene Teixeira que a imprensa recebe. O que tem sido feito?
Vocês recebiam. Fizemos convênio no hospital Garavelo. A nossa Maternidade agora está lá. Nós vamos fazer naquele prédio da Marlene Teixeira a gente vai fazer uma unidade de saúde da mulher. Quando a gente conseguir emendas de deputados e senadores a gente deve construir uma maternidade do tamanho da nossa cidade.
- Aparecida é um colégio eleitoral importante. Obviamente Mendanha é pré-candidato ao governo e ele tem maioria dos partidos aqui, enquanto Caiado tem dito que tem a maioria com ele em nível estadual. Como o senhor está vendo essas três forças políticas? Caiado que tenta, via Daniel Vilela, desconstruir Mendanha. Do outro lado, Marconi Perillo tenta no futuro uma aliança com Mendanha. E o senhor aqui na outra ponta. Como o senhor vê essas forças políticas?
Caiado tentou desconstruir o partido MDB, que é muito maior que Daniel e o Gustavo. O partido é uma instituição nacional. Mas Caiado não conseguiu. Ele tentou afetar Mendanha, mas ele só cresceu nas pesquisas. Marconi Perillo é um dos melhores quadros políticos de Goiás. Tem projeto de ser senador ou governador, não sei o que ele está pensando. No momento certo as coisas vão ser alinhadas. Neste primeiro turno tanto Marconi quanto Gustavo vão em raias diferentes. Eu acho que Gustavo ganha no primeiro turno. E eu estou completamente fechado com Mendanha.
- O senhor tem esse otimismo. Partindo de Aparecida, o senhor vê que o exemplo da gestão de Aparecida pode ser discutido em outras regiões. Fala-se muito no avanço tecnológico que começou com Maguito e continuou com Mendanha. Além da Cidade Inteligente chegou à desburocratização, inclusive para instalação de empresas e ambiência para negócios. É possível estender isso para outras regiões?
O que qualificou Gustavo como um grande líder político e um cidadão que se colocou como a maior força de oposição de Goiás foi a aprovação do mandato passado. Gustavo fez um trabalho de excelência que o qualifica como a maior liderança emergente de nosso Estado.
- E em relação aos arranjos partidários que podem deixar Mendanha sem espaço de TV e rádio?
Na verdade, o que se encerrou no dia 2 de abril foi o período de filiação partidária. Agora, a coligação é só em julho. Podemos fechar com cinco, dez partidos. Ou vinte. Talvez o tempo de televisão do Gustavo seja maior do que o do nosso adversário.
- E esse otimismo…
Otimismo, não, é o que eu tenho visto. A perspectiva de poder está do lado de cá. E quando ela está do lado de cá, é que o crescimento de partido, de tudo, vem pra cá também. Se eu disser que o União Brasil pode fechar conosco e o Caiado deixar de ser candidato, você não vai acreditar. Mas isso é possível. Acreditamos muito que vamos fechar com 15 partidos.
- Há possibilidade de o Mendanha ser vice de alguém?
Gustavo é pré-candidato e será candidato a governador de Goiás. Não há possibilidade. Ele renunciou ao mandato de prefeito da segunda maior cidade. Ele não deixaria essa cidade para ser vice. O projeto dele é concreto, que é ser candidato.
- Como responder às críticas que podem surgir de que a gestão de Mendanha é sombra à do Maguito Vilela?
Maguito chegou aqui para mudar a história. E a mente mais brilhante imaginava que Gustavo seria uma pífia, ou seja, não ia conseguir suceder o Maguito. Tanto que superou e teve uma vitória histórica. Qual a melhor pesquisa que existe em um pleito eleitoral? As urnas. E as urnas o qualificaram como o grande líder da cidade de Aparecida de Goiânia. As obras que o Maguito iniciou, é claro que o Gustavo terminou. Mas fez tantas outras. É natural que isso aconteça, assim como vou fazer, concluir e fazer. O prefeito não é prefeito, ele “está” prefeito. A cidade não “está” a cidade, é a cidade.
- Como está a relação do projeto Mendanha em relação aos prefeitos? Caiado tem feito essa busca e tem sido correspondido.
Por que Caiado não construiu esse relacionamento ao longo do mandato e tenta arregimentar neste momento. Tem meio mundo de gente contrariada com o governo. Ouça o que estou falando, Gustavo Mendanha vai fechar com mais de 120 prefeitos.
- Outro otimismo.
É realidade. Quando chega em cidades, vereadores, presidente de Câmara e vice-prefeito estão com o Gustavo. Apenas o prefeito está com Caiado. Sem falar que Caiado foi para a campanha passada com 14 prefeitos. Bateu eleição com votação expressiva. Não posso citar nomes, mas temos mais de 30 prefeitos fechados com a gente.