Indústria e comércio registram queda em Goiás em 2022
A produção física da Indústria de Transformação de Goiás registrou queda de 0,2% em maio de 2022 em comparação com abril
A indústria goiana registrou queda na produção de 1,9% em março se comparado com o mesmo período do ano passado, segundo dados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta terça-feira (10). O resultado é especialmente explicado pelo recuo na fabricação de combustíveis (-20,8%), com destaque para o etanol, e na industrialização de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-16,3%).
Porém, o comércio varejista, apesar da expectativa por um ano melhor em meio à vacinação contra Covid-19, encerrou 2021 com queda de 0,5%. Segundo dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), lojas de móveis e eletrodomésticos (-9,5%) e os hipermercados e supermercados (-4,9%) foram os segmentos que mais reduziram o fluxo de vendas.
O presidente executivo da Associação Pró-desenvolvimento Industrial do Estado de Goiás (Adial) Edwal Freitas Portilho explica que o menor desempenho dos supermercados reflete a redução do poder de compra da população devido à inflação, que continua a elevar o preço dos alimentos e bebidas. “Além disso, a recuperação do mercado de trabalho tem se baseado na mão de obra informal, com menor renda para os trabalhadores, o que ajuda a explicar a queda nas vendas”, afirma.
Segundo Portilho, com a alta da inflação que fechou o ano em 10,31% em Goiânia, houve o impulso da Selic que também contribuiu para a menor demanda. “Esse resultado reputo às consequências da Covid-19 e da própria economia, o Sistema Especial de Liquidação de Custódia (Selic) mais alta acaba sendo embutida nos preços e o comércio trabalha muito com crédito”, pontua.
Do lado do varejo ampliado, Portilho pontua que o crescimento foi considerado significativo e surpreendeu, especialmente com a venda de veículos. “Houve recuperação, uma demanda que não foi atendida no ano anterior. Para a indústria, esse também foi o destaque positivo, enquanto a Pesquisa Industrial Mensal – Produção (PIM-PF) mostra que houve recuo de 4% em 2021”, ressalta.
“A elevação da taxa de juros afeta a indústria, além da questão conjuntural com problemas em cadeias globais de suprimento. Há influência da queda na demanda do comércio que derrubou produção do setor alimentício (-5,6%) e base de comparação alta no caso da produção farmacêutica que recuou 21,8%”, explica o presidente.
Produção
A produção industrial de farmoquímicos e farmacêuticos teve o segundo recuo no ano, em 12 meses, a diminuição foi de 18,1%, puxada pela redução da fabricação de medicamentos.
O presidente explica que foi uma queda que não aconteceu só em Goiás e, sim, em nível nacional. “Temos uma indústria que produz genéricos e precisa da importação de insumos. Houve uma dificuldade nacional, tanto que houve autorização em abril para elevação dos preços. O peso desse segmento para a economia goiana também fez o resultado negativo pesar mais localmente”, afirma.
Segundo Portilho, outro setor importante é o de alimentos, que em 12 meses recuou a produção física em 4,9% no Estado. “Neste, a redução no leite esterilizado, carnes e miudezas de aves congeladas é a principal explicação para o recuo de março (-0,7%)”, ressalta.
“A indústria alimentícia representa mais de 40% da indústria goiana. Quando tem queda em três segmentos, pela importância, impacta o resultado. Esse desempenho, por outro lado, não é pode servir de termômetro para o desempenho da economia como um todo. Em março, o comércio veio na contramão, por exemplo”, afirma o presidente da Adiel.
Movimentação
O vice-presidente da Federação das Indústrias de Goiás (Fieg), Flávio Rassi, pontua que há fatores imediatos e de longo prazo que afetam os resultados. “Em março, foi a primeira vez que a seção de transformação registrou recuou este ano. Uma redução de 2,7% foi suficiente para reverter as altas alcançadas em janeiro (1,9%) e em fevereiro (1,1%) de 2022”, afirma.
Rassi explica que se para o etanol há moagem e fatores climáticos como influência, no farmoquímico, ocorre mudança no cenário pós-pandemia. “Tivemos a produção aumentada na pandemia e agora volta para um padrão anterior. Muitas indústrias estavam com produção em mais turnos para que fosse capaz de atender a demanda do período”, ressalta o vice-presidente.
Ele pontua que a atividade industrial goiana também ficou aquecida para atender outros Estados, o que derruba também o desempenho a nível nacional. No Brasil, de 15 unidades da federação pesquisadas, Goiás faz parte dos seis que tiveram redução na produção. “Por outro lado, tivemos recuperação na indústria automotiva, que sofreu na pandemia”, pondera sobre o crescimento de 27,1% em março”, explica.
Por outro lado, para um melhor desempenho, Rassi defende atenção à política de industrialização para atrair e manter empresas no Estado para conseguir compensar impactos que podem deixar de ser momentâneos, como aumento de custos.
Produção no setor de transformação cai 0,2%
A produção física da Indústria de Transformação de Goiás registrou queda de 0,2% em maio de 2022 em comparação com abril. No mês, Goiás ficou entre os seis piores resultados do país. Porém, sua marca foi a menos ruim. O pior resultado adveio de Santa Catariana, queda de 3,8%, seguida de Pará, queda de 3,3%.
No ano, Goiás acumula resultado positivo. Crescimento de 0,5%. Percentual acima da média nacional que está, nesta mesma base de comparação, em -4,5%. Ranqueando os resultados do ano em comparação a igual período do ano passado, Goiás ocupa a 5ª posição empatada com Amazonas.
Em que pese o resultado positivo no ano, percebe-se que a produção goiana vem apresentando decréscimo ao longo dos meses. Quando se compara o resultado deste mês com igual mês do ano passado vê-se uma queda de 1,9% e ainda, no acumulado dos doze últimos meses temos uma retração de 2,9%.
Dentre os setores pesquisados pelo IBGE em Goiás constata-se que o segmento de alimentos, biocombustíveis e produtos farmoquímicos e farmacêuticos está com os piores resultados no acumulado nos últimos 12 meses. Queda de 2,60%, 1,71% e 1,67%, respectivamente.
Os principais fatores que estão influenciando estes resultados consistem na elevação do custo de produção e fornecimento de matéria prima, em especial pela logística marítima internacional. Internamente temos uma inflação em elevação e sem controle aparente. Fato este que diminuiu a capacidade de compra do brasileiro e exige sacrifício do setor produtivo em não repassar a elevação dos custos de produção para o produto final, porém chega um momento que não se consegue repassar para os preços de seus produtos tal elevação.
Um ponto bastante controverso na economia nacional é a elevação da taxa Selic – realizada pelo Banco Central – e as ações do governo federal em reduzir alíquotas de IPI para ampliar o consumo e ainda, isenções do II – imposto de importação, sobre a justificativa de estar havendo desabastecimento. São ações distintas e que deixam o mercado confuso e inseguro para investimentos relativos à ampliação da produção.