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segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Denúncia

“Tem que passar chapinha”: jovem denuncia ter sofrido racismo por parte de pastor evangélico de BH

Segundo Ana, que tem cabelos cacheados, o pastor com quem trabalhava teria dito durante uma gravação que ela precisaria “passar chapinha”.

Postado em 17 de maio de 2022 por Ícaro Gonçalves

A assistente de produção Ana Clara da Mota Santos, de 23 anos, acionou a Polícia Civil de Minas Gerais (PMMG) na última segunda-feira (16/5) para denunciar possíveis ataques racistas por parte de um pastor da Igreja Universal, em Belo Horizonte. Segundo Ana, que tem cabelos cacheados, o pastor com quem trabalhava teria dito durante uma gravação que ela precisaria “passar chapinha”.

De acordo com a denúncia, esse não foi o primeiro caso de racismo sofrido pela jovem no período em que presta serviços à Igreja. Em entrevista ao portal Uol, Ana disse que a prática era rotineira, mas que, desta vez, a ofensa chegou ao limite, ocorrendo na frente dos colegas.

“Ele sempre fez essas brincadeiras nos corredores, geralmente relacionadas a cabelo. Dizia sobre dread, insinuava que era cabelo de mendigo. Desta vez, quando fui fazer uma observação técnica sobre um brilho no rosto dele, ele partiu para este ataque falando sobre chapinha”, disse Ana.

No momento da fala ela começou a chorar e a equipe precisou parar o programa. Depois, ela diz que foi levada a uma sala, em uma espécie de reunião secreta para abafar o caso e ouviu que “se fosse à delegacia seria um problema grande”.

Denúncia

A assistente de produção foi apoiada pelo pai e advogado, Cláudio Anderson dos Santos. Ela conseguiu recuperar um arquivo de áudio que teria gravado a conversa e decidiu levá-lo à delegacia ontem, no mesmo dia em que sofreu a agressão verbal. O enquadramento em injúria racial ainda está sendo analisado pela polícia, que investiga o caso. A Universal se pronunciou por meio de nota.

Posicionamento

A igreja informou que apura internamente os fatos do caso e que o ocorrido “não reflete a cultura inclusiva e de total respeito a todos”. “Quem frequenta qualquer culto da Universal, em qualquer país do mundo, comprova que bispos, pastores e fiéis são de todas as origens, etnias e tons de pele, de todas as classes sociais”, diz o comunicado.

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