Carros novos e usados: saiba mais sobre o mercado de automóveis
Durante a pandemia o mercado automotor sofreu grande queda nas vendas, gerando uma mudança de consumo.
Nos últimos dois anos os preços de carros usados e novos aumentou, não só no Brasil, mas no mundo inteiro. Com a pandemia da Covid-19, a produção de insumos para a fabricação de carros novos, como os chips de silício, foi impactada, causando escassez de novos automotores no mercado, além da elevação nos valores dos mesmos. O que fez com que a demanda de automóveis seminovos aumentasse.
Agora, em 2022, a fabricação e distribuição de carros novos ainda está tentando retomar ao normal. em 2019 a procura de carros novos teve uma crescente de 8,7%, depois de cinco anos caindo, de acordo com Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrev).
No mesmo ano, carros usados subiram 2% na compra dos brasileiros, segundo a Federação das Revendedoras (Fenauto). Mas, com a alta dos combustíveis, a busca de automóveis novos caiu de 40,7, em 2021, para 34,2 mil, segundo pesquisa da plataforma digital AutoForce.
Garagens revendedoras não é algo do século 21, inclusive, em 1991 alguns carros usados valiam mais que novos. Um Fiat Uno Mille Eletronic usado, na época, era anunciado no jornal por R$7.630, enquanto um novo era anunciado na tabela por R$7.254. Apesar de na prática o 0km quase dobrar o valor.
Em Goiânia, existem mais de 150 lojas que revendem automóveis, sem contar trabalhadores autônomos que têm parceria com bancos e procuram seus clientes on-line.
Com isso, O Hoje traz relatos de trabalhadores da área que contam as dificuldades vivenciadas no ramo de vendas na pandemia e como as superaram. E, ainda, dados para ajudar a decisão na hora da compra de um carro.
Carros usados
Vanderlei Souza, de 56 anos, trabalha na área há 12 anos. O vendedor autônomo de Goiânia, atende geralmente homens de classe b e c, do interior de Goiás, apesar de trazer os carros até a capital para concerta-los. Em entrevista ao O Hoje, Vanderlei revelou que as vendas ainda podem subir mais este ano, mesmo que elas tenham abaixado em abril e março.
“Depois de dois anos na pandemia, os brasileiros não quiseram gastar mais dinheiro com carros. A minha opinião é que a população preferiu viajar, o que deu uma segurada”, relata o revendedor.
A valorização de carros pela tabela Fipe, no começo deste ano, pode ter sido um dos fatores para o aumento do Imposto Sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). O imposto teve um reajuste de 23,9%, bem acima da inflação oficial, que subiu junto ao dólar. A alíquota do imposto varia, para carros de passeio com até 100cv (cavalos) é de 3%.
“Começo de ano envolve muito impostos né, prestações… Então, prejudicou. Nossa taxa era de 19,25% e foi pra 25,2%, isso pesa muito. Mas o pessoal tá começando a se acostumar”, reafirma Vanderlei.
Por exemplo, um Honda Fit 1.5 LX 16V flex automático 2017/2018 usado está na faixa de R$67.900, enquanto um novo, do mesmo ano, chega a R$70.000. Segundo dados da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), ao longo de fevereiro deste ano a venda de seminovos, carros com até três anos de uso, apresentou aumento de 5,8% se comparado com janeiro. Todavia, de quatro a oito anos a elevação ficou em 0,2% frente a janeiro, 43,7% menor se comparado com o mesmo mês do ano anterior.
Dentre os modelos mais procurados, o primeiro é o Gol, com 7.025 unidades. Em seguida o Uno, com 5.253. Em terceiro, o Palio, representando 5.099 unidades.
Carros novos
O gerente de vendas da Fiat, localizada no bairro Cidade Jardim em Goiânia, Regis Silva Feitosa confirmou ao O Hoje que apesar das relações comerciais terem caído no mês de abril, para a concessionária, 2022 está sendo melhor do que o ano passado.
Entretanto, segundo o gerente, não existe mais carro barato. “Crédito hoje só pra quem tem nome, antigamente era muito fácil comprar caro novo. Agora, teve baixa no IPI (Imposto de Produto Interno), mas os preços subiram”, conta Regis.
O Imposto de produto Interno, citado por Feitosa, sofreu uma redução de 35% em abril deste ano, previamente o imposto era de 25%. O decreto com a medida foi publicado no Diário Oficial da União e não atinge somente automóveis, mas também, móveis, calçados e armas.
“No primeiro governo do Lula eu vendia de 400 a 800 carros por mês, era outro comércio, outro mundo, agora tudo está mais caro”, reforça.
Dívidas
Um dos carros mais populares entre os brasileiros, o Fiat Uno, em 2022 pode chegar a custar acerca de R$56.000, enquanto em 2015, custava entorno de R$36.000. A partir de tabelas de dados, como a tabela pife, é possível notar que o preço de automóveis novos não acompanha o poder aquisitivo da população, pelo contrário, quanto mais endividado o brasileiro fica mais os preços sobem.
Conforme a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), feita em março de 2022, o percentual de famílias com dívidas ou contas em atraso chegou ao maior patamar desde março de 2010, atingindo 27% do total de famílias; 0,6 ponto maior do que o percentual de janeiro.
Dados apresentados pela empresa B3, em dezembro de 2021, mostram que, ao todo, foram financiadas compras de 5,9 milhões de unidades novas ou usadas, no Brasil. Veículos novos tiveram queda de 1,4% nas compras a crédito. Por fim, foram 501 mil unidades vendidas com financiamento, sendo 343 mil de veículos usados, queda de 14,7% em relação a dezembro de 2020.