Varíola dos macacos pode ser transmitida pelo ar? Entenda os riscos e as formas de contágio
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Anvisa, emitiu uma nota solicitando medias de classificação “não farmacológicas”, ou seja, uso de máscaras, higienização das mãos, distanciamento social e entre outros.
Nesta terça-feira (24/5), a OMS, Organização Mundial da Saúde, anunciou que até o momento há 131 casos de varíola dos macacos. Esses registros são de fora do continente africano e existem 106 casos suspeitos desde do dia 7 de maio, quando houve o primeiro primeiro caso confirmado da doença. Diante a esse fator, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Anvisa, emitiu uma nota solicitando medidas de classificação “não farmacológicas”, ou seja, uso de máscaras, higienização das mãos, distanciamento social e entre outros. Mas afinal, a varíola dos macacos pode ser transmitida pelo ar?
Em teoria, sim, se a pessoa estiver próxima de alguém contaminado. A doença pode ser transmitida por meio de gotículas respiratórias, fluídos corporais ou uso de material contaminado, como por exemplo, alicates e roupas de cama. De animais para pessoas, é mais comum através de arranhões, mordidas ou ingestão de carne selvagem. Casos registrados neste ano, deixaram um alerta na transmissão sexual, mas a situação ainda está sobre análise.
Em entrevista ao jornal O Hoje, o médico infectologista Marcelo Daher explica que a doença é transmitida por um vírus. A primeira transmissão registrada ocorreu na Dinamarca, em um macaco. Apesar do nome relacionado aos macacos, os principais agentes são os roedores. “É uma doença que cursa com febre, mal estar e dor de cabeça. Depois começam a surgir algumas lesões, alguma vesículas no corpo. A gente ainda não tem clareza sobre os mecanismos reais de transmissão, mas sabemos que ocorre por contato com secções e com o conteúdo dessas lesões”, explicou Marcelo.
Ainda segundo Marcelo, a varíola dos macacos “preocupa pela rapidez com que os diagnosticos começam a aparecer. Nós já vemos casos em todos os continentes e isso chama atenção, o que é um fator de alerta”, completou o médico.
História
A varíola dos macacos é uma doença viral desde 1958, quando surtos de uma doença similar à varíola humana começaram aparecer em macacos que estavam nos laboratórios de pesquisa. É causada pelo vírus Monkeypox, apresentando duas cepa vindas da África Ocidental e a da Bacia do Congo, África Central. Apesar do nível de transmissão, essa doença pode ser considerada mais leve e menos letal comparada a varíola humana.
Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, CDC, os principais sintomas geralmente aparecem entre sete a a quatorze dias, sendo eles: febre, dores musculares, dores de cabeça, exaustão, aumento dos gânglios linfáticos e erupções na pele, que começam no rosto e espalham-se no restante do corpo. O tempo de cura da doença é de duas ou quatro semanas.
Quanto ao risco, cerca de uma em cada dez pessoas que contraem a doença, morrem. A taxa de mortalidade é maior em crianças, jovens e pessoas imunocomprometidas. Porém, existem maneiras de prevenção.
“A vacina antiga, que já utilizamos no passado contra a varíola, oferece proteção de até 80%. Então as pessoas que já se vacinaram até a década de 1970 teoricamente estão protegidas. Mas as pessoas mais jovens, da década de 80 para cá, não foram vacinadas contra varíola, então elas estão mais sujeitas a terem a doença. Uma saída seria, talvez, voltarmos a vacinar contra a varíola, ou usarmos uma nova vacina, mais moderna”, finalizou Marcelo Daher em entrevista ao O Hoje.
Conforme o veículo norte-americano de comunicação, BBC, uma vacina foi desenvolvida pela Bavarian Nordic e aprovada pela União Europeia, Estados Unidos e Canadá, sendo nomeadas como Imvanex, Jynneos e Imvamune. Elas dão uma prevenção tanto contra a varíola comum quanto da varíola dos macacos. Ainda não há previsão das novas vacinas chegarem ao Brasil.