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segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Risco de Acidente

Gameleira ficou em chamas por mais de 15h seguidas

A árvore incendiada estava próximo a um cercado de palete e a poucos centímetros de um botijão de gás de 200 kg

Postado em 31 de maio de 2022 por Sabrina Vilela

A imponente gameleira que há mais de 50 anos fazia moradia na rua 143 no setor Marista padeceu após sofrer com o fogo por mais de 15 horas seguidas. O incêndio criminoso começou no sábado e foi controlado, mas voltou na madrugada do mesmo dia e outras duas vezes ainda no domingo. Ela que viu Goiânia crescer e se transformar em uma das capitais mais arborizadas do país, também viu a cidade trocar o verde pelo cinza. 

Esquecida pela burocracia dos órgãos da prefeitura de Goiânia, a árvore foi atacada ininterruptamente por anos. Seu tronco largo conseguiu resistir às tentativas de assassinato por anelamento, incêndios e inúmeros galhos e pedaços do seu tronco retalhados antes de finalmente ser cortada para sempre.

O primeiro incêndio, ainda no final da tarde do último sábado, chegou a ser controlado. Mas voltou no domingo devido ao rescaldo, provando que dificilmente foi acidental. Em março, O Hoje mostrou que a agonizava após incêndio e o corte da maior parte da sua copa de forma legalizada.

João Paulo e outros comerciantes usam uma mangueira convencional para evitar tragédia maior em incêndio | Foto: Pedro Pinheiro

Fogo poderia ter atingido botijão de 200 kg

Comerciantes  da região se mobilizaram para que a tragédia não fosse maior já que a gameleira incendiada estava próximo a um cercado de palete e a poucos centímetros de um botijão de gás de 200kg pertencente a uma hamburgueria. Segundo o comerciante João Paulo Emmanuel uma mangueira simples serviu de apoio até a chegada do Corpo de Bombeiros. De acordo com ele, “essa mangueira fuleira” que conseguiu evitar uma possível explosão caso as chamas chegassem mais próximas do botijão. 

“Demorou mais ou menos meia hora até o corpo de bombeiros chegar. Eu e outros comerciantes fomos jogando água para amenizar o fogo com essa mangueira”, conta apontando para uma mangueira comum na cor verde. 

As faíscas do incêndio fizeram pequenos buracos na lona no estabelecimento de palete bem ao lado da gameleira e também em um telhado com detalhes de palha de outro estabelecimento. Mas, tanto outros comerciantes como o Corpo de Bombeiros conseguiram impedir o pior.

“Foram cerca de 26 litros de água que o Corpo de Bombeiros usou para conter as chamas no primeiro dia. No segundo foram mais de cinco mil litros e eles dizem que é para eu ficar de olho que nesse tipo de árvore o fogo pode voltar”, conta o comerciante João Paulo. 

“Foram mais de 15 horas de fogo”, relembra outra comerciante que é vizinha da gameleira, Ana Carla Lanças. De acordo com eles, antes do incêndio a gameleira servia até como abrigo para moradores de rua. Eles ainda não conseguem entender como o incêndio pode ter começado. “Pode ter sido uma bituca de cigarro, ou alguém que simplesmente quis acabar com essa árvore aqui”, conta João.

Desde que o incêndio aconteceu algumas pessoas fazem críticas a comerciantes locais para culpá-los pelo que aconteceu. “A gente está entendendo porque as pessoas estão nos culpando”, questiona Ana Carla. “Uma mulher parou o carro aqui e disse que a gente tinha ateado fogo na árvore”, relembra João. 

Gameleira possuem uma resina altamente inflamável

O Superintendente de Gestão Ambiental da Agência Municipal do Meio Ambiente (AMMA), Ormando Pires, conta que não houve outros incêndios de gameleiras em Goiânia neste ano, mas o contato delas com o fogo é muito perigoso. “Todos os anos, principalmente no período frio, alguns casos são registrados. A gameleira possui uma resina que é altamente inflamável”.

Segundo o especialista, incêndios como esse são delicados porque não se sabe até que ponto pode ser considerado um crime ambiental ou não. “Nao há como precisar, a menos que se procedam investigações que são realizadas por autoridade policial. Porém, presume-se que alguns casos podem ter relação com ações de moradores em situação de rua que  buscam abrigo e acendem fogueiras para se aquecerem”, relata Pires.

Ao final da tarde de ontem (30) a Comurg iniciou o corte da gameleira. Segundo a assessoria, o serviço é preventivo com autorização da Amma.  A reportagem entrou em contato com o Corpo de Bombeiros para saber mais detalhes da ocorrência e se o caso passará por investigação, mas não obteve resposta. 

Essa não é o primeiro incêndio nesta gameleira 

Em novembro do ano passado, segundo testemunhas, a árvore passou por cortes e também foi envenenada.O jornal O Hoje publicou, em outubro de 2021, que a prática de anelamento, envenenamento e incêndio de árvores se tornaram o modus operandi de comerciantes, moradores e até de construtoras. 

Em 2020  a mesma gameleira pegou fogo duas vezes. Na época, foi realizada uma operação com o Corpo de Bombeiros e a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) para trabalhar na poda dos galhos com o objetivo de ajudar na regeneração da árvore e evitar que ela fosse retirada do local. (Especial para O Hoje)

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