Introdução alimentar de bebês: pediatra goiana explica sobre riscos da alimentação antes do 6º mês de vida
Há algumas semanas, uma publicação sobre um bebê de dois meses que faleceu após ingerir caldo de feijão com angu viralizou no Twitter. A declaração desencadeou uma série de comentários e perguntas a respeito da introdução alimentar de bebês.
Há algumas semanas, uma publicação sobre um bebê de dois meses que faleceu após ingerir caldo de feijão com angu viralizou no Twitter. A declaração desencadeou uma série de comentários e perguntas a respeito da introdução alimentar de bebês.
“Cara, um bebê de 2 meses morreu pq a mãe dava caldinho de feijão com angu e necrosou o intestino (nem cirurgia adiantou), a “pediatra” mandando mãe tirar o peito e dar ninho + mucilon para bebê de 1m (1 mês) para engordar, vcs não têm noção como é um hospital infantil por conta de vários casos”, relata o tweet.
O Hoje conversou com a pediatra Christyanne Freitas, para esclarecer algumas dúvidas das mães em relação à alimentação precoce em bebês.
Riscos
No Brasil, cerca de 45,7% (menos da metade) dos bebês menores de seis meses se alimentam exclusivamente de leite materno, segundo pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS). De acordo com a pediatra Christyanne, ao parar a amamentação antes do 6º mês a crianças pode ficar exposta a doenças.
Estudos do Ministério da Saúde mostram que o aleitamento materno reduz em 13% a mortalidade até os cinco anos. Além de evitar problemas de saúde como: diarreia, infecções respiratórias, alergias, diabetes, colesterol alto, hipertensão e reduz a chance de obesidade. “Até os 6 meses ele é suficiente. Nada mais é necessário, além de vitamina D e ferro suplementares”, complementa a Dra.
O intestino do recém nascido, antes dos seis meses, ainda não está completamente desenvolvido para receber comidas sólidas. Apresentar estes alimentos à criança pode desencadear um quadro de anemia e sobrecarga da função renal do bebê.
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Quando introduzir a comida?
Para a pediatra, não há porque ter pressa na hora da introdução alimentar. “O correto é aguardar 6 meses de vida e sinais de prontidão, como sentar com mínimo apoio, demonstrar interesse, redução do reflexo de protrusão de língua”, garante a médica.
“O alimento deve ser introduzido da maneira mais natural possível. Ele pode ser introduzido amassado, da maneira tradicional, ou em pedaços com cortes corretos, no método que chamamos de BLW (Baby Led Weaning)”, reforça.
O método do Desmame Conduzido Pelo Bebê, em tradução livre, consiste em encorajar o bebê a pegar os alimentos, na sua consistência natural, e levá-los até a boca sem a ajuda dos pais. A criança fica em controle de quando e quanto quer comer em cada refeição.
Os defensores do BLW alegam que a tática traz benefícios como: maior autonomia, maior variedade de alimentos, menor risco de futura obesidade e formação de um hábito alimentar mais saudável. A doutora explica que os pais devem introduzir inicialmente alimentos salgados.
“O ideal é que se introduza primeiro os alimentos do almoço (carboidratos, proteínas, leguminosas, verduras e legumes) e, posteriormente, as frutas, uma vez que o paladar do ser humano já é mais tendencioso para o doce. Assim, evitamos que a criança recuse os alimentos”, disse ao O Hoje.
“Após os seis meses, a alimentação complementar já se faz necessária. Mas ele [leite materno] nunca para de fornecer anticorpos e nutrientes”, conclui.
Até quando amamentar?
Diversas famílias acreditam que outros tipos de leite, como o leite Ninho ou Nan, conseguem substituir o leite materno e assim, muitas mães desmamam os filhos de forma precoce. O correto, segundo a OMS é retirar o peito após os dois anos de idade. “O preconizado pela OMS é de no mínimo 2 anos de aleitamento materno”, reforça.
“A criança ao ser desmamada perde a imunização contra doenças que a mãe passa para ela, além do risco de apresentar APLV (alergia à proteína do leite), e de não ser alimentada corretamente. O correto é aguardar 6 meses de vida”, diz a médica.
Caso a mãe não consiga produzir leite até o final do 6º mês, a mulher deve se consultar com um pediatra. “Nesse caso a mãe deve ver com seu pediatra qual a melhor fórmula para ele [o bebê]. Nunca introduzir alimentos precocemente”, afirma Christyanne.
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