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sábado, 23 de novembro de 2024
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LGBTQIA+

‘Somos capazes de tudo’, diz tatuadora trans que fez tratamento hormonal para amamentar bebê

A tatuadora passou pelo mesmo procedimento de mulheres que por algum motivo especifico não conseguem produzir leite para amamentar seus bebês.

Postado em 10 de junho de 2022 por Victória Vieira

A tatuadora digital Erika Fernandes, de 28 anos, relatou sobre como é o processo de amamentação e maternidade sendo uma mulher trans. Recentemente, ela e seu parceiro,  Roberto Bete, ex- participante do reality show da Netflix, “O Crush perfeito”, se tornaram pais do Noah.

“Quando a gente planejou essa gestação, fiquei muito preocupada com a alimentação dele. Fui pesquisar e descobri ser possível mulheres trans amamentarem. Tanto que no início da minha transição eu me entupi de hormônio, sem acompanhamento, e acabei produzindo leite”, comentou Erika em uma entrevista ao site Universa – UOL.

Bete, um homem trans, carregou o bebê por nove meses e como o processo da transição de gênero fez com que ele retirasse as mamas, Erika teve que passar pela indução da lactação quando seu parceiro estava no quarto mês de gravidez.

A tatuadora passou pelo mesmo procedimento de mulheres que por algum motivo especifico não conseguem produzir leite para amamentar seus bebês. Ana Thais Vargas, ginecologista e obstetra, ajudou o casal nesse processo e já havia atendido outras mulheres trans.

“Existe um remédio para o estômago que tem, como efeito colateral, o aumento da produção de prolactina. E junto com a estimulação da mama com a bomba de sucção vamos adaptando o processo de acordo com a pessoa”, explica a profissional. Ela ainda acrescenta que a ideia repassada por muitas pessoas sobre o leite ser uma bomba de hormônio é errônea. “Não estamos colocando hormônio para que ela produza leite. Estamos estimulando o próprio corpo a produzir o seu próprio leite”, argumentou.

A diferença entre o leite de quem engravida e quem não consegue gestar, está no colostro, ou seja, primeiro leite que é produzido quando se começa a amamentar, altamente concentrado, repleto de proteínas e rico em nutrientes. Ele sai nos primeiros cinco dias após o parto. Entretanto, depois desse período, o leite maduro, que também contém proteínas, é caracterizado por ser o mesmo nas duas situações. Por isso, a falta de colostro não prejudica o desenvolvimento da criança.

Apesar do estimulo, ainda há uma possibilidade de não conseguir produzir o leite, mas neste caso, é feito o processo de translação (uma sonda é colocada ao lado do bico do peito, e com uma seringa ela conduz o leite de fórmula ou doado, até a boca da criança).

Erika conta que vem sofrido diversos ataques nas redes sociais, porém, não se abala pois realizou o seu maior sonho: ser mãe. “Esse tratamento foi inventado para mulheres cisgênero, que não produzem o leite ou que adotam. Agora que é feito por mulheres trans a sociedade quer restringir?”, questionou. “A gente é capaz de todas as coisas que uma pessoa cis”, observa Erika sobre o processo de amamentação e maternidade.

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