Empresas firmam parceria para produção de etanol a base de trigo
A cadeia produtiva do trigo, que atualmente vive um momento de valorização histórica no Brasil, ganha mais uma importante oportunidade, com a oferta de trigos exclusivos para produção de etanol.
A cadeia produtiva do trigo, que atualmente vive um momento de valorização histórica no Brasil, ganha mais uma importante oportunidade, com a oferta de trigos exclusivos para produção de etanol.
Uma empresa especialista em melhoramento genético de trigo na América Latina, será a responsável por fornecer as primeiras cultivares (novas variedades de plantas de diferentes espécies e gêneros vegetais destinada à produção agrícola) para o novo mercado. Juntamente com uma empresa produtora de biodiesel, irão viabilizar a construção da primeira usina do país para produção de etanol e farelos a partir do processamento de trigo, bem como de outros cereais de inverno.
Desenvolvidas após sete anos de pesquisas, a genética do trigo é ideal para a produção do biocombustível por possuir elevados níveis de amido e alta produtividade. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (20) no Palácio Piratini, em Porto Alegre/RS, durante a cerimônia de assinatura do Protocolo de Intenções entre o governo do Estado do Rio Grande do Sul e a duas indústrias.
Parceria
Para o diretor da empresa de biocombustíveis, André Cunha Rosa, a parceria é um importante marco para a cultura do trigo e para o agronegócio brasileiro. Além disso, é um relevante avanço em sustentabilidade na cultura e no setor. “Estamos abrindo mais um importante mercado para o trigo na região Sul do Brasil por meio deste trabalho conjunto”, afirmou.
Conforme André, as cultivares de trigo são resultado de pesquisas desenvolvidas desde 2015 dentro do programa de melhoramento genético, que visa características importantes para a produção de etanol, como também para produção de DDG (sigla em inglês para grãos secos de destilaria), importante aliado da alimentação animal.
“Para a produção de etanol é essencial que as cultivares se destaquem pelo elevado PH, bons níveis de amido e alta produtividade. Já para a produção do DDG, coproduto do etanol, agregamos aos materiais uma melhor resistência genética à giberela (fungo) em comparação a outras cultivares e, especialmente, a outros cereais de inverno”, complementa.
Esse nível de resistência é importante para facilitar a utilização do DDG na alimentação animal. “O foco das nossas pesquisas foi desenvolver cultivares que atendam ao mercado, com maior qualidade e liquidez tanto para a produção de etanol, como para ração animal”, complementou André.
O presidente da indústria de biocombustíveis, Erasmo Carlos Battistella, destacou que o novo mercado para o trigo vai ampliar as oportunidades para a cultura, proporcionando importantes ganhos para o agricultor.
“A iniciativa vai representar um incremento na oferta de farelo para as cadeias produtivas de proteínas animais, além de promover investimento em desenvolvimento de tecnologia genética para produção de trigo específico para produção de etanol e de ser uma oportunidade viável de renda para o agricultor com o cultivo de cereais de inverno”, destacou.
As duas cultivares de trigo que serão desenvolvidas passarão pelo processo de multiplicação no próximo ano e chegarão ao produtor em 2024. Ainda neste ano, porém, diversas vitrines técnicas exibirão essas cultivares a campo. Além do trigo, outros cereais serão utilizados como matéria prima para a produção de etanol e farelo.
A usina
O documento assinado com o governo do Estado, estabelece ações articuladas para viabilizar o investimento de R$ 316 milhões na implantação de uma usina produtora de etanol e farelos a partir do processamento de cereais (trigo, milho, triticale, arroz, sorgo, dentre outros) na cidade de Passo Fundo, na BR 285, Km 316.
Os primeiros investimentos serão realizados no segundo trimestre de 2023, com previsão de início das operações no segundo semestre de 2024. A usina irá operar em duas fases. A primeira, já em 2024, deverá processar 750 toneladas de cereais por dia. A segunda, em 2027, prevê o processamento de 1,5 mil toneladas diárias. Essa unidade será flexível para a produção de etanol anidro, que pode ser adicionado na gasolina, ou hidratado, usado para consumo direto. Na primeira fase, a usina terá capacidade de 111 milhões de litros/ano, dobrando a produção para 222 milhões de litros/ano quando estiver totalmente finalizada.
“O Rio Grande do Sul é um estado importador de etanol e nós, que estamos na cadeia produtiva, com esse investimento, vamos ampliar nossa capacidade de produção de biocombustíveis aqui na Região Sul, aderindo ao Pró-Etanol”, afirmou Erasmo.
O empreendimento deve representar um incremento de R$ 1,3 bilhão em faturamento anual para a fabricante de biocombustíveis, que deve gerar 143 novos empregos diretos e aproximadamente 1 mil indiretos.
Nos próximos dias, também será assinado um Protocolo de Intenções com a Prefeitura de Passo Fundo. “O Rio Grande do Sul tem um imenso potencial para a produção de etanol. Atualmente, o Estado produz menos de 1% da sua demanda interna, que chega a mais de um bilhão de litros por ano.
Cadeira produtiva do trigo
O Brasil caminha para a conclusão da safra de grãos 2021/2022 e a expectativa é de um novo recorde, tanto nas estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) quanto do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No caso da Conab, o 9º Levantamento da Safra de Grãos, divulgado nesta quarta-feira (08/06), aponta para uma produção estimada em 271,3 milhões de toneladas. O volume representa um aumento de 6,2% sobre a temporada anterior, o que significa cerca de 15,8 milhões de toneladas.