Famosos com vitiligo abrem caminhos para discutir sobre doença e ressaltar importância do diagnóstico
Winnie Harlow foi a primeira modelo com vitiligo a desfilar para Victoria’s Secret, quebrando tabus e padrões da indústria da moda
Natália, do ‘BBB22’, Michael Jackson, Sophia Alckmin, Luiza Brunet, Gian, da dupla com Giovani, Igor Angelkorte, Thomas Lennon, Steve Martin, Jon Hamm e Winnie Harlow são alguns dos famosos portadores de vitiligo, uma doença que causa a descoloração da pele. Por meio de suas histórias, eles desmistificaram o diagnóstico e quebram preconceitos. Com os famosos vindo a público, reforçam e incentivam outras pessoas com a doença a combaterem a discriminação e a desinformação acerca do problema.
Hoje, o vitiligo acomete mais de um milhão de pessoas no Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Isso demonstra que o tema tem que ser discutido para que haja entendimento sobre o que se trata e como se dá, já que o preconceito ronda a situação. Para além da condição social, médicos afirmam que são necessários um diagnóstico precoce e um acompanhamento com um especialista. E ainda alertam que tratamentos não médicos podem gerar reações adversas graves.
O vitiligo é uma doença caracterizada pela perda da coloração da pele. As lesões formam-se devido à diminuição ou ausência de melanócitos (as células responsáveis pela formação da melanina, pigmento que dá cor à pele) nos locais afetados. As causas da doença ainda não estão claramente estabelecidas, mas alterações ou traumas emocionais podem estar entre os fatores que desencadeiam ou agravam a doença. O caso mais famoso é o do Michael Jackson, que teve sua pele totalmente despigmentada, causando rumores.
Segundo a dermatologista Gislaine Sales, que atende em Goiânia, é importante fazer o acompanhamento com um especialista correto logo após identificar algum sinal. “Os sintomas vão ser a presença de manchas com redução de pigmentação ou mesmo ausência, com um branco bem marcado em alguns locais da pele e até pelos, podendo deixar fios em couro cabeludo, sobrancelhas ou cílios também com coloração branca”, revela a médica. Em alguns casos, os pacientes também relatam sentir sensibilidade e dor na área afetada.
Por ser uma doença que tem a genética como um dos seus fatores, a especialista acrescenta que não tem como evitar o aparecimento de sintomas quando se tem casos na família. “O que deve ser feito é observar e, se houver aparecimento de lesões suspeitas, procurar um médico dermatologista para que haja o início do tratamento e as orientações necessárias”. Embora não exista cura, Gislaine explica que existem vários tipos de tratamento com o intuito principal de controlar o aumento do tamanho ou quantidade de lesões.
A depender do quadro apresentado pelo paciente, o dermatologista indicará o melhor caminho a seguir, mas em geral, alguns passos são importantes. “O tratamento do vitiligo é individualizado, dependendo das características de cada paciente, com resultados variáveis. Mas o uso de filtro solar nos locais das lesões é fundamental para todos os casos, uma vez que no local não há o pigmento que ajuda na prevenção do aparecimento de lesões cancerígenas com a exposição à radiação ultravioleta ao longo dos anos”, explica a médica.
A dermatologista ainda traz um alerta sobre o que deve ser feito pelas pessoas que têm vitiligo. Ela orienta que deve-se ter muito cuidado com o tratamento, pois isso pode acarretar no aparecimento de reações adversas graves. “O não acompanhamento pode levar ao aumento do tamanho. É importante o tratamento correto e bastante cuidado com receitas milagrosas não médicas, que podem levar ao aparecimento de dermatite de contato, alergias, entre outras”, finaliza Gislaine Sales.
Para dar espaço para o tema, o Dia Mundial do Vitiligo, comemorado na última semana, 25 de junho, foi criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O objetivo de conscientizar, arrecadar fundos para pesquisa, apoio e educação, e combater o preconceito causado pelo problema tem caminhado com a ajuda de artistas que assumiram o diagnóstico. Pelo seu impacto na qualidade de vida e na autoestima do paciente, o Ministério da Saúde recomenda o acompanhamento psicológico.