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sábado, 23 de novembro de 2024
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Desprezo

Pátio do Centro de Zoonoses de Goiânia permanece abandonado

O local onde ficam os animais para adoção também precisa passar por reforma e segundo funcionários a prefeitura não manda recursos

Postado em 13 de julho de 2022 por Sabrina Vilela

O lugar chama a atenção de quem passa, mas não pela beleza, e sim pelo desprezo com o espaço e a falta de cuidado com os animais. Ao ver de fora pelas grades parece um lugar abandonado, contudo é apenas o Centro de Controle de Zoonoses de Goiânia (CCZ). O local tem a função de controlar doenças que podem ser transmitidas aos seres humanos pelos animais Além disso, abriga animais resgatados das ruas e que estão disponíveis para adoção. Atualmente o centro abriga quase 10 cães.

A reportagem passou pelo local e pode ver o descaso no pátio repleto sujeira, mato alto, lixo e várias ambulâncias abandonadas. Já a parte de dentro que abriga os animais carece de uma reforma.

Um funcionário do local afirma que eles não recebem ajuda para alimentar e dar remédios para os animais resgatados, se eles quiserem que eles sobrevivam precisam tirar dinheiro do próprio bolso e às vezes recebem doações. 

Leila Leite faz parte da Rede de Proteção Animal e denuncia o descaso com o centro que deveria servir de proteção aos animais e as pessoas. Ela junto com outras entidades fizeram uma denuncia em 2018 sobre a situação de maus tratos aos animais no CCZ, e segundo ela a diretora da época afirmou que os animais não recebiam atendimento médico veterinário, não faziam tratamento, apenas eutanásia. Leite afirma que este ano, a situação não é diferente.

“Os animais que vão para lá continuam sem tratamento pelo Poder Público, falta ração de qualidade, medicação, há um espaço enorme construído e área sem construir, que estão servindo para depósito de entulho e veículos velhos.Os animais que deveriam ser prioridade, são totalmente ignorados pelo Presidente do CCZ e pelo Presidente da AMMA.O presidente da AMMA [Agência Municipal do Meio Ambiente] administra milhões de dinheiro do Fundo Municipal do Meio Ambiente e se esquiva de realizar ações concretas em favor dos animais”, denuncia.

Para ela, a solução para amenizar a situação seria cadastrar os animais, com identificação por meio de chip; Vacinar, imunização múltipla; Castrações; local de acolhimento de animais em situação de vulnerabilidade e vítimas de maus tratos (adaptar o Espaço do CCZ).

O diretor em vigilância sanitária Murilo Mariano afirma que a reforma do local está prevista para os próximos 90 dias. Com relação a falta de medicação e alimentos para os animais Mariano informa que “toda alimentação e medicamento são licitados no processo dentro da prefeitura para a compra de alimentação e medicação, então tem esses estoques ainda do ano passado e um novo processo de compra que está tramitando”.

“Quando foi feito este processo do projeto deram primeiro um prazo de 60 dias para iniciar as obras, 30 dias se passaram e o projeto já foi aprovado para construção, mas ainda tem algumas etapas como a aprovação da vigilância sanitária, área dos órgãos competentes do conselho”, explica. 

No que se refere aos cuidados com os animais, o diretor afirma que a reestruturação será de ajuda para modernizar o centro e trazer mais conforto aos animais. “O canil tem uma configuração antiga de construção, o departamento foi construído em 2006 e até hoje não houve uma adequação, nem uma reforma, então esse remodelamento será bastante significativo. A ideia é  individualizar todas baias e conter um solar em todas para o animal não ter que sair em um ambiente aberto e correr riscos e ele já tem ali um solar em sua própria baia”.

Centro de Bem Estar Animal não realiza nem exames

Outra denúncia é com relação ao Centro de Bem Estar Animal que começou a funcionar em 2020 com a finalidade de atender animais de forma gratuita, mas segundo ela, o espaço realiza apenas consulta e não tem como fazer nem sequer realização de exames. “Deveria equipar lá para funcionar de imediato, fazer castrações, prover ambulatório com exames e internação”, sugere.

O que deixa Leila Leite indignada é que o CCZ possui 22 médicos veterinários que são divididos em duas gerências, uma delas é a gerência de controle populacional, deveriam estar identificando (com chip) os animais e castrando, não fazem nada disso. Ela afirma que eles não possuem um controle dos animais e isso gera problemas porque eles “sequer são vacinados contra raiva”. “Não há censo dos animais da Capital do Estado”, conforme afirma a voluntária da rede.

Outra sugestão que a responsável pela rede têm para que os animais sejam melhor acolhidos é o CCZ fazer uma parceria com universidades de Goiânia para que estas pudessem fornecer corpo clínico para centro veterinário, ambulatório e castrações, “em contrapartida o Município fornecerá os insumos e local (adaptações do local poderiam ser feitas pela própria faculdade para atender as normas legais sanitárias)”. Ela conta que já tentou falar diversas vezes com a Amma, mas nunca foram claros com ela com relação às mudanças. 

“O local poderia ser o  Centro de Bem Estar Animal (inaugurado como hospital público veterinário sem fazer sequer um hemograma, lá não faz nenhum tipo de exame). Pedimos informações para que pudesse reformar o local, para que os animais pudessem ter o mínimo de dignidade, e a direção do CCZ se negou a responder de forma clara o que seria preciso”, afirmou.

Mais de uma década de luta  

A vereadora Luciula do Recanto acompanho a situação do CCJ antes mesmo de se tornar vereadora, mas ela afirma que desde que assumiu o pleito “sempre bateu de frente” com o intuito “a transformação do ambiente que infelizmente é péssimo”, ela também afirma que se sente incomodada com os carros que ficavam ali no local desde 2014.

A vereadora afirma que as denúncias já vêm se desenrolando há mais de uma década e que o mais difícil é lidar com a insalubridade do local. “Não tem um abrigo público e infelizmente eles acabam fazendo esse papel que na verdade não é deles, mas o local é péssimo, não tem uma infraestrutura, não tem uma adequação para receber e manter os animais. Então quem faz realmente são os próprios servidores que castram e vacinam esses animais”. 

Sobre os carros que estão nos pátios, a parlamentar explica que é contraditório o CCZ ter um local que pode trazer mais doenças para a população. “Onde se trata zoonoses que é a doença humana transmitida pelos animais se combate por exemplo a epidemia da dengue como é que serve de exemplo um lugar insalubre daquele que acarreta vários carros entulhados em cima do outro”, conta indignada. 

Luciula conta que esta semana ainda participará do projeto para ver a fundo como será a reestruturação e adequação tanto para o abrigo dos animais e que ela acredita que terá uma reforma da sala de cirurgia para que eles possam voltar a fazer a da castração dos animais recolhidos pela prefeitura.

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