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terça-feira, 10 de dezembro de 2024
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Vulnerabilidade

Merenda escolar faz falta no período de férias de crianças carentes

Muitos alunos da rede municipal de ensino dependem completamente da refeição

Postado em 27 de julho de 2022 por Sabrina Vilela

O retorno das aulas nas redes municipais e estadual estão sendo aguardadas por alunos e famílias em situação de vulnerabilidade. Isso acontece porque essas crianças dependem da merenda escolar fornecida pelas instituições e, em casa e sem aulas, a alimentação é um desafio. Dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV) apontam que Goiás é o quinto estado com mais crescimento de pessoas na linha de pobreza – no período de novembro de 2019 a janeiro de 2021. Segundo a FGV, a cada 100 goianos, 24 vivem com até R$450 mensais.

Rose Carioca, 56, é voluntária da Central Única das Favelas (Cufa) e moradora da comunidade Emanuelle, no Novo Mundo II. No local moram mais de 500 famílias que convivem com a dificuldade de se alimentar diariamente. Na ocupação moram 322 crianças, que antes comiam na escola e agora conseguem alimento somente na cozinha solitária da Carioca. “Por causa das férias escolares os pedidos de almoço dobraram. Fica complicado porque dependo de doações. Ou falta comida ou o gás”, relata a voluntária.

Carioca conta que se as escolas dessem auxílio pelo menos para as crianças, ficaria mais fácil lidar com a situação. Contudo, a comunidade se alimenta com pratos preparados pela Rose. Ela distribui além do almoço, leite e lanche pensado principalmente nas crianças. “Eu abri uma campanha no instagram essa semana para conseguir biscoitos a fim de complementar a alimentação do café da manhã e lanche das crianças, mas ainda não recebi nada”, expressa.

Na última campanha realizada em suas redes sociais ela conseguiu a doação de vários achocolatados. Ela distribui em média 150 marmitas diariamente, bem completas, mas já chegou a entregar mais de 300. “Preciso de doações para conseguir manter a cozinha solidária”.

Ajuda

Para ajudar Rose Carioca a manter a cozinha comunitária e alimentar mais de 500 famílias da comunidade Emanuelle pode fazer doações de alimentos, roupas e dinheiro. As doações podem ser feitas pessoalmente ou fazer um pix de qualquer valor na chave telefone: 62 9 94473115.

Apelo

Dayana Gabriela Malaquias, 30, mora na comunidade com os seis filhos – com idades entre 7 meses a 13 anos – e o marido. Dayana conta que só consegue se alimentar bem com a família graças à Carioca. “A renda fixa que temos é o auxílio de R$400 que recebemos do governo, e de vez em quando meu marido consegue fazer alguns bicos”, explica.

O marido de Dayana conseguiu um emprego provisório como servente de pedreiro, mas só vai durar até acabar a obra – com duração de uns dois meses. Malaquias recebe também o valor de R$250 do benefício Mães de Goiás. As aulas de cinco dos seis filhos que ela tem vão começar na próxima segunda-feira e o sentimento é de alívio, visto que lá eles têm direito a duas refeições. “Esse mês foi bem apertado. Como eles estão em fase de crescimento comem muito, mas não tem a quantidade que eles precisam para dar”.

Os filhos de Dayana quando estão em casa não conseguem fazer todas as refeições. A comida que é difícil faltar é o almoço – fornecido pela cozinha solidária -, as outras como café da manhã, lanche e janta não é sempre que eles conseguem fazer. Ela também adquire doações de algumas pessoas cientes da situação vivenciada pela família.

Dayana, o marido e os filhos têm dificuldade de comprar comida, mas quando compra é apenas o básico e procura se desdobrar para que dure o mês inteiro. “Está tudo muito caro. Quando eu compro é só arroz, feijão, carne e verduras. Aí para durar eu faço ou a verdura ou a carne. Nunca os dois juntos”.

Lanche só durante as aulas

A reportagem entrou em contato com a prefeitura de Goiânia para saber quais medidas são tomadas pensando nessas crianças. A assessoria da Secretaria Municipal de Educação de Goiânia (SME) afirmou que nunca houve entrega de merendas durante o período de férias em instituições da rede. A pasta afirma ainda que a merenda fornecida é somente para o período de aula e que os recursos são destinados pelo Governo Federal e não pela Capital.

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