Números de Covid-19 caem, mas autoridades alertam para varíola dos macacos
Infectologista avalia que autonomia para estados decidirem como tratar a nova doença é cometer o mesmo erro que durante a pandemia
Apesar de a pandemia da Covid-19 ter perdido forças devido a vacinação, ainda não se pode dizer que acabou, uma vez que ainda existem pessoas com ciclo vacinal incompleto e mortes pela doença diariamente. Além disso, outra doença vem chamando a atenção da Organização Mundial da Saúde (OMS), a varíola dos macacos, causada pelo vírus monkeypox.
Em relação a Covid-19, segundo o boletim da Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO), o estado já registrou 1.606.887 casos da doença desde o início da pandemia, sendo que destes foram ocasionados 27.179 óbitos. O boletim informa também que o território goiano segue com 878.215 casos e 220 óbitos suspeitos em investigação.
Já no que se refere a varíola do macaco, o informe MonkeyPox, também da SES-GO, traz que existem 12 casos confirmados pelo vírus, sendo nove em Goiânia, dois em Aparecida de Goiânia e um em Inhumas. Mesmo com uma quantidade menor de casos, a monkeypox tem feito com que a OMS alerta a população.
O infectologista Marcelo Daher afirmou que medidas devem ser tomadas para controlar a doença, como por exemplo conseguir vacinas para a população, levando em conta que talvez não seja possível conseguir uma quantidade alta dos imunizantes. De acordo com Daher, talvez seja necessário conseguir vacinas para grupos específicos, uma vez que estão mais expostos.
“Primeiro deve-se deixar claro que existe um grupo que está mais exposto, que seriam os homossexuais, bissexuais e pessoas que tem relações com outras pessoas. Então a questão não é só o fato de ser homossexual, é de exposição contínua com pessoas diferentes. Uma pessoa é heterossexual que também tem uma exposição continuada com múltiplos parceiros, corre risco também. Nesse caso, é a exposição continuada, a multiplicidade de parceiros que coloca a pessoa em maior risco, deixar isso claro é importante”, afirma.
Vacinação Covid-19
Em Goiás, o boletim Covid-19 da SES-GO informa que, no total, 5.813.650 goianos estão vacinados ao menos com a primeira dose. Entretanto, o retorno para doses de reforço não tem tido o resultado esperado.
Para a segunda dose, 5.223.002 goianos retornaram para receber a imunização e para a terceira dose o resultado é ainda menor, uma vez que apenas 2.543.542 pessoas se vacinaram. Segundo informações da SES-GO, dados disponibilizados no site oficial do Estado de Goiás, para a segunda dose, 710.570 pessoas não retornaram. Já para a terceira dose, a primeira dose de reforço, 2.551.499 pessoas não voltaram e para a quarta dose, a segunda de reforço, 948.154 pessoas.
A vacinação infantil, levando em consideração crianças de 5 a 11 anos, por sua vez, tem tido resultado, mas não suficiente. Dentre as crianças goianas, apenas 52,98% receberam a dose do imunizante contra o coronavírus.
Varíola do macaco
Apesar do alerta, ainda não há previsão para quando as primeiras doses do imunizante contra a doença, que consiste em um vírus transmitido aos seres humanos a partir de animais, com sintomas semelhantes aos observados em pacientes com varíola, devem chegar ao Brasil. Entretanto, o Ministério da Saúde afirma manter contato com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) para conseguir as doses.
Mas isso não significa que o Brasil esteja muito atrasado em relação ao restante do mundo. A imunização contra o monkeypox iniciou penas em partes da Europa e América do Norte. Além disso, o infectologista Marcelo Daher afirma que o Brasil é um dos países com uma quantidade razoável de casos da doença, apesar de ter um montante considerável de casos. “É importante que a gente pense em conseguir vacinas para trabalhar a situação o mais rápido possível para conter a doença”.Em relação ao controle independente por estados que está sendo feito no país, o infectologista avalia como o mesmo erro que aconteceu durante a pandemia da Covid-19. “A gente precisa ter um comando único e a posição do governo federal precisa ser firme e forte nesse momento. Precisa de um comando uniforme e não deixar cada um fazer o que quer ou pensar como quer, isso é ruim porque a gente tem muitos municípios, muitos estados que estão carentes ou têm carência de pessoas especializadas. A gente tem que ter uma uniformidade central da conduta, seja dizer o que fazer, solicitar a vacina ou conduzir os casos”, explica, ressaltando que não é o momento para uma briga política novamente.