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sábado, 16 de novembro de 2024
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Negócios

Inflação tem deixado gastos com pets em segundo plano

44% dos brasileiros das classes ABC com acesso à internet diminuíram custos com cuidados animais nos últimos seis meses

Postado em 2 de agosto de 2022 por Ícaro Gonçalves

A inflação crescente no País diminuiu o poder de compra dos brasileiros, afetando as compras nos mercados, o gasto com combustíveis e transporte e, até mesmo, as despesas com os animais de estimação. Isso foi o que apontou uma pesquisa C6 Bank/Ipec divulgada no final do mês de julho. Segundo o levantamento, 44% dos brasileiros das classes ABC com acesso à internet diminuíram os gastos com pets nos últimos seis meses por causa da alta de preços.

Brinquedos e guloseimas estão entre os itens mais afetados pela mudança de comportamento dos donos de animais de estimação – 29% dos entrevistados pararam de comprar sachês, biscoitinhos, petiscos ou guloseimas para os pets e 35% diminuíram a frequência de compra desses produtos. Segundo a pesquisa, 16% cortaram a quantidade comprada de ração e 48% trocaram o tipo da ração por outro mais barato.

Os momentos de lazer com os bichinhos também sofreram cortes. Quase um quarto dos entrevistados (26%) ouvidos na pesquisa parou de gastar dinheiro com passeadores ou treinadores e 46% deixaram de investir em brinquedos ou acessórios. Os animais também passaram a frequentar o pet shop com menor frequência – 56% dos tutores diminuíram gastos com banho e tosa ou pararam de usar o serviço.

Os cuidados com a saúde dos pets estão na lista de despesas cortadas. Segundo a pesquisa, 18% eliminaram o gasto com veterinário, 34% diminuíram o gasto com o especialista e 15% trocaram o profissional por outro mais em conta. Por outro lado, 16% não mudaram o perfil de gastos e 17% não costumam recorrer a veterinários para cuidar do pet.

A pesquisa mostra que 69% dos brasileiros das classes ABC com acesso à internet têm um animal de estimação em casa. A maior parte dos entrevistados que realizaram cortes (53%) gasta de R$ 101 a R$ 499 por mês com os bichinhos e 44% desembolsam menos de R$ 100. Para 1% dos que cortaram gastos, as despesas mensais com pet superam R$ 1 mil.

O Ipec ouviu 2 mil brasileiros com acesso à internet e mais de 16 anos em todas as regiões do País. As entrevistas foram feitas entre os dias 14 e 20 de julho de 2022. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

Mercado em crescimento

Apesar dos cortes de gastos com os pets em decorrência da inflação, o mercado brasileiro direcionado aos animais de estimação tem mantido bons resultados nos últimos anos. Levantamento do Instituto Pet Brasil divulgado em abril deste ano mostrou que o setor de produtos, serviços e comércio de pets registrou alta de 27% no faturamento de 2021 em comparação a 2020.

A movimentação total foi de aproximadamente R$ 51,7 bilhões. O crescimento foi puxado pelo segmento de pet food, que representou R$ 28 bilhões, ou cerca de 55% do total. Segundo o Instituto Pet Brasil, os ganhos também foram impulsionados pela venda de animais de estimação diretamente pelos criadores, que movimentou R$ 5,6 bilhões; produtos veterinários, com R$ 5,3 bilhões; serviços gerais, com R$ 4,8 bilhões; serviços veterinários, com R$ 4,7 bilhões; e produtos de higiene e bem-estar animal, com R$ 2,8 bilhões.

Para Nelo Marraccini, presidente do Conselho Consultivo do Instituto Pet Brasil, o mercado pet brasileiro consegue se manter relevante mesmo em meio à inflação e aos impactos da pandemia graças à forte ligação afetiva entre os brasileiros e seus animaizinhos.

“Os brasileiros têm uma relação muito próxima com seus pets e não deixam de cuidar deles, mesmo muitas vezes tendo de escolher produtos mais baratos. Os animais de estimação são parte da família. Conhecemos seus gostos e personalidades. Soma-se a isso o fato de que a cadeia de produção, abastecimento e venda de produtos para animais de estimação é ampla e capilarizada no País. E pôde permanecer aberta como setor essencial para os brasileiros durante os períodos mais críticos da Covid-19”, relatou.

O levantamento apontou ainda que pet shops pequenos e médios continuam a ser o principal canal de acesso aos produtos, representando praticamente metade de todas as vendas do setor (48%); seguidos por clínicas e hospitais veterinários (18%); agrolojas (9,8%); varejo alimentar (8,6%); pet shops de grande porte (8%); ecommerce (5,4%); e outros como clubes de serviço, lojas de conveniência, entre outros (2,1%).

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