5G chega em Goiânia com expectativa de melhoria da conexão
Tecnologia será ligada na capital no próximo dia 16
O sinal do 5G em Goiânia deve ser ativado nesta terça-feira (16/8) e terá, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), 10% da cobertura atual do 4G. Em outras cidades do Estado, a previsão é de que o sinal chegue em janeiro de 2023.
A exigência mínima da Anatel era de instalação de 57 estações pelas empresas telefônicas para que o sinal fosse ativado. As companhias, no entanto, conseguiram ampliar a meta e instalar 100.
“A avaliação que temos é muito boa. Já sabíamos que esse processo não seria tão rápido e teríamos desafios. Mas temos, agora, um aprendizado para tocar o restante do processo com mais tranquilidade”, disse o conselheiro da Anatel Moisés Queiroz Moreira.
Além da capital goiana, o sinal do 5G deve ser ligado em Curitiba e Salvador nessa semana. Outras 15 capitais tiveram o prazo de instalação previsto para setembro, mas foi prorrogado por mais 60 dias.
Adotada em alguns países, a tecnologia 5G é até 20 vezes mais rápida do que o 4G e seu alcance também é um fator determinante. Regiões remotas do País e grandes extensões de terra tendem a ser muito beneficiadas com a cobertura da nova tecnologia, que já funciona em Brasília e deve ser instalada em todas as capitais ainda neste ano.
Melhorias para o Agro
O agricultor Eduardo Ville Lieshout é proprietário de uma fazenda em Silvânia, há 85 quilômetros de Goiânia. Ele é produtor de milho e soja e acredita que o 5G ajudará muito com relação ao maquinário. “O 5G é uma espera muito grande para nós, do agro, para ver a melhora da qualidade da internet e a interligação entre máquina-central-escritório. Hoje, nem todo lugar pega internet e o sinal não é tão perfeito como precisamos”, detalha.
Lieshout aponta que a tecnologia no campo é “um caminho sem volta” e que ajuda a parar menos o serviço, conseguir controlar o plantio com menos mão de obra e mais eficiência. Ele afirma que investiu em maquinário, como colheitadeiras com mapeamento, câmeras, plantadeiras com zero amassamento – que realiza o plantio com desligamento automático das linhas no lugar que acontecerá o tráfego de pulverizadores e distribuidores -, tratores e pulverizadores com telemetria.
Cerca de 84% dos agricultores utilizam ao menos uma tecnologia digital como ferramenta de apoio à produção agrícola, de acordo com pesquisa realizada pela Embrapa com o apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
A pandemia não impactou, financeiramente, a agricultura de forma grave, apenas teve – e ainda tem – o atraso de alguns componentes, principalmente eletrônicos visto que eles são geralmente importados. E em locais que foram fortemente impactados pela pandemia como a China – e vem muito produto de lá -,influenciou muito na entrega dos equipamentos.
Tecnologia exige mais capacitação
O uso da tecnologia no campo no Brasil está aumentando, mas ainda é uma prática recente. Em 1980, por exemplo, a colheita da cana-de-açúcar era feita por trabalhadores braçais, os chamados “boias-frias”, que durou até a década de 1990. Uma pesquisa da Companhia Nacional de Abastecimento mostra que cerca de 92% da cana é cortada por máquinas.
Mudanças para o produtor
Manoel Velasco Padilha, gerente comercial, argumenta que as mudanças irão contribuir muito tanto para o agricultor, como também para o concessionário e os fabricantes. Ele explica que dessa forma eles poderão acompanhar de perto os equipamentos no campo, trabalho para saber a produtividade, consumo de combustíveis e horas trabalhadas. “Será uma forma de fazer o relatório mais detalhado e acertivo”.
O agronegócio tem passado por processo de modernização ao longo dos anos. Um destaque é com relação a produtividade. Segundo o especialista, a cada dia que passa chegam mais tecnologia nas próprias máquinas e isso faz com que tenha um aproveitamento maior já menos grãos são desperdiçados.
Essa modernidade tem sido muito decisiva para a manutenção do agricultor na terra. Também na parte de irrigação a tecnologia ajuda para que seja possível irrigar a própria terra para crescer verticalmente , e nessa mesma terra o trabalhador consegue produzir mais.
Agro não deve esperar pelo 5G
Ana Helena de Andrade, presidente da Conectar AGRO, explica que apesar de promissor para o agronegócio, a tecnologia não deve almejar mudanças significativas em curto período. Para ela, o 4G já é capaz de suprimir a demanda e conectar áreas equivalentes a 35 mil hectares com uma única torre. Sobretudo, para cobrir a mesma área com a tecnologia móvel de quinta geração, com a frequência de 3,5 GHz, seriam necessárias sete torres.
“Para uma área produtiva significa perda de espaço. Deixa-se de ter áreas contínuas de produtividade para se ter interrupções de infraestrutura”, diz. Andrade lembrou, no entanto, que a chegada do 5G vai viabilizar o 4G nas áreas rurais. “Pela primeira vez, o leilão de concessão de uso dessa frequência (5G) colocou como contrapartida que o campo seja conectado, mas com a 4G, em 700 MHz. Exatamente a frequência que a Conectar AGRO está trabalhando há três anos para que seja cada vez mais uma realidade para o agricultor”.
“Tenho muita preocupação de que qualquer investimento em 4G em 700 MHz não seja viabilizado rapidamente na expectativa de que, no futuro, teremos o 5G (no campo). Temos a história da introdução das telecomunicações e o 4G não chegou no campo. Esperar o 5G é um risco para a implementação da tecnologia digital, da Internet das Coisas e do ganho de produtividade e de competitividade”, completou.