Listada entre as melhores do mundo, UFG luta para se manter aberta
A universidade goiana está entre a mil melhores instituições de ensino superior do mundo
Segundo dados do Ranking Xangai, divulgados na última segunda-feira (15), a Universidade Federal de Goiás (UFG) está entre as mil melhores instituições de ensino superior do mundo. Foram analisadas 2500 universidades. Na lista estão 21 instituições de ensino brasileiras e a que lidera a lista nacional é a Universidade de São Paulo (USP) – também a melhor da América Latina. Na lista estão USP, Unicamp, UFMG, UFRJ, UFRGS, Unesp, UFPR, UFSCar, Unifesp, Universidade Federal de Viçosa, UFSC, UFF, UNB, UFC, UFPE, UFSM, UFPel, UFBA, UFG, UFRN e UFMS.
A lista é publicada todos os anos desde 2013 e dentre os critérios utilizados são levados em consideração a quantidade de prêmios Nobels e Fields entre graduados e professores das instituições e também o números de artigos publicados em periódicos bem-conceituados. Apesar do aspecto positivo, a reitora da UFG, Angelita Pereira de Lima destaca que não é uma conquista, mas uma continuidade visto que não é a primeira vez que a UFG está em evidência fora do país.
De acordo com a reitora, essa é uma forma de conseguir recursos para montar um laboratório, a fim de contratar uma equipe de algum tipo de serviço que fortaleça as pesquisas. Mas, conforme destacado por Angelita, isso não é suficiente visto que é necessário uma política de financiamento da educação pública brasileira de ensino superior. Ela detalha que houve cortes no teto e isso significa que as pesquisas fazem alta captação de recursos e a universidade não tem condições de manter os laboratórios devido aos cortes para manter os servidores.
“Precisamos interromper o teto de gastos, que é o responsável pela situação crítica que temos hoje, estamos em uma contradição. Estamos bem no ranking, com boa visualização internacional e ao mesmo tempo não temos dinheiro para pagar o pessoal da limpeza do laboratório. Não temos dinheiro para consertar telhado quando chove. Isso põe em risco a qualidade de equipamentos que custam milhões. Essa é a contradição que nós vivemos e temos que sair dessa contradição”.
Luta contra anticiência
Sobre a UFG estar mais uma vez em posição de notoriedade no ranking internacional, a reitora afirma que é uma verdadeira satisfação ter reconhecimento pelo trabalho de toda a equipe que se comprometeu. Ela afirma ainda que junto com a alegria vem o sentimento de grande responsabilidade e procura que o plano de gestão seja no sentido de ter indicadores e metas de avaliação. “ A pesquisa está estruturada em um tripé. Envolve ensino, pesquisa e extensão”.
Angelita destaca também que é necessário ter as metas conectadas com indicadores de avaliação para colocar a universidade em local de destaque. “Estando nesse lugar a gente atrai pessoas engajadas e cientistas comprometidos. Não apenas atrai, mas cria situações de permanência desses cientistas na UFG”.
No que se refere ao papel da universidade às políticas de anticiência muito comentadas ultimamente, a pandemia veio para mostrar o papel da ciência local por meio de vacinas e testes rápidos mais baratos. No ramo das ciências biológicas a universidade foi destaque, mas ela relembra que ciência se faz também no meio das ciências humanas.
Um exemplo nesse sentido, citado por ela, é o combate a desinformação na pandemia que visou sustentar o papel da sociologia, filosofia e comunicação e tudo é extremamente importante nos fez reverter essa situação.
UFG pode ser parceira de Universidade de medicina chinesa
No início da semana a UFG e a Universidade de Medicina Chinesa de Hebei (UMCH) se reuniram para discutir uma parceria entre elas. Angelita afirma que a discussão não é de agora, vem de gestões passadas, mas que o projeto já está na fase de implantação. A reunião foi mediada pelo diretor brasileiro do Instituto Confúcio de Medicina Chinesa da UFG, Francisco Quaresma de Figueiredo, e pela diretora da Faculdade de Educação Internacional da UMCH, Zhao Meishang.
“Nossa meta é intercambiar professores, na formação da língua e na formação da medicina. Lembrando que as práticas de medicina chinesa são integrativas no Brasil, então estão legalizadas e aceitas. Esperamos que essa seja uma vertente a mais para a universidade”.
A presidente da UMCH, Gao Weijuan, expressou a vontade de que a cerimônia de inauguração do Instituto Confúcio da UFG ocorra ainda no segundo semestre de 2022. A previsão anterior era para 2020 , mas devido às restrições por conta da pandemia de Covid-19 teve que ser cancelada e não teve a presença de professores chineses no Brasil.
“O Instituto Confúcio vai se concentrar no intercâmbio da cultura e no ensino da medicina chinesa, enquanto o Centro vai concentrar as pesquisas científicas e o treinamento de habilidades clínicas da medicina chinesa, além de serviços de assistência médica”, afirma o vice-presidente da UMCH, Zhang Mingli.
Com respeito a parceria com a UFG e a criação do Centro de Medicina Chinesa Hebei-Goiás ele ressaltou na reunião que a China é uma parceira estratégica para o Brasil, e que a equipe tem feito muitos negócios com o país. “ É nosso interesse que a UFG se torne um hub de estudos com os chineses”, ressaltou a secretária de Relações Internacionais da UFG, Laís Thomaz.
O vice-reitor Jesiel Carvalho comentou que a colaboração com a Universidade de Hebei é motivo de honra e muito relevante para a UFG: “Esperamos que essa colaboração dure para sempre, continue a crescer e a se expandir, esse é o nosso desejo, a nossa confiança e vamos nos empenhar nesse sentido”.
Veja: Startup goiana incubada no CEI UFG cria antiparasitário para pets