O comentário, nos bastidores da política goiana, é de que o presidente da Câmara Municipal de Goiânia, Romário Policarpo (Patriota), caminha em direção à base caiadista. O parlamentar, que até então teria se mostrado um aliado importante ao projeto de Gustavo Mendanha rumo ao Palácio Pedro Ludovico Teixeira se tornou alvo das investidas de lideranças próximas ao governador Ronaldo Caiado (UB). 

Segundo fontes consultadas pelo O HOJE, logo após a desistência de Henrique Alves (MDB) da disputa por uma cadeira à Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), alguns vereadores da Câmara se reuniram com a alta cúpula do governo. Uma lista com aproximadamente 15 nomes foi apresentada à equipe do governador que tem os olhos voltados ao passe de Policarpo e seus aliados.

As investidas em relação ao presidente e seu grupo começaram depois da sequência de desgastes entre Policarpo e o time mendanhista. Tudo teria começado com a indicação do nome de Policarpo à vice. O nome foi apontado por um grupo de vereadores, no início de agosto. Apesar de se portar como um aliado, o comentário é que Policarpo sempre se mostrou um grande crítico das estratégias adotadas pelo projeto mendanhista. 

Depois de uma série de conversas entre os articuladores e estrategistas do projeto mendanhista, por fim, o nome escolhido foi o de Heuler Cruvinel (Patriota) para a vice. Mais tarde, uma segunda possibilidade surgiu. Com Policarpo fora da vice, começou a ser ventilada a indicação do presidente para a suplência de João Campos (Republicanos). O resultado, porém, foi o mesmo. O nome escolhido, dessa vez, foi Joamar Rodrigues, liderança do Republicanos. 

Estaca zero

Depois de tantas especulações e desencontros em relação às opiniões que envolvem as estratégias de campanha de Gustavo Mendanha, Policarpo decidiu seguir com seu projeto inicial rumo à Cãmara dos Deputados, em Brasília. 

No último dia 16, porém, veio uma surpresa: Policarpo desistiu da disputa. Em nota, o vereador informou que voltou a se sentir mal durante a agenda de campanha e junto com seu grupo político e família resolveu se dedicar inteiramente à saúde. 

Uma semana antes, Policarpo chegou a ser internado após passar mal. Ele teve uma alteração na pressão arterial durante a agenda de atendimentos no Gabinete de Presidência.

Segundo o comunicado, o presidente da Câmara “voltou a precisar de atendimento médico após sentir-se mal durante agenda de campanha”, na tarde de terça. “O médico que deu o diagnóstico de ponte miocárdica recomendou ao candidato repouso obrigatório de pelo menos 15 dias como prevenção a agravamento do quadro de saúde.”

Ausente, agora, de seu projeto político, Policarpo tem sido enxergado como aliado fundamental para o projeto caiadista. O governador, que busca a vitória ainda no primeiro turno das eleições de 2022, enxerga na liderança a possibilidade de ampliar suas bases na capital. 

Policarpo, mesmo fora do cenário, segue como um nome estratégico e liderança forte entre os vereadores. O perfil de articulador discreto é o que mais chama atenção. 

Caso o abraço aos planos do governador aconteça, o difícil seria apenas contornar o discurso de meses atrás. Isso porque o presidente considerou, em maio, “estranho” o fato de diversas lideranças do próprio Patriota não apoiarem o projeto do candidato do próprio partido — leia-se Jânio Darrot, ex-prefeito de Trindade, e Marden Júnior, atual gestor do município.

“O respeito pelo governador Ronaldo Caiado continua. Mas o partido nos deu liberdade para apoiarmos quem desejássemos e acho que seria estranho não apoiar o nosso próprio candidato”, disse o presidente em entrevista ao O HOJE à época.