Pequenos produtores apostam em rapaduras com frutos do Cerrado
Programa tem expectativa de impulsionar em 7% os ganhos
Os pequenos produtores rurais estão apostando cada vez mais em produtos derivados da cana-de-açúcar, como por exemplo a rapadura com frutos do Cerrado, o melado e açúcar mascavo, para impulsionar a renda. Em Niquelândia, através do Programa ReDes, a Associação dos Produtos Rurais do Córrego Dantas (Acorda) espera impulsionar os ganhos com a nova produção e a expectativa é que, em 2022, o crescimento seja de 7%.
O Programa ReDes tem como objetivo contribuir com o desenvolvimento sustentável de municípios brasileiros e auxilia na estruturação de negócios inclusivos e na articulação de cadeias produtivas com metodologia que contempla a participação da comunidade em todas as etapas, beneficiando 2.500 famílias. O projeto é uma parceria entre o Instituto Votorantim e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com apoio da Companhia Brasileira de Alumínio (CBA).
Após o período de consultoria e investimento para construção de fábrica de doces, os associados avançaram na conquista de mercado já no segundo semestre de 2022. Segundo Wildes Gumber, presidente da Acorda, a associação não possuía foco e uma produção em conjunto, mas sim, várias ideias, descobrindo um objetivo em comum pela cana. “Não vendíamos nada, foi quando o ReDes teve início e trouxe a luz no fim do túnel. Iniciamos com berçário de cana e nosso projeto foi aprovado”, explica Gumber.
Além disso, a presidente da Acorda relata que, inicialmente, a produção de rapadura acontecia em ranchos, no quintal e que servia para subsistência. Buscando se diferenciar, o grupo de nove produtores participou de cursos e no campo percebeu que acrescentar baru, babaçu e frutos do Cerrado trazia um sabor singular para as rapaduras, sendo a fórmula do sucesso.
Apesar de inovar o mercado, a fábrica do projeto Doces Vidas não deixa de comercializar o comum, fornecendo para os clientes também a rapadura com mamão, a tradicional e com leite. Mas buscando serem únicos no mercado, implementaram novas receitas com mandioca, amendoim e frutas. O diferencial no sabor vem da combinação entre o extrativismo e a produção em pequenas áreas.
Outro diferencial é o formato do produto, em que os associados adotaram a chamada “rapadurinha”, uma versão menor para levar no bolso, e a rapadura de colher, que surgiu a partir de uma receita que parecia ter sido um fracasso, mas que surpreendeu, conforme diz a presidente. A opção cremosa também ganhou opções de sabores, como por exemplo canela, cravo e leite.
As embalagens do produto também não deixam a desejar, uma vez que a consultoria auxilia o grupo a profissionalizar o trabalho, seguir normas da Vigilância Sanitária e ter produção sustentável em ambiente correto e com orientações para boas práticas, auxiliando ainda nas estratégias de comercialização.
Ainda em 2022 as receitas irão ganhar volume de produção e encomendas. Os associados irão participar do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e, para isso, Gumber afirma que a expectativa é que o resultado financeiro seja de R$ 80 mil. Para o programa, serão levadas as rapadurinhas, os produtos de extrativismo (pequi e cagaita) e as farinhas de baru e jatobá.
A estimativa da Acorda é que os produtores consigam fabricar 8 mil rapadurinhas por mês, sendo que a capacidade de produção diária é aproximadamente 75 kg de rapadura e 50 kg de açúcar mascavo. (Especial para O Hoje)