Goiás não atinge metas de vacinação infantil por seis anos seguidos
Programa de imunização segue até o dia 30 de setembro, segundo o Ministério da Saúde.
A vacinação infantil em Goiás tem patinado nos últimos seis anos. As principais vacinas como a da poliomielite, tetra viral, tríplice viral, febre amarela, rotavírus estão desde 2016, pelo menos, sem atingir o quantitativo mínimo ideal segundo dados coletados pela reportagem do O Hoje.
A baixa cobertura da imunização infantil, segundo a Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO), demonstra redução desde 2012. Para a secretaria, existem diversos fatores para a queda, citando a percepção de segurança devido ao desaparecimento de doenças imunopreveníveis, compartilhamento de notícias falsas referentes às vacinas e a dificuldade de acesso da população às salas de vacina.
Um dos principais focos da campanha é a vacinação contra a poliomielite. Em Goiás, cerca de 69% das crianças até 2 anos de idade foram imunizadas. A meta é vacinar pelo menos 95% desta população. A tetra viral é a que apresenta a menor incidência de cobertura, com apenas 18,77% de vacinados.
A SES-GO afirma ainda que a Campanha de Multivacinação segue as orientações do Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde, que ainda não trouxe informações sobre a possível prorrogação.
A menos de uma semana para o fim da Campanha Nacional de Vacinação que tem como foco principal a prevenção da poliomielite, apenas 34,4% do público-alvo – crianças entre seis meses e 4 anos 11 meses e 29 dias de idade – foi imunizado com 3,9 milhões de doses aplicadas. A meta do Ministério da Saúde era chegar a 95% do público-alvo de 11,5 milhões de crianças. Entretanto, mais da metade delas, 7,5 milhões, ainda não receberam a vacina contra a paralisia infantil.
“Esse é um problema do mundo inteiro. A cobertura vacinal tem caído. Durante a pandemia essa queda foi mais acentuada em face da tragédia sanitária decorrente da pandemia da covid-19. A estratégia que nós usamos é essa: é conversar com a população brasileira e esclarecer sobre a importância das vacinas do nosso calendário de vacinação, sobretudo para as crianças”, ressaltou o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, à época do lançamento da campanha em agosto.
Campanha foi estendida
A Campanha Nacional de Vacinação, que tem como foco a paralisia infantil, foi prorrogada até o dia 30 de setembro pelo Ministério da Saúde. O aumento do prazo é uma tentativa de incentivar a imunização de crianças e adolescentes.
Segundo o documento, o Programa Nacional de Imunização segue alertando a respeito da importância e benefício da vacinação desse público-alvo para manutenção da eliminação da poliomielite, já que a doença permanece como prioridade “política, nacional e internacional, e a erradicação só será possível mediante esforços globais”. Além disso, o ofício destaca a necessidade de proteger crianças e adolescentes contra doenças imunopreveníveis e melhorar as coberturas vacinais.
Esquema vacinal
Desde 1994, o Brasil é considerado um país livre da poliomielite, mas a baixa adesão às vacinas gera a necessidade de médicos alertarem para os riscos de volta da doença, principalmente após registros de novos casos em países como os Estados Unidos e Israel. A meta brasileira é imunizar 95% de um total de 14,3 milhões de crianças.
De acordo com o Calendário Nacional de Vacinação, no Brasil, foram disponibilizados 18 imunizantes contra várias doenças, visando vacinar também adolescentes menores de 15 anos. Para o público de até 15 anos, foram disponibilizadas a vacina inativada poliomielite (VIP) e outras 17 vacinas.
Para atualização da carteirinha de vacinação, o Calendário Nacional de Vacinação disponibilizou imunizantes contra hepatite A e B, penta (DTB/Hip/Hep B), pneumocócica 10 valente, vacina rotavírus humano (VRH), meningocócica C (conjugada), vacina oral poliomielite (VOP), febre amarela, tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba), tetra viral (sarampo, rubéola, caxumba e varicela), tríplice bacteriana (DTP), varicela e HPV quadrivalente (papilomavírus humano).
Além disso, para adolescentes estão disponíveis as vacinas de HPV, dupla adulto (dT), febre amarela, tríplice viral, hepatite B, dTpa e meningocócica ACWY (conjugada). O Ministério da Saúde afirma que todos os imunizantes que integram o Programa Nacional de Imunização (PNI) são seguros e registrados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Vale ressaltar que a campanha de imunização contra a covid-19 também continua e, segundo o Ministério da Saúde, as vacinas contra o coronavírus podem ser administradas de maneira simultânea ou com qualquer intervalo com as demais do Calendário, na população a partir de 3 anos de idade.
Brasil ganha material biológico para vacina contra varíola dos macacos
O Brasil recebeu o material biológico necessário para iniciar o desenvolvimento de uma vacina contra a varíola dos macacos, ou monkeypox. O material conhecido tecnicamente como sementes do vírus vacinal foi doado pelo Instituto Nacional de Saúde (National Institutes of Health – NHI), agência de pesquisa médica dos Estados Unidos, para Centro de Tecnologia de Vacinas (CT Vacinas) na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Esse é o primeiro passo para o desenvolvimento de uma vacina nacional contra a doença. Com esse material, é possível desenvolver o Insumo Farmacêutico Ativo (IFA), que é a matéria-prima para a produção de vacinas. O CTVacinas receberá o lote e trabalhará em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), por meio do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos).
A iniciativa é uma das ações definidas como prioritária pelos pesquisadores brasileiros que integram a CâmaraPOX Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). Constituída em maio deste ano, o grupo formado por oito pesquisadores brasileiros especialistas em varíola e outros poxvírus assessora o MCTI sobre o assunto em relação à pesquisa, desenvolvimento e inovação.
A varíola dos macacos é uma doença causada por vírus e transmitida pelo contato próximo ou íntimo com uma pessoa infectada e com lesões de pele. O contato pode se dar por meio de um abraço, beijo, massagens, relações sexuais ou secreções respiratórias. A transmissão também ocorre por contato com objetos, tecidos (roupas, roupas de cama ou toalhas) e superfícies que foram utilizadas pelo doente.