Goiânia realiza testes da monkeypox em laboratório estadual
Ao todo a secretária do estado recebeu cerca de 1 mil amostras que devem disponibilizar os resultados em até 72 horas
Goiás já tem 327 casos confirmados de varíola de macacos, segundo o boletim informativo divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-GO). O número representa um aumento de 694,73% em um mês. As cidades com mais registros de infectados são Goiânia (251) e Aparecida de Goiânia (32). Em terceiro lugar aparecem Valparaíso de Goiás (9) e Anápolis (7).
De acordo com a secretaria, os pacientes infectados possuem entre 3 e 64 anos, sendo 316 homens e 8 mulheres. No Brasil, os casos de monkeypox superam a marca de 6 mil confirmações. No mundo, conforme atualização mais recente, já são mais de 57 mil casos da doença.
O atual cenário epidemiológico sinaliza a transmissão comunitária de varíola dos macacos em Goiás, já que parte dos infectados não saiu do estado nem teve contato com quem ficou doente e tem histórico de viagem. A tendência é de aumento de registros confirmados.
Conforme o boletim, a pasta ainda aguarda o resultado de exames de 485 pacientes. Além de monitorar 44 casos prováveis (quando não é possível que o paciente faça o teste). Apesar dos altos números, Goiás não registrou nenhuma morte em decorrência da doença.
Detecção da doença
Em Goiânia, o Laboratório de Saúde Pública Dr. Giovanni Cysneiros (Lacen), da SES-GO, recebeu os primeiros kits para detecção da monkeypox e, conforme está previsto, os testes devem ser iniciados nesta quarta-feira (14). A informação foi repassada pela gestão estadual ao Jornal OHoje.
A secretaria informou que recebeu 1 mil amostras, e que a estratégia de testagem não muda, continua sendo para todos os casos suspeitos que se enquadrem nas definições atualizadas. “Não haverá necessidade de enviar amostras de pacientes do Estado para Brasília, como está sendo feito atualmente. Com isso, a tendência é que os resultados de casos suspeitos de ligação com a varíola dos macacos, como a doença é popularmente conhecida, saiam mais rápido”, afirmou a pasta.
O diagnóstico da varíola dos macacos é realizado de forma laboratorial, por teste molecular ou sequenciamento genético. “A metodologia é a mesma já empregada, do tipo RT-PCR, e as amostras passíveis de testagem são a secreção das vesículas e crosta”, concluiu a SES-GO. A previsão inicial é de que os resultados saiam em até 72h após a entrada das amostras no Lacen-GO.
O diagnóstico molecular (chamado tecnicamente de RT-PCR) é considerado a técnica padrão ouro para a detecção de vírus. O método permite a identificação do material genético de um microrganismo e tem sido amplamente utilizado no diagnóstico do SARS-CoV-2, por exemplo, na pandemia de Covid-19.
O médico infectologista Marcelo Daher, afirma que com a disponibilidade de testes de sorologia ou de antígeno para monkeypox a rapidez do diagnóstico por teste molecular (PCR) vai ajudar o estado.
“É importante lembrar que nós temos um laboratório com capacidade de executar a detecção da doença. A partir desses testes que o estado recebeu, a agilidade nos resultados desses exames garante um isolamento do infectado mais rápido, e sendo mais fácil de diminuir a disseminação da doença”, explica Marcelo.
Lesões na pele
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os novos sintomas podem surgir como lesões na área genital ou do ânus que não se espalham pelo corpo, além de feridas que aparecem em diferentes estágios de desenvolvimento. Além disso, há relatos de aparecimento de lesões antes do início da febre, mal-estar e outros sintomas da doença.
“A apresentação da monkeypox no surto atual está bem variada. Há pacientes com lesão única, com lesão múltipla, restrita à região genital ou com lesões no corpo inteiro. As lesões estão se manifestando de forma assíncrona também. O correto é a população estar de olho e procurar uma unidade médica caso apresente algum dos sintomas”, completou o infectologista.
Formas de contágio
O especialista alerta para as formas de contágio da monkeypox, que pode se dar por contato com o vírus: com um animal, pessoa ou materiais infectados, incluindo através de mordidas e arranhões de animais, manuseio de caça selvagem ou pelo uso de produtos feitos de animais infectados. Ainda não se sabe qual animal mantém o vírus na natureza, embora os roedores africanos sejam suspeitos de desempenhar um papel na transmissão da varíola às pessoas.
De pessoa para pessoa: pelo contato direto com fluidos corporais como sangue e pus, secreções respiratórias ou feridas de uma pessoa infectada, durante o contato íntimo – inclusive durante o sexo – e ao beijar, abraçar ou tocar partes do corpo com feridas causadas pela doença. Ainda não se sabe se a varíola do macaco pode se espalhar através do sêmen ou fluidos vaginais. Por materiais contaminados que tocaram fluidos corporais ou feridas, como roupas ou lençóis;
Da mãe para o feto através da placenta; Da mãe para o bebê durante ou após o parto, pelo contato pele a pele; Úlceras, lesões ou feridas na boca também podem ser infecciosas, o que significa que o vírus pode se espalhar pela saliva.