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segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Economia

Briga pelo controle da inflação não abala alta do juros real

Medido pela diferença entre as expectativas para os juros e inflação nos próximos 12 meses, o juros real chegou a 8,2%

Postado em 4 de outubro de 2022 por Raphael Bezerra

Apesar da queda das taxas de inflação experimentada nos últimos cinco meses no país, depois do Índice de Preço ao Consumidor Ampliado (IPCA) ter chegado a 12,13%, o Brasil ainda tem as taxas de juros reais mais altas do planeta. Medido pela diferença entre as expectativas para os juros e inflação nos próximos 12 meses, o juros real chegou a 8,2% segundo cálculos da Infinity Asset. Este é o maior nível que a taxa chegou nos últimos sete anos.

Mesmo com a manutenção da taxa básica de juros mantida em 13,75% ao ano por um longo período, como indicou o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), a expectativa de parte do mercado é que o juros real seja ainda mais pressionado com o arrocho monetário. 

A redução da inflação nos últimos meses pode ser explicada por diversos fatores, como a redução de taxas e impostos sobre produtos importados, queda dos preços das commodities e efeitos de políticas monetárias. O indicador diário de atividade do Itaú (Idat), por exemplo, mostra que setores ligados ao crédito de móveis, eletrodomésticos e veículos desaceleraram com a aceleração dos juros. 

O Banco Central usa a Selic como instrumento para controlar a inflação e o crescimento econômico. Nos ciclos de alta da Taxa Selic os investimentos em renda fixa se tornam cada vez mais rentáveis e os de renda variável são desestimulados, pois juros altos desestimulam a atividade econômica.

O economista Everaldo Leite explica que impacta em duas questões fundamentais para a economia brasileira. A compra de títulos públicos e o investimento do setor privado. Com a taxa de juros real em alta, a preferência do mercado é emprestar dinheiro com maior segurança. Nesse cenário, os títulos públicos brilham. Por outro lado, essa preferência afeta diretamente no investimento das empresas e no poder de compra das famílias.

“Se você tem uma taxa de juros mais sedutora, os investimentos precisam, necessariamente, ter um rendimento maior que essa taxa. O crédito vai ficar mais caro e o banco vai ganhar mais com títulos, pois numa época que o crédito é mais caro, o risco é muito alto. E com menos crédito às famílias compram menos, investem menos porque o financiamento será alto. Os empréstimos bancários são proibitivos”, comenta.

Com a queda na demanda por crédito, as empresas passam a investir menos, o que provoca a depressão na economia. “Estamos buscando a redução da inflação. Mas o que temos não é inflação por causa da demanda. Nossa inflação é resultado da oferta dos produtos, e a elevação da taxa de juros não consegue resolver”, aponta. (Especial para O Hoje)

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