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segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Ruptura

E se Delegado Waldir permanecesse fiel escudeiro de Bolsonaro?

Candidato ao Senado foi derrotado no último domingo pelo adversário bolsonarista Wilder Morais.

Postado em 6 de outubro de 2022 por Redação

Por: Felipe Cardoso e Francisco Costa

Poderia ter sido diferente? Nada garante, mas poderia. Caso o deputado federal Delegado Waldir (União Brasil) não tivesse rompido com o presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2019, o cenário nestas eleições de 2022 talvez fosse outro. Neste sentido, trata-se de um “punhado” de “e se’s”. 

Candidato na base do governador reeleito em primeiro turno Ronaldo Caiado (União Brasil), o deputado federal terminou em terceiro lugar, atrás de Wilder Morais – esse, sim, representante oficial de Bolsonaro – e do ex-governador Marconi Perillo (PSDB). 

No caso de Wilder, a avaliação é que o bolsonarismo foi determinante em um Estado conservador como Goiás e que deu maioria de votos para o atual presidente que disputa o segundo turno com o ex-presidente Lula (PT).

Mas em relação ao rompimento, ele aconteceu ainda no PSL, em meio a um racha que ocorreu em outubro de 2019 entre o presidente Bolsonaro, até então no partido, e o presidente nacional da sigla Luciano Bivar – hoje no comando do União Brasil. O envolvimento de Waldir começou quando o presidente articulou para substituí-lo na liderança do então PSL na Câmara – o goiano estava do lado de Bivar no imbróglio. 

Entre idas e vindas – no fim, a liderança do partido acabou ficando com o filho do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro –, Waldir teve um áudio gravado e divulgado pela imprensa chamando o presidente de “vagabundo”. “Eu vou implodir o presidente e aí eu mostro a gravação dele. Eu tenho a gravação. Não tem conversa, não tem conversa. Eu implodo o presidente.”  

“Eu sou o cara mais fiel a esse vagabundo. Eu votei nessa p@#$, eu andei no sol em 246 cidades gritando o nome desse vagabundo”, continuou. “Em janeiro [de 2020] eu saio. Em janeiro eu saio. Se ele seguir com isso [a articulação], eu vou implodir.” O político foi, talvez, o principal cabo eleitoral do gestor federal em 2018 e se sentiu traído naquele momento.

Depois disso, Waldir deixou de ser um aliado de primeira hora – vale lembrar, o goiano foi um dos únicos parlamentares que votou para que Bolsonaro fosse presidente da Câmara, então deputado. Ainda assim, o goiano seguiu, como ele mesmo admite, votando na maioria das pautas do governo. 

Mas não haveria clima para ser candidato de Bolsonaro. Seja ao Senado ou ao governo, como foi Major Vitor Hugo (PL), que foi 100% dedicado ao chefe do Executivo nos quatro anos. À Casa Alto do Congresso, coube ao empresário Wilder Morais (PL) representar o bolsonarismo, o que lhe rendeu a vitória com 799 mil votos. Até mesmo a proximidade do delegado com o governador seria empecilho, já durante a pandemia da Covid, o gestor estadual também se distanciou do presidente por meio de posturas antagônicas.

A base do governador Ronaldo Caiado, que tinha Waldir, o ex-ministro Alexandre Baldy (PP) e o presidente estadual do PSD Vilmar Rocha somou pouco mais de 1 milhão de votos. Só o delegado teve mais de 539 mil votos. A partir de 2023, o político estará sem mandato. Pelas redes sociais, ele agradeceu a votação. 

“Olá meus amigos, passando aqui para agradecer a todos vocês. Vocês me permitiram duas vezes ser o deputado federal mais votados. E agora dobramos o voto. Minha gratidão ao povo goiano. Não fomos eleitos, mas o carinho do povo goiano me comoveu”, disse no dia seguinte ao pleito. “Perdemos apenas uma batalha, mas a guerra continua. Vou estar sempre aqui, à sua disposição, pois você sempre foi meu patrão, seja na polícia seja na política. E vou continuar te honrando. Ficha limpa, honesto, trabalhador. E muito feliz por ter ajudado a enterrar, em Goiás, a velha política”, não citou nomes.

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