Número de mulheres encarceradas no Brasil quadruplica em pouco mais de 20 anos
A maior parte das presas faziam parte do tráfico de drogas, representando cerca de 62% das apreensões
O número de mulheres presas no Brasil saltou de 10.112 no ano de 2000 para 42.694 em 2022, um crescimento de mais de quatro vezes em duas décadas. O cenário fez com que o país ultrapassasse a Rússia e alcançasse a terceira posição mundial de maior população carcerária feminina no mundo.
O levantamento foi feito pelo Instituto de Pesquisa em Políticas Criminal e de Justiça, da Birkbeck College, de Londres, no Reino Unido, e mostra um crescimento acelerado no número de mulheres presas em relação aos homens.
A maior parte das presas faziam parte do tráfico de drogas, representando cerca de 62% das apreensões. Outro fator característico da população carcerária é a condição econômico-social das mulheres, aponta Stella Chagas, coordenadora do ITTC (Instituto Terra, Trabalho e Cidadania) em entrevista ao R7.
“É preciso nos atentar sobre essa questão, pois pela experiência do ITTC percebemos que nossas mulheres, sendo elas migrantes ou não, trazem em sua maioria, um histórico de vulnerabilidade social”, pondera Chagas.
Negra, mãe e jovem
O levantamento “Mães Livres — A maternidade invisível no Sistema de Justiça” mostra que as mulheres encarceradas no Brasil são, em sua maioria, negras e com baixa escolaridade, o que evidencia fatores ligados ao racismo estrutural e a marginalização.
Negras são 64% das mulheres presas, 74% são mães (56% têm dois ou mais filhos) e 47% são jovens. Pouco mais da metade (52%) concluíram apenas o ensino fundamental e três em cada quatro (75%) cometeram crimes sem violência.
O relatório é do Instituto de Defesa do Direito de Defesa, com dados de novembro de 2019.
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