“Vamos cumprir o que a Justiça decidir”, garante Major Araújo ao comentar possível perda de mandato
Rumores apontam que deputados eleitos pelo PL no dia 2 de outubro podem não assumir seus mandatos por suposto descumprimento da cota de gênero nas eleições de 2022. Partido nega.
Conforme mostrado pelo jornal O HOJE, circulam nos bastidores da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) comentários de que três deputados eleitos pelo PL podem não ser empossados em fevereiro do ano que vem. Trata-se de Major Araújo, Delegado Eduardo Prado e Paulo Cesar Martins. Os rumores apontam que os parlamentares podem ser prejudicados pela suposta desobediência do partido em relação ao cumprimento da cota de gênero nas eleições de 2022. Vale lembrar que as siglas são obrigadas a manterem o percentual mínimo de 30% de candidaturas femininas em suas respectivas chapas.
A reportagem conversou com Major Araújo sobre o assunto. O parlamentar disse encarar com tranquilidade a situação. “Estou com a consciência tranquila. A minha parte eu fiz muito bem. Empreguei os recursos de maneira correta e fiz uma campanha limpa, o que me deixa com a consciência tranquila. O meu voto, talvez seja o voto mais barato desta Casa. Tive uma votação expressiva e cumpri todos os requisitos previstos na legislação. Agora, se houve alguma falha do partido, isso infelizmente não cabe a mim responder”, considerou.
Em outro trecho do bate-papo, o deputado acrescentou: “Não quero sair da Casa, perder meu mandato. Mas o que a Justiça decidir iremos cumprir, nos resta aceitar. Não vivo da política, passei num concurso público, me aposentei ao ingressar no parlamento e tenho uma remuneração que me garante o sustento. A minha preocupação é em exercer bem esse é o próximo mandato enquanto ele existir. Isso é algo que não tira o meu sono. Se acontecer, quem tem a perder é o povo goiano a quem represento muito bem nessa Casa”.
Imbróglio
Após os primeiros rumores que apontavam para a judicialização do suposto descumprimento da cota de gênero nas eleições, o Partido Liberal em Goiás, comandado pelo deputado federal Major Vitor Hugo, expediu um comunicado à imprensa no intuito de pôr panos quentes à história.
No texto, a sigla lembra que, por meio da força do presidente Jair Bolsonaro (PL), saiu de 143 mil votos, em 2018, — tinham apenas uma deputada federal —,para 2.132.000 votos em 2022, onde elegeu um senador, quatro deputados federais e três deputados estaduais.
Ao comentar os rumores que apontam para a cassação dos três políticos eleitos para a Assembleia Legislativa em função do suposto descumprimento da cota de gênero, a direção do partido associou a “narrativa” ao protagonismo conquistado. “Em decorrência dessa nova musculatura do Partido no Estado de Goiás e de sua relevância potencializada no cenário político goiano, surgem agora narrativas de que o partido não teria cumprido com a cota por sexo, o que não é verdade”.
Em outro trecho, o presidente do grupo, Major Vitor Hugo, acrescenta: “durante a campanha, a Justiça Eleitoral decidiu, com trânsito em julgado, que o partido havia cumprido a proporção mínima legal entre candidatos e candidatas, isto é, cumpriu a cota e, por óbvio, a legislação”.
O documento também rememora que no dia 11 de setembro, um dia antes do prazo final de substituição de candidatura, transitou em julgado o indeferimento do registro da candidatura de duas candidatas à deputada estadual do PL pela Justiça Eleitoral.
“Diante disso, primando pela boa-fé, lealdade, transparência e segurança jurídica, a Comissão Executiva Estadual do PL em Goiás, atuando por delegação da Convenção Estadual, resolveu retirar 5 candidatos homens para readequar a cota por sexo”. E completou ressaltando que apesar da deliberação do partido, a Justiça Eleitoral decidiu por manter os cinco candidatos até então retirados.
“Portanto, a decisão do partido demonstrou obediência à legislação e, consequentemente, afastou qualquer eventual argumento de fraude, que é caracterizada quando há a intenção clara de burlar e descumprir a lei. Nesse contexto, o PL está seguro de que a chapa está mantida e de que o discurso de que a mesma será anulada é aventureiro, irresponsável e desprovido de fundamento técnico jurídico”, pontuou.