Quando o Jornal O Hoje apontou o protagonismo do entorno do Distrito Federal nas eleições da mesa diretora da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), ainda nesta semana, a análise foi apontada como correta por cientistas e players políticos. Inclusive, nos bastidores da Alego o assunto que começou a correr era que Wilde Cambão (PSD), representante de Luziânia, colocará o nome à disposição para disputar a presidência da Casa. 

“Já corre na Casa uma conversa de que o Cambão vai entrar na briga pela presidência e já tem apoios importantes. Inclusive do prefeito de Luziânia que estaria ajudando a articular com outros deputados”, disse um interlocutor com bom trânsito na Alego. O prefeito no caso, é o ex-deputado estadual Diego Sorgatto (União Brasil). 

Vale lembrar, os dois foram adversários na disputa pela prefeitura da cidade, em 2020. Uma fonte ligada a Sorgatto, entretanto, que eles não têm problemas de relacionamento e mantêm um relacionamento respeitosa. Esta confirmou que os dois têm conversado sobre o tempo. Ainda segundo esta pessoa, o prefeito se colocou à disposição “pra ajudar com as experiências que já teve como deputado”. Ela diz que “consolidar uma aliança [entre os dois] é muito importante” para a cidade e região.

Wilde Cambão já é parlamentar da Casa. Experiente, foi reeleito com 29,9 mil votos. Caso se confirme sua intenção, ele se junta a outros nomes que estão de olho no comando da Casa: o líder do governo Bruno Peixoto (União Brasil), Virmondes Cruvinel (União Brasil), Renato de Castro (União Brasil), Lincoln Tejota (União Brasil) e Cairo Salim (PSD). 

O Jornal Hoje tentou contato com Cambão para conversar sobre as possibilidades, mas não teve retorno. Muitos pré-candidatos têm mantido o silêncio sobre a disputa. Isto, porque o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) já deixou claro que não tratará do tema ante do término do pleito. Apesar de já reeleito, ele apoio o presidente Jair Bolsonaro (PL) que disputa o Planalto no próximo domingo (30) com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Por que o entorno terá destaque?

Independente do candidato, o olhar para os nomes eleitos da região do entorno é importante para qualquer um. São dois de Luziânia, Wilde Cambão (como já mencionado) e Cristóvão Tormin (Patriota); dois de Valparaíso de Goiás, Quirino (Republicanos) e Zeli (PRTB); um de Santo Antônio de Descoberto, André do Premium (Avante); e um de Águas Lindas de Goiás, Anderson Teodoro (Avante). Juntos, eles somaram mais de 151 mil votos. Peso eleitoral que eles podem usar na negociação junto aos postulantes da mesa diretora, uma vez que representam mais de 14,5% de toda a Casa, que tem 41 membros. 

E vale citar, a região concentra ainda mais números: as nove cidades goianas que fazem fronteira com o DF possuem um ativo eleitoral próximo dos 800 mil votos – tanto que também elegeram dois deputados federais: Célio Silveira (MDB) e Lêda Borges (PSDB). Com um ativo desses, fica difícil ignorar a região na partilha de poder, seja na Mesa Diretora da Alego ou na mesa de reuniões do secretariado do governador Caiado.

No caso a caso, Cristóvão Tormin, além de ex-deputado estadual, foi ex-prefeito de Luziânia. Ele teve 17,4 mil eleitores no pleito. Quirino, que teve 31,5 mil confirmações nas urnas, é pastor e é ligado à igreja Universal. Já Zeli (20,9 mil votos) é vice-prefeito de Valparaíso, aliada do prefeito Pábio Mossoró (MDB), um dos nomes mais fortes da região do entorno, uma vez que é presidente da Associação dos Municípios Adjacentes de Brasília (Amab). 

Já André do Premium é empresário e bateu na trave, em 2020, quando disputou a prefeitura de Santo Antônio do Descoberto. Ele foi derrotado por uma diferença de 2 mil votos pelo prefeito Aleandro Caldato. Por fim, Anderson Teodoro, que tem origem no PSDB – e foi aliado do ex-prefeito Hildo do Candango e do ex-governador Marconi Perillo –, foi secretário e ex-vereador de destaque em Águas Lindas de Goiás.