Ronco alto pode ser sintoma de apneia do sono, condição que prejudica descanso noturno
Tratamento é individualizado e em casos específicos a cirurgia pode ser uma opção
Mais do que um barulho incômodo, o ronco alto pode indicar um grave distúrbio de sono, como é o caso da apneia, situação em que pessoa para de respirar por alguns segundos, diversas vezes, durante a noite. A condição atinge 30% da população adulta brasileira, segundo dados do Ministério da Saúde.
O médico pneumologista e professor do curso de Medicina da Unic, Lucas Bello, explica que muitas pessoas têm apneia do sono sem conhecimento do problema e não fazem tratamento para aliviá-la. “Falta de qualidade constante na noite de sono não deve ser ignorada, já que esse cenário pode ser um alerta de que algo está errado no organismo, além de desencadear diversos problemas de saúde, como déficit de atenção, sonolência excessiva durante o dia e agravamento do estresse”, destaca.
A condição se divide em dois tipos: a apneia obstrutiva do sono e apneia do sono central. A primeira é a forma mais comum e se caracteriza pelo relaxamento dos músculos da garganta e fechamento das vias respiratórias. Esse movimento dificulta a respiração, reduzindo a concentração de oxigênio no sangue, o que emite um sinal de alerta ao cérebro dizendo que algo está errado. “Ao sentir dificuldades de respirar, a pessoa desperta do sono e isso acontece várias vezes durante a noite. Nesses episódios, há produção do ronco ou um som que se assemelha a um sufocamento”, explica o especialista.
Já a apneia do sono central está associada às funções cerebrais, quando o órgão falha em transmitir os sinais para os músculos da respiração. Nesse caso, a pessoa acorda com falta de ar e encontra dificuldades para dormir. Até mesmo crianças podem ter essas condições de saúde, mas acometem principalmente homens, em geral, com mais de 50 anos de idade. Mulheres com excesso de peso e na menopausa também estão mais propensas a desenvolverem apneia.
Causas e tratamento
Na apneia obstrutiva do sono a causa principal é a obstrução do canal respiratório, que pode resultar de condições como obesidade, aumento das amígdalas, circunferência do pescoço e alterações craniofaciais. Já no outro tipo da patologia, a causa mais comum é a insuficiência cardíaca e, em menor ocorrência, o acidente vascular cerebral e uso de medicamentos para dor (opioides).
Além do ronco alto e sonolência excessiva, os sintomas incluem ainda falta de ar, despertar com a boca aberta, dor de cabeça matinal, insônia, déficit de atenção, falta de memória e episódios de irritabilidade e impaciência. No diagnóstico, o médico pode solicitar um exame de polissonografia, que consiste na avaliação noturna do sono, para monitorar a respiração e outras funções do corpo.
O tratamento é individualizado e vai ser prescrito pelo médico de acordo com as informações clínicas e o resultado da Polissonografia. “O objetivo é impedir que a respiração seja interrompida durante o sono, eliminar os roncos, evitar as quedas na oxigenação, melhorar a qualidade do sono e a saúde dos pacientes.
Para alguns pacientes o tratamento pode incluir o uso de aparelhos odontológicos para manter as vias respiratórias desobstruídas. Nos casos de apneia do sono moderada ou grave está indicado o uso de um aparelho gerador de fluxo aéreo (CPAP) através de uma máscara facial”, explica. Em casos específicos a cirurgia pode ser uma opção: remoção das amígdalas e/ou adenoides, remoção de pólipos nasais, correção de desvio do septo nasal ou de alterações do esqueleto facial.