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sábado, 23 de novembro de 2024
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JUSTIÇA

Maurício Sampaio e outros três são condenados pelo assassinato de Valério Luiz de Oliveira

Após 10 anos desde o crime, o tribunal do júri sentenciou à prisão, na noite desta quarta-feira (09/11), quatro acusados do assassinato do jornalista e radialista esportivo Valério Luiz de Oliveira a partir de denúncia do Ministério Público de Goiás (MP-GO). Djalma Gomes da Silva foi o único absolvido. A motivação do crime seriam os […]

Postado em 10 de novembro de 2022 por Vinicius Marques

Após 10 anos desde o crime, o tribunal do júri sentenciou à prisão, na noite desta quarta-feira (09/11), quatro acusados do assassinato do jornalista e radialista esportivo Valério Luiz de Oliveira a partir de denúncia do Ministério Público de Goiás (MP-GO). Djalma Gomes da Silva foi o único absolvido. A motivação do crime seriam os comentários do radialista sobre o clube de futebol no qual Maurício Sampaio fazia parte da diretoria.

“Hoje foi desmontada uma quadrilha e uma estrutura de poder que nem mesmo eles achavam que poderia acontecer”, disse Valério Luiz Filho em coletiva de imprensa após a sentença. 

Depois do debate entre defesa e acusação, os sete júris se reuniram para deliberações. O juiz e presidente do tribunal do júri, Lourival Machado, convocou os presentes e proferiu a sentença à prisão de Ademá Figueredo Aguiar Filho, Urbano de Carvalho Malta, Maurício Borges Sampaio e Marcus Vinícius Pereira Xavier.

“Expedimos mandado de prisão para Marcos Vinícius que está em Portugal. Todos devem ser recolhidos para o cumprimento da pena“, decretou o juiz.

Maurício Sampaio, acusado de ser o mandante do crime por causa dos comentários sobre a diretoria do Atlético-GO, teve, segundo a decisão, a culpabilidade valorada com propósito de calar a vítima. “Exerceu sua influência e seu poder econômico contra a expressão das opiniões do radialista”, declarou. O juiz fixou 16 anos em regime fechado com prisão imediata.

O júri decidiu ainda que Ademá Figueredo, apontado como autor dos disparos que mataram Valério, na condição de policial militar, teria que agir como garantidor da segurança pública, mas usou suas habilidades para matar. -A conduta se mostrou negativa-, disse o juiz. A pena foi fixada em 16 anos em regime fechado.

Urbano Carvalho Malta, acusado de contratar o policial militar, teria contribuído com o crime. O juiz fixou a pena em 14 anos de reclusão em regime fechado.

Marcos Vinicius foi condenado por atuar na logística do crime, com 14 anos de reclusão em regime fechado. Por ele estar fora do país, o nome dele deve ser incluído na lista vermelha da interpol.

Andamento

O terceiro dia de julgamento foi marcado pelo debate entre a defesa e a acusação. O promotor Maurício Camargo, falou sobre o tempo para execução do crime. -Era possível Figueiredo sair da casa do Joel, ir no açougue pegar a arma, praticar o crime e ainda voltar-.

Já o advogado de acusação e filho de Valério Luiz, Valério Luiz Filho, questionou o desmerecimento das provas apresentadas e disse que “é fácil dizer que não tem provas quando falam que todas as provas que aparecem são falsas””, disse.”.

Às 19h10, o advogado dos réus começou as tréplicas. Ricardo Neves, iniciou a defesa alegando que não haveriam provas suficientes para uma condenação. “A acusação tem que trazer a certeza da culpa. Eu não preciso ter certeza da inocência”.

Defesa exibiu vídeos das opiniões do radialista e sobre empolgação com nova função na PUC TV

Como foram os três dias de julgamento

1º Dia foi marcado pelo depoimento do delegado

Após quatro adiamentos, começou nesta segunda-feira (7), o julgamento do caso Valério Luiz. O assassinato cometido há 10 anos em Goiânia contra o radialista, teve forte repercussão nacional e é marcado por uma extensa lista de recursos para postergar ao máximo o fim desse trágico crime.

Segundo inquérito da Polícia Civil, concluído em 2013, Valério foi morto a mando de Maurício Sampaio devido às críticas que fazia à diretoria do Atlético-GO. O dirigente e seus advogados negam as acusações.

Na segunda-feira (7), a segunda testemunha do dia foi o delegado Hellynton Carvalho, O advogado Ricardo Naves questionou sobre os dados de sigilos telefônicos enviados à corporação, no que o policial disse depender das informações da operadora.

Segundo ele, estes costumam vir tabulados em planilhas do Excel. O advogado citou ser possível modificar este tipo de arquivo. “Eu nunca manipulei e a política não adultera provas”, respondeu irritado.

O advogado também questionou se algum policial sabia onde morava Urbano de Carvalho, acusado de ser “olheiro” da hora que a vítima deixaria a rádio para o executor. A pergunta foi feita, pois Marcus Vinícius sabia o local da residência e o jurista deu a entender ao delegado que algum policial poderia ter informado isso a ele, visto que Urbano disse que não o conhecia.

“Eu tenho fé pública e nunca forjei documentos para colocar palavras na boca de testemunha”, reforçou o delegado após se irritar com o que considerou uma insinuação.

2º dia

Dispensa de testemunhas marca o segundo dia de julgamento. Durante a oitiva de terça-feira (8/11), o jornalista Joel Datena afirmou que seu então segurança, Ademá Figueiredo, acusado de ser o executor de Valério Luiz, teve a iniciativa de pegar registros de câmeras de segurança, para provar a inocência dele.

De acordo com o relato, Figueiredo queria provar que ficou na casa de Joel no momento em que a vítima foi assassinada, em 2012. Pelos autos, sabe-se que as imagens teriam sido adulteradas.

Ele informou que não se lembra como a entrega das gravações ocorreu ou quem solicitou e autorizou a retirada das filmagens.

Os advogados de acusação rebatem a argumentação e apontaram que as gravações foram entregues pelas metades, mostrando apenas o horário de entrada e saída. Segundo a acusação, o fato deixa brechas se o acusado realmente saiu do condomínio em algum outro momento.

Réus ouvidos

Os cinco réus também foram ouvidos na terça-feira (8). O juiz Lourival Machado pediu a interrupção da transmissão dos interrogatórios dos réus acusados pelo assassinato do radialista Valério Luiz. Conforme o Tribunal de Justiça de Goiás, não é permitido que os acusados acompanhem os depoimentos uns dos outros e, como o réu Marcus Vinícius Pereira Xavier assiste o júri por videoconferência, ele poderia ter acesso ao conteúdo das falas.

No total, das 24 testemunhas intimadas, 16 foram dispensadas. O início do segundo dia do júri atrasou mais de uma hora. De acordo com o juiz Lourival Machado, o atraso foi causado após um acidente de trânsito com uma testemunha da defesa. Segundo o advogado de defesa Ricardo Naves, Adson Batista “esbarrou” o carro quando estava a caminho do local, mas não houve vítima.

3º dia

O terceiro e último dia foi marcado pelo debate entre a defesa e acusação. Durante a arguição, os advogados de acusação apresentaram um vídeo de depoimento de Marcus Vinicius com o intuito de rebater o argumento da defesa que alegava que o depoente teria sido torturado. Ficou a cargo dos jurados decidirem se optariam por assistir ou não o vídeo, o que prolongaria o julgamento por mais 4h, tempo de duração da gravação.

Além disso,

Caminho até a decisão

Além de Maurício Sampaio, os outros quatro réus indiciados pelo homicídio e denunciados pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) são: os policiais militares Ademá Figueiredo e Djalma Gomes da Silva, o comerciante Urbano de Carvalho Malta e o açougueiro Marcus Pereira Xavier.

Na última tentativa de realizar o julgamento, em 14 de Junho deste ano, o júri foi dissolvido após um dos jurados passar mal e sair do isolamento para tomar remédio. Sendo assim o julgamento foi encerrado sem um resultado e um novo julgamento deve ser feito desde o início, escolhendo desde novos jurados e ouvindo todas as testemunhas.

Quando os jurados são sorteados, eles precisam ficar isolados e sem comunicação, não tendo acesso a televisão, celular e computador, por exemplo.

O advogado de defesa Ricardo Naves durante arguição sobre o assassinato do radialista Valério Luiz

Processo cheio de recursos

Durante esses anos, vários recursos foram utilizados pela defesa, – principalmente a de Maurício Sampaio, acusado de ser o mandante do assassinato – para adiar o julgamento. Os réus recorreram da pronúncia com recursos que chegaram ao STJ e STF, que confirmou a decisão. O júri, então, foi marcado para junho de 2020, mas em razão da pandemia, foi adiado para 14 de março de 2022. Nesta data, o advogado que representava Maurício Sampaio havia desistido da defesa e, sem um defensor constituído no processo, ele não poderia ser julgado.

Por isso, o juiz Lourival adiou o júri para 2 de maio, contudo, os advogados de Maurício Sampaio abandonaram a sessão. Uma nova data foi agendada para o dia 14 de junho, mas um jurado passou mal no segundo dia de julgamento e, como ele deixou o hotel para procurar atendimento médico sem comunicar o oficial de justiça, o juiz, mais uma vez, precisou suspender o júri.

O crime

Valério Luiz foi morto a tiros, aos 49 anos, quando saía da rádio em que trabalhava, no dia 5 de julho de 2012. Segundo a denúncia feita pelo Ministério Público, o crime foi motivado pelas críticas constantes de Valério Luiz à diretoria do Atlético Goianiense, da qual Maurício Sampaio, um dos réus, era vice-diretor. Atualmente, ele é membro do Conselho Deliberativo do clube.

Veja as condenações contra cada réu:

– Maurício Sampaio, apontado como mandante. Condenado a 

– Urbano de Carvalho Malta, acusado de contratar o policial militar Ademá Figueiredo para cometer o homicídio contra o radialista. Condenado a

– Ademá Figueredo Aguiar Filho, apontado como autor dos disparos que mataram Valério. Condenado a

– Marcus Vinícius Pereira Xavier, que teria ajudado os demais a planejar o homicídio do radialista. Condenado a

– Djalma Gomes da Silva, que teria ajudado no planejamento do assassinato e também atrapalhado as investigações. Condenado a

O Advogado de defesa Ricardo Naves, usou todo o seu tempo de debate para levantar a hipótese de que as provas poderiam ter sido forjadas pela própria polícia que investigava o caso, que inclusive as ligações telefônicas que teriam sido feitas no dia do assassinato entre os acusados, teriam sido plantadas pela polícia, uma vez que o relatório fornecido pelas operadoras de telefonia seriam vulneráveis a alterações.

Assim foi seguido pelos outros dois advogados, que insistiam na fragilidade e inconsistência  das provas que foram apresentadas pela acusação.

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