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segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Tensão

Projeto de taxação do agro terá dura resistência na Alego

Presidente da Casa, Lissauer Vieira, também se manifestou “totalmente contra” à iniciativa do governo de Goiás

Postado em 10 de novembro de 2022 por Felipe Cardoso

Paira nos corredores da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) um clima de tensão. Deputados da base e oposição já preveem uma grande “queda de braço” nos próximos dias. Isso porque o governador Ronaldo Caiado (UB) deve enviar ao Parlamento um projeto de lei que busca criar uma espécie de “contribuição agropecuária” em Goiás. Na prática, o texto acarretará na taxação de produtos ligados ao setor. O dinheiro arrecadado será destinado a um fundo de investimento em infraestrutura. 

Esse foi, inclusive, o assunto de um almoço promovido pelo governador com deputados da base na tarde da última quarta-feira, 9. Na ocasião, segundo um deputado presente, o governador tentou explicar a importância do projeto e, principalmente, convencer os parlamentares a votarem pela aprovação do texto. 

Dentre os argumentos, Caiado teria dito que a medida vai compensar as perdas na arrecadação em função do reajuste do ICMS. Além disso, também foi destacado que os recursos serão destinados a um fundo cujo objetivo é promover melhorias na infraestrutura goiana. 

Ao que tudo indica, o governador já conta com o apoio de pelo menos 22 deputados. Porém, um movimento forte de oposição tem sido fomentado nos bastidores do Legislativo. A movimentação, ainda silenciosa, tem sido encabeçada pelo deputado Paulo Trabalho (PL), um dos representantes do setor na Casa de Leis. 

A reportagem apurou que o parlamentar fez diversos contatos na noite de ontem. Dentre os telefonemas, Trabalho teria dialogado com lideranças ligadas a  Associação dos Produtores de Soja e Milho de Goiás (Aprosoja), sindicatos rurais e membros da Agrovia Castelo Branco. A intenção é inviabilizar a aprovação do texto por meio da mobilização da categoria. 

Em entrevista ao O HOJE, o parlamentar confessou que tem trabalhado para impedir que o texto prospere. “Os produtores serão drasticamente penalizados. Já iniciamos um processo de articulação contrário a essa medida que será enviada pelo governo nos próximos dias. Até mesmo os parlamentares da base possuem resistência em votar um projeto como esse. Temos visto a articulação acontecendo pelos corredores, mas trabalharemos incansavelmente na defesa dos produtores, dos agropecuaristas, que não podem pagar essa conta”. 

A reportagem ainda apurou que tem sido fomentada uma manifestação que será iniciada assim que o projeto chegar na casa de leis. O movimento prevê protestos não apenas nas intermediações do Palácio Pedro Ludovico Teixeira, sede do Poder Executivo, como também nas dependências da Alego. “Faremos um tratoraço”, disse Trabalho sem revelar mais detalhes sobre a iniciativa. 

Em paralelo, o presidente da Alego, Lissauer Vieira (PSD), também decidiu se manifestar sobre o assunto. Por meio de um comunicado à imprensa, Lissauer disse que na posição de produtor rural, deputado e defensor do agronegócio é “totalmente contra” a proposta. 

“Sempre estive ao lado do governo, no reequilíbrio fiscal do Estado. Enfrentamos momentos difíceis, mas não me titubeei nos meus princípios. Por isso, acredito que existem outras formas de equilibrarmos as contas públicas para compensar a queda do ICMS sem prejudicar pessoas que empreendem e trabalham num setor vital para a nossa economia”, disparou. 

Outra fonte consultada pelo O HOJE, mas que pediu sigilo na declaração, foi ainda mais além. De acordo com o mandatário, esse seria um claro sinal de retaliação aos produtores. “Eles ficaram ao lado do Vitor Hugo na disputa pelo governo de Goiás”.

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