O Hoje, O Melhor Conteúdo Online e Impresso, Notícias, Goiânia, Goiás Brasil e do Mundo - Skip to main content

sábado, 23 de novembro de 2024
Imposto

Entidades preveem perda de competitividade se taxação do agro for aprovada

“Hoje, das 37 usinas goianas, 22 delas têm investimentos em outros estados. A perda de competitividade tem estimulado que elas invistam em outros mercado em detrimento do mercado goiano”, diz Joaquim Sardinha

Postado em 14 de novembro de 2022 por Francisco Costa

Desde o anúncio que o governo de Goiás taxaria os produtores do agronegócio em até 1,65% por causa das perdas de arrecadação decorrentes do teto do ICMS, medida do governo federal, entidades do agro passaram a se organizar não só para repudiar o ato, mas também para tentar impedir a aprovação na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego). A proposta, que já está na Alego, deve passar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) nesta semana. Na avaliação dos grupos, haverá perda da competitividade no Estado. 

De acordo com a proposta, a incidência será para os produtores de milho, soja, cana-de-açúcar, carnes e minérios. A taxa terá como destino um fundo para infraestrutura do Estado a ser usado para construção e pavimentação de vias, além de outras coisas relacionadas. O deputado estadual Talles Barreto (União Brasil) é o relator do projeto. Segundo ele, a taxação é facultativa, mas quem optar por não recolher e tiver benefícios fiscais do governo irá perdê-los. 

A Associação dos Fornecedores de Cana de Goiás (Aprocana-GO) explica que o etanol goiano já sofre com a competitividade, se comparado a Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo. “Hoje, das 37 usinas goianas, 22 delas têm investimentos em outros estados. A perda de competitividade tem estimulado que elas invistam em outros mercado em detrimento do mercado goiano”, diz Joaquim Sardinha, secretário da Aprocana.

De acordo com ele, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, por exemplo, possuem maiores incentivos fiscais que Goiás. Além disso, cita o ICMS do etanol do Estado é maior: 14,17%. Ele cita Minas Gerais (9,23%); Mato Grosso do Sul (11,3%) e São Paulo (9,56%). Ainda conforme ele, um estudo para evidenciar essa falta de competitividade com os concorrentes já está em elaboração. 

A Associação também uma das que conversa com deputados estaduais, a fim de tentar impedir a aprovação. A missão, contudo, é árdua, já que basta maioria simples para passar o projeto. O quórum para iniciar a votação é de 21 de parlamentares.

Desta forma, por meio de nota, a Aprocana declarou que “o momento atual é de muitas incertezas para o agronegócio brasileiro” e a criação desta contribuição “vai na contramão das necessidades que o Estado e os municípios demandam para se tornarem mais competitivos, posto que, os produtores rurais já pagam uma alta carga tributária e se esforçam diariamente para manterem seus negócios”.

A nota cita, ainda, “restrições” enfrentadas pelo segmento, como “alta de juros cobrados pelas instituições financeiras, falta de crédito no mercado, aumento sucessivo no preço dos combustíveis” e mais. 

Do mesmo modo, a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Goiás (Aprosoja-GO) afirma que um aumento de tributos no setor produtivo impactará diretamente a população. “Mais tributos elevarão o custo de produção dos alimentos que, automaticamente, vão chegar mais caros aos supermercados. Elevação de custos nos grãos também se reflete imediatamente nas cadeias pecuárias, que utilizam, principalmente, soja e milho na alimentação animal. Convém lembrar o uso de derivados da soja em diversos produtos industriais, farmacêuticos e no biodiesel, por exemplo.”

Além disso, afirmam que não esperavam a atitude do governador Ronaldo Caiado (União Brasil), porque ele, em outras oportunidades, “se mostrou contrário à tributação do setor agropecuário justamente por compreender as consequências disso”.

A posição é a mesma da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg). “A realidade do campo requer cautela, uma vez que os custos de produção têm se elevado cada vez mais e os produtores dos diversos segmentos da agricultura e pecuária têm lutado para não operar no prejuízo. Com isso, uma taxação a mais poderia inviabilizar o setor agropecuário, gerando índices de desemprego e freando o desenvolvimento tão necessário para a sociedade, o estado e o país.”

E ainda: “Além do constante risco climático que atinge todas as atividades produtivas, o setor ainda se encontra envolto em dúvidas quanto ao direcionamento de políticas públicas nacionais. Sabemos da necessidade de se investir em infraestrutura no estado, e que é importante não só para os produtores quanto para todos os setores em geral. No entanto, não é momento de se pensar em mais custos, é preciso pensar em mais estímulos para produção.”

Manifestação 

Para tentar impedir a aprovação da matéria, o deputado Paulo Trabalhou convocou produtores rurais, lideranças e população em geral para uma manifestação na porta da Alego, em Goiânia, na próxima quarta-feira (16). Aos ruralistas, o parlamentar solicitou a presença de tratores e caminhões para o que chamou de “tratoraço”. O evento está previsto paras às 10h.

Em entrevista ao programa Hora H do Agro, e Jovem Pan News, na última sexta-feira (11), Caiado tentou amenizar a situação. Sobre a criação do Fundo de Infraestrutura do Estado (Fundeinfra), o governador explicou que os recursos arrecadados com a nova contribuição do setor agropecuário vão retornar imediatamente aos produtores rurais, em forma de investimentos em manutenção e pavimentação de novas rodovias, garantindo melhores condições de escoamento da produção e maior competitividade ao setor.

“É algo que está sendo, em um primeiro momento, recebido como contribuição e imediatamente será transferido para o setor em rodovias, pontes, viadutos, aquilo que é necessário nessa área. Agora, não querer contribuir para ele mesmo? Não contribuir para ter rodovia asfaltada na porta dele, para ter ponte onde ele possa atravessar? O dinheiro sai do agro e volta para o agro em forma de rodovia”, disse.

Você tem WhatsApp ou Telegram? É só entrar em um dos canais de comunicação do O Hoje para receber, em primeira mão, nossas principais notícias e reportagens. Basta clicar aqui e escolher.
Veja também