Calil será independente, apesar da ‘composição’ do UB com Lula
O União Brasil possui dois ministérios no governo de Luiz Inácio Lula da Silva – e um terceiro cujo ministro é de outra legenda, mas foi indicado
O União Brasil possui dois ministérios no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – e um terceiro cujo ministro é de outra legenda, mas foi indicado. Apesar disso, o deputado federal por Goiás, Zacharias Calil (União Brasil), reforça independência.
“Minha posição será de total independência. Não tenho como compor”, afirma o médico goiano ao Jornal O Hoje. De acordo com ele, antes do Natal se reuniu com o União Brasil e deixou claro sua posição. “O partido é muito democrático nesse sentido”, diz não ter tido problemas.
Inclusive, ao ser questionado se poderia deixar a legenda, ele diz que não. “Permaneço. O partido já tinha conhecimento da minha posição [antes de fechar a aliança].” Zacharias, contudo, deixa claro que independência é diferente de oposição. Ele afirma que votará pelos interesses do Estado e do País. “Se precisar, eu votarei.”
Caiado
O congressista diz que ainda não conversou com Caiado sobre a relação com o próximo governo. A expectativa é de que seja republicana. De fato, o governador foi um dos primeiros a parabenizar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 30 de outubro, quando o petista venceu o segundo turno. “Ele trabalha muito em função do Estado. Além disso, os Executivos trabalham juntos. Não é parlamentar e tem vários acordos.”
O que espera?
O deputado federal goiano disse que ainda é cedo para dizer como deve ser a próxima gestão. De acordo com ele, é necessário analisar os primeiros meses para ver como a política e economia irão se comportar. “E também a parte da saúde, que é meu foco.”
Inclusive, sobre isso ele está otimista. Ele conhece e elogia a ministra da Saúde Nísia Trindade. “Não vejo dificuldade no trabalho, uma vez que ela é extremamente técnica. Tenho otimismo pelo relacionamento que tive com ela.”
Zacharias esteve com a ministra na Comissão Externa da Covid-19, durante a pandemia. “Vejo uma pessoa tranquila e que está de acordo com os interesses do SUS [Sistema Único de Saúde]”, ressalta.
União Brasil
Ainda sobre o União Brasil, o partido tem dois ministérios com Lula. O deputado federal Juscelino Filho ficou com a Comunicação, enquanto a também deputada federal Daniela Waguinho assumiu o Turismo.
Daniela é esposa do prefeito de Belford Roxo (RJ), Wagner dos Santos Carneiro (União Brasil), o Waguinho, e vai para seu segundo mandato no congresso como segunda mais votada no Estado. É pedagoga e está em três comissões na Câmara: Educação, Seguridade Social e Família e Meio Ambiente.
Juscelino, por sua vez, é de São Luís (MA) e tem formação em Medicina. Também está no segundo mandato, sendo vice-líder do União Brasil. Foi escolhido de última hora por Lula para acomodar o partido.
Além deles, o ex-presidente do Senado e presidente da Comissão de Constituição e Justiça daquela Casa, senador Davi Alcolumbre (União Brasil), indicou Waldez Góes (PDT) para ocupar o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional. Ex-governador do Amapá, ele tem longa carreira política e deve migrar para o União Brasil.
Não é base formal
Mesmo com essa grande participação, o presidente nacional da legenda, Luciano Bivar, disse à CNN que a sigla não será base formal de Lula. “A gente não faz parte do governo Lula. Vamos votar com o governo o que for de interesse do Brasil”, tem discurso semelhante a Calil.
Ele afirma que existem diversos setores contrários, apesar dos ministérios. “O partido ainda tem muita gente contrária à adesão ao governo Lula. Não vamos bater de frente com eles. Quando chegar o momento oportuno vamos debater isso internamente”, Bivar pontua que deixou a questão clara para Lula.