Empossados, tanto o governo estadual, com Ronaldo Caiado (União Brasil) e governo Federal, com Luiz Inácio Lula da Silva (PT), têm despertado enorme expectativa em relação à governabilidade de ambos. E são diversos fatores: seja a condição econômica do Estado quanto às relações políticas. 

E, no discurso de posse, há elementos fundamentais sobre o rumo que o eleito dará ao ente federativo ou à nação para o qual foi escolhido, pelo voto, para governar. 

Algo em comum, no entanto, é o foco na área social. Lula sempre evocou, nas vezes em que discursou no domingo, programas sociais que implantou no País de transferência de renda. E Caiado chegou a dizer que o presidente poderia aprender com Goiás a forma com que conduziu a questão da briga ferrenha contra a fome. 

O governador reeleito reafirmava a forma que conduziu a área social, sobretudo com programas sociais que atendiam as mães periféricas de todo o Estado. 

Para o cientista social da Universidade Federal de Goiás (UFG), Lehninger Thiago Mota, existe uma questão pragmática entre os discursos. “Haja vista o que o Caiado fez nos primeiros quatros, que foi levado muito a sério em vários sentidos, em vários sentidos, como o aluguel social. Ele demonstrou que a direita não está desconectada com o desenvolvimento social, com o crescimento ligado à justiça social”. 

Ele lembra que a pandemia agravou toda a diferença de renda. “É uma injustiça, de concentração de renda que acontece, muito combatido no discurso de Lula. Ele, que fez um grande trabalho quando o assunto é uma divisão de renda, não só de transferência de renda, como Bolsa Família, mas a geração de emprego”.

O especialista lembra que é impossível o País crescer com essa indiferença. “O PIB [Produto Interno Bruto] depende do brasileiro consumir”, defende Lehninger. “O que Lula e Caiado fizeram demonstram que têm essa preocupação com a justiça social sobre as pessoas”. 

Ele ainda interpreta que o discurso demonstra que ambos não devem ter atritos e podem cooperar bem, embora sejam governos de linhas ideológicas diferentes. “O que ficou em campanha, fica em campanha, presidente não deixa de dialogar com governador, haverá diálogo”. 

Durante discurso de posse, feita de forma virtual desde São Paulo, Ronaldo Caiado ressaltou os programas implantados pelos primeiros quatro anos de gestão. Mas não se esqueceu de um ponto importante. “Saímos de um Estado de calamidade financeira, com salários atrasados e mais de 4,6 mil fornecedores com dívidas vencidas. Chegamos hoje superando todas as metas, atingindo uma situação nunca antes vivida no Estado de Goiás, com todas dívidas quitadas, salários pagos dentro do mês, consignados em dia, duodécimo aos poderes sem nunca ter atrasado”, disse.

Antes de prometer que faria muito mais pelo povo goiano, Caiado ainda emendou: “Por 20 anos, o dinheiro público foi para o ralo da corrupção”. E ainda ressaltou: “Em 2019, não assumi apenas o prestígio e a honra de governar para 7 milhões de goianos. Assumi, sobretudo, a responsabilidade de enfrentar e apresentar soluções aos problemas do Estado”, relembrou.

Já Lula, ao falar sobre a condição de desigualdade entre brasileiros, evocou uma cena que chamou a atenção depois que o jornal Extra, do Rio de Janeiro, publicou fotos de famílias indo a um açougue buscar ossos e pelancas para complementar a alimentação. 

“Fila na porta dos açougues, em busca de ossos para aliviar a fome. E, ao mesmo tempo, filas de espera para a compra de automóveis importados e jatinhos particulares”, declarou, antes de chorar e prometer ajudar as pessoas vulneráveis.