Escolha de ministro político na Fazenda não assusta Schmidt
Secretária de Economia do governo goiano rememora gestão ‘Lula 1’, época em que Palocci esteve à frente da pasta
A secretária de Economia de Goiás, Cristiane Schmidt, comentou, em entrevista aos jornalistas do O HOJE, suas expectativas em relação à Economia do governo encabeçado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). À época em que visitou a sede do grupo, o principal nome cotado para assumir a pasta era do ex-prefeito da cidade de São Paulo, Fernando Haddad, o que mais tarde, especificamente em 9 de dezembro, se confirmou.
Ao comentar a então provável indicação de Lula, Schmidt lembrou da primeira gestão petista (2003) onde Lula indicou o ex-prefeito de Ribeirão Preto, Antonio Palocci, para o comando do Ministério da Fazenda. “Na época do Palocci, o governo ‘Lula 1’ desempenhou muito bem suas funções. Palocci era político, não um técnico, mas escolheu a dedo o seu quadro de auxiliares”, rememorou.
A secretária, vale destacar, estabeleceu o comparativo entre as indicações por ter sido indagada quanto ao perfil político de Haddad. Ela lembrou que a equipe formada por Palocci continha profissionais sérios e competentes e, depois, disparou: “E tudo funcionou. Claro, não tínhamos um problema orçamentário como agora. Mas se tivermos técnicos, pode dar muito certo. O que o Haddad vai precisar é de uma habilidade para construir uma boa equipe”.
Ela também comentou a decisão do presidente em fatiar o antigo Ministério da Economia em três diferentes pastas. Foram criados a partir do dia 1° de janeiro os ministérios do Planejamento, Orçamento e Gestão; da Fazenda; e de Indústria, Comércio Exterior e Serviços. A divisão, na visão da titular, não é boa. Mas isso, segundo ela, não quer dizer que, de fato, não seja.
“Por questões políticas as coisas sempre acabam se desmembrando. Pode ser que as pessoas pensem mesmo que o desmembramento seja melhor, mas [o Lula] tem que acomodar vários segmentos, vários partidos. Ele não ganhou só com o PT, ele ganhou com um conjunto”, pontuou a secretária.
Apesar da interpretação técnica da titular, o mercado não reagiu bem à indicação de Haddad para o setor. No dia da confirmação, vale lembrar, o dólar subiu, influenciado tanto pelo cenário interno como por dados de inflação nos Estados Unidos. A bolsa de valores teve leve alta, amparada em ações de mineradoras, que estavam se recuperando após o afrouxamento das restrições contra a covid-19 na China.
Prioridades
Na última terça (3/1), o ministro declarou à imprensa que apresentará um “plano de voo” da economia brasileira em seu primeiro despacho com o presidente. A ideia é mostrar a Lula ações de curto, médio e longo prazo que possam colaborar com o reequilíbrio das contas públicas.
Em relação ao persistente receio do mercado – que implica na alta do dólar e na queda da Bolsa -, Haddad considerou que o que está havendo, na verdade, é um movimento onde as pessoas estão se apropriando da situação real. “Estava um clima de que a economia estava no rumo certo e esse clima está se desfazendo pela apresentação dos números do enorme rombo eleitoral deixado por Bolsonaro”.
Em dezembro, vale lembrar, a discussão sobre o novo marco fiscal, a reforma tributária e a revitalização do acordo entre o Mercosul e a União Europeia foram colocados como prioridades da equipe econômica no primeiro ano de governo.
Quanto à discussão do novo marco fiscal, Haddad disse que o novo governo está obrigado a definir um substituto para a regra do teto de gastos após a aprovação, pelo Senado, da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição.
“A PEC dá um prazo para que a gente faça isso”, disse Haddad. O texto aprovado no Senado estabelece até agosto do próximo ano para que o futuro governo envie uma nova regra fiscal por meio de um projeto de lei complementar.