De olho em 2024, Rogério Cruz tem buscado “harmonia” com a Câmara
Prefeito articula ampliação da base na Casa, ao passo em que se esquiva de problemas que possam agravar a cisão entre os Poderes
O prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos) tende a redobrar os esforços para pacificar a relação entre Executivo e Legislativo no decorrer de seus dois últimos anos à frente da prefeitura. Fontes consultadas pelo O HOJE atestam que o prefeito quer minimizar os atritos de olho em 2024, período em que, provavelmente, buscará a reeleição.
“Prova disso foi o imediato recuo em relação ao repasse de R$ 30 milhões à Comurg”, disse um dos consultados. “Quando o prefeito percebeu que a investida poderia gerar um grande desgaste com vereadores, inclusive os da própria base, preferiu não forçar a barra”, completou.
O projeto em questão foi enviado ao Legislativo na reta final de dezembro. A matéria garantia um repasse de mais de R$ 30 milhões à Comurg. Crente de que o Parlamento aprovaria a matéria pelo simples fato de contar com a maioria, Cruz encaminhou o projeto à Câmara aos 45 do segundo tempo. E não só. Encaminhou também Michel Magul, secretário de Governo, na tentativa de convencer os vereadores a aprovarem o texto.
Mas não teve jeito. Na manhã da última quarta-feira (28/12), o presidente Romário Policarpo (Patriota) deixou clara sua indignação com as manobras do Paço. Chegou, inclusive, a categorizar a gestão como “incompetente”.
A Câmara aprovou, mais tarde, um pedido de diligência da matéria. Isso porque os vereadores queriam explicações sobre a destinação da verba milionária. Diante do clima tenso, o prefeito preferiu, por fim, retirar o texto de pauta e deixar a discussão para um momento mais oportuno.
“Tudo que ele [prefeito] quer é evitar algo parecido com a história do Código Tributário. Ele precisa da base, precisa do apoio do parlamento. O prefeito tem tentado organizar a casa e tudo que ele não precisa agora é piorar a relação com o Parlamento”, disse um vereador, em off, à reportagem.
Ainda ontem
Em 2021, diferentemente do que foi ‘vendido’ pelo Executivo e Legislativo, o novo Código Tributário só serviu para pesar ainda mais o bolso do contribuinte. Não bastasse o período pandêmico onde diversos goianienses tiveram seu ganha pão comprometido, reajustes de “no máximo 45%” prometidos anteriormente, se limitaram ao imaginário dos governantes. Em alguns casos a variação superou – e muito – os limites até então acordados.
Evidentemente, isso gerou desgaste não apenas para a figura do prefeito, mas também para os vereadores que ainda temem o derretimento de seus nomes junto ao eleitorado. Tudo porquê a matéria, aprovada às pressas no Legislativo, passou pela Casa com uma série de problemas que agora deverão ser corrigidos pela revisão do texto aprovada no final do ano passado.
Pensando justamente em evitar uma situação parecida e, claro, garantir condições de governabilidade até 2024, é que o prefeito tem buscado um “clima de paz”. Em sua última passagem pela Casa de Leis adotou, inclusive, um tom harmônico com os vereadores.
Durante a posse da nova Mesa Diretora da Câmara Municipal, o prefeito disparou da tribuna: “Nós construímos uma parceria fundada no objetivo de trazer benefícios ao cidadão goianiense, para a cidade que nós queremos construir juntos. Eu já disse e repito muitas vezes: eu não faço a gestão sozinho, a nossa gestão é compartilhada. E neste compartilhamento está o prefeito, os secretários, os vereadores, o setor produtivo e o cidadão goianiense”, afirmou Rogério Cruz.
‘Vanguardistas’
Conforme mostrado pelo O HOJE, na edição da última quinta-feira (5/1), Um dos objetivos da prefeitura de Goiânia é atrair para sua base na Câmara Municipal um grupo de vereadores conhecido, nos corredores, como ‘vanguardistas’. Esse grupo é formado por cinco vereadores, três deles recentemente empossados e outros dois na famosa posição de ‘independência’. São eles: Anderson Sales Bokão (sem partido), Gabriela Rodart (PTB), Igor Franco (Pros), Paulo Magalhães (União Brasil) e Welton Lemos (Podemos)
O objetivo desse grupo é encontrar um rumo a partir do retorno das atividades legislativas, previsto para o início de fevereiro. A decisão, conforme afirmado por um de seus integrantes, será tomada em conjunto, na certeza, segundo ele, de que no meio termo não ficarão.
O líder do governo, Anselmo Pereira (MDB), é quem tem sido o responsável pela articulação. Conforme apurado pela reportagem, a mando do prefeito, Pereira já teria iniciado as investidas. Mas o grupo, aparentemente, tem se mostrado resistente. Informações de bastidores atestam que três dos integrantes apresentam, entre as principais queixas, o fato do prefeito Rogério Cruz (Republicanos) sequer ter telefonado para cumprimentá-los quando tomaram posse como vereadores.