O famoso ‘grupo vanguardista’ da Câmara Municipal de Goiânia, na contramão do esperado — e prometido —  segue sem saber se irá compor a base ou oposição ao prefeito Rogério Cruz (Republicanos) apesar da retomada dos trabalhos legislativos. O HOJE tem acompanhado a história de perto e a informação mais recente é que, apesar de não haver qualquer definição, na atual conjuntura o grupo se encontra mais inclinado à oposição.

Como mostrado em reportagens anteriores, o objetivo desse grupo, até o final de janeiro, era encontrar um rumo a partir do retorno das atividades legislativas, o que ocorreu no início de fevereiro. A decisão, conforme afirmado por um de seus integrantes, será tomada em conjunto, na certeza, segundo ele, de que no meio termo não ficariam. 

Mas não foi o que aconteceu. O recesso acabou e o grupo formado pelos vereadores Anderson Sales Bokão (sem partido), Gabriela Rodart (PTB), Igor Franco (Pros), Paulo Magalhães (União Brasil) e Welton Lemos (Podemos) segue sem definir um caminho. A reportagem conversou com Igor Franco, que tem falado em nome do coletivo. 

Segundo ele, a indefinição passa pela chegada do secretário de Governo, Jovair Arantes, à prefeitura. “Estamos aguardando deliberação do novo secretário. As tratativas estavam bem avançadas, aí entrou o novo secretário e agora estamos aguardando as deliberações sobre as demandas que temos sobre os bairros. As coisas precisam caminhar, caso continuem travadas, não teremos nenhum motivo para permanecer na base”.

Ele acrescentou que até a chegada do Jovair à prefeitura, o caminho do bloco seria a oposição. “Justamente pela dificuldade de atendimento da prefeitura em relação ao bloco. Com a chegada do Jovair, que é um político habilidoso, acreditamos que as coisas vão fluir de forma pacífica para caminharmos juntos rumo à base”, disse o vereador à reportagem. 

Até então, o líder do governo, Anselmo Pereira (MDB), é que estava ‘responsável’ por pela articulação política a fim de trazer os vereadores para o lado de Cruz. No entanto, o bloco mantinha resistência. Em dezembro, O HOJE mostrou que três dos integrantes apresentam, entre as principais queixas, o fato do prefeito Rogério Cruz (Republicanos) sequer ter telefonado para cumprimentá-los quando tomaram posse como vereadores. 

Um dos vereadores foi consultado sobre a queixa, não só confirmou como acrescentou: “Nunca tivemos qualquer comunicação vinda do Paço”.  E continuou: “O que queremos é que as exigências da cidade sejam cumpridas. Queremos fazer um trabalho à altura e, enquanto parlamentares, temos o direito de sermos assistidos”.

Jovair presente 

Na sessão da última quarta-feira (8/2) as movimentações foram intensas na Casa. Base e oposição reclamavam de uma reunião, sem aviso prévio, com Jovair Arantes. Pairava no ar uma espécie de indignação coletiva facilmente percebida pelos repórteres que acompanhavam os trabalhos da Casa. 

“Apareceu sem avisar e ainda mandou convocar todo mundo para uma reunião”, disparou um dos vereadores da base à reportagem. Receoso em ter sido ‘duro’ demais em suas palavras, voltou minutos depois e pediu para não divulgar seu nome caso a frase fosse publicada. Em off, a esmagadora maioria falou sem temores. 

“Não fui notificado, fiquei sabendo pela imprensa. No meu entendimento é um péssimo jeito de começar um relacionamento com o Parlamento”, disse um outro vereador. No mesmo momento, um terceiro parlamentar foi chamado pelo vereador que conversava com a reportagem. Ao tomar conhecimento do assunto, também fez questão de expor seu sentimento. “É complicado, acabei de ficar sabendo dessa reunião, aqui, em plenário. Nem na imprensa eu havia visto”, pontuou. 

Os parlamentares possuem um grupo estruturado com os 35 nomes em um aplicativo de mensagens. Questionado se não houve um comunicado da presidência em relação a visita do auxiliar, um deles disparou: “a única mensagem que chegou foi sobre o aniversário do Kitão [vereador Lucas Kitão] que é hoje [quarta-feira, 8]”, disse de maneira descontraída.