Maioria das pessoas abandona as metas de ano novo ainda no início do ano
Especialistas dão dicas de como se manter firme nos objetivos traçados durante o ano
A maioria das pessoas abandona as metas de ano novo ainda nos primeiros três meses do ano, segundo um levantamento da Forbes Health com a empresa internacional de pesquisa One Poll. Além disso, apenas cerca de 10% se mantêm firmes nas suas metas durante o ano. Isso ocorre, pelo excesso de metas estabelecidas e pelo grau de dificuldade que estes objetivos têm para serem alcançados, na maioria das vezes, de acordo com a psicanalista e neurocientista Sandra Maria Barilli.
Como consequência, é comum que ao final de cada ano, muitas pessoas sofram com a “Síndrome de final de ano” – expressão usada para nomear o estresse e a ansiedade causada no final do ano, que são causados a partir de uma autoavaliação do ano anterior, das expectativas não alcançadas e da reflexão sobre a vida. “Quando nós passamos de um ano para o outro, isso nos leva a uma reflexão a respeito do passado e futuro. Daquilo que sentimos medos, necessidades, desejos e essa reflexão nos leva a uma preocupação que pode causar um certo estresse”, explica a psicanalista.
Nesse sentido, existem alguns pontos que precisam ser observados ao planejar o novo ciclo, para evitar esse tipo de frustração, segundo a especialista. “É muito importante que estas metas sejam mensuráveis, anotadas, possíveis, específicas e que não sejam muitas metas, porque se colocamos uma mudança grande em vários aspectos da vida, o que vai acontecer é a probabilidade de uma desistência durante a caminhada e a frustração no final”, explica.
A psicóloga Virginia Suassuna acrescenta que ao estabelecer metas, é preciso que o indivíduo considere seus valores, habilidades e limitações, priorizando o equilíbrio entre desafio e realização pessoal. É necessário ainda que esteja aberto à ajustes, reconhecendo que a flexibilidade é essencial. Celebrar pequenos progressos, praticar a autorreflexão e cuidar da saúde mental também são importantes aliados para se alcançar os objetivos. “Ao focar no processo, a jornada se torna mais gratificante, minimizando a possibilidade de frustração no final do ano”, reitera.
Cultivar a saúde mental faz parte desse processo e envolve práticas regulares, como priorizar o autocuidado, estabelecer limites saudáveis, manter uma rotina equilibrada, praticar atividade física, dormir bem e alimentar-se adequadamente. Virginia destaca que ter boas noites de sono e fazer exercícios físicos têm impacto positivo na saúde mental, uma vez que o sono adequado melhora a regulação emocional, cognição e resistência ao estresse, contribuindo para tomadas de decisão mais equilibradas.
Vítor Alves Marques, mestre e doutor em ciências da saúde, com formação em educação física, afirma que o exercício físico traz bem-estar e uma sensação de felicidade para quem o pratica. “Isso porque, a atividade física promove o aumento de neurotransmissores como a dopamina e serotonina que vão estimular este bem-estar”, explica o especialista.
As substâncias são conhecidas como hormônios da felicidade e quando liberadas provocam a sensação de prazer, satisfação, aumenta a motivação, sono restaurador, bom humor e sensação de saciedade. Além disso, a dopamina é responsável por levar as informações do cérebro para outras partes do corpo.
Em contrapartida, a ausência desses neurotransmissores no organismo leva à depressão do indivíduo, é o que afirma Marques, ao pontuar que o exercício físico promove diversos benefícios, tanto no âmbito social, quanto no âmbito emocional de cada pessoa.
O especialista frisa ainda que todos os exercícios são eficazes, desde que tenham esforço, ou seja, o exercício tem que ser feito em alta intensidade. A indicação de Marques é que a pessoa faça pelo menos 30 minutos diários, com uma percepção de esforço entre 7 a 10.
Os relacionamentos também influenciam a produtividade e êxito das pessoas, segundo Suassuna. As relações saudáveis oferecem suporte emocional, reduzem o estresse e promovem bem-estar psicológico, impactando diretamente o desempenho. Por isso, investir em laços pessoais ao longo do ano contribui para a resiliência emocional, sustentando a motivação e, consequentemente, isso influencia de forma positiva o sucesso e a produtividade.