Aparecida registra queda de 43,3% nos casos de dengue
Apesar da queda, SMS reforça prevenção de focos de água parada neste período chuvoso, época em que os criadouros do mosquito Aedes aegypti
O número de casos confirmados de dengue em Aparecida de Goiânia foi de 12.465, em 2023, o que representa uma redução de 43,3% em relação ao ano de 2022, quando o município registrou 21.837 casos. Apesar disso, A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) da cidade faz um alerta a população para a prevenção de focos de água parada neste período chuvoso, época em que os criadouros do mosquito Aedes aegypti – transmissor da dengue – tendem a aumentar, sendo necessário um esforço conjunto para prevenir o avanço da dengue e de outras doenças transmitidas pelo inseto.
De acordo com o último Boletim Epidemiológico Arbovirose de Aparecida, a redução para o ano de 2023 pode ser justificada pela baixa vulnerabilidade imunológica da população, pelo contato prévio com o vírus do ano 2022, além da execução das medidas previstas no plano de ação do município para o período chuvoso. Enquanto isso, o expressivo número registrado em 2022 foi impactado por múltiplos fatores, dentre eles: a sazonalidade da doença, redução das ações de controle vetorial nos anos 2020 e 2021, em decorrência das restrições impostas pela pandemia pelo Sars-CoV-2, acarretando na suspensão temporária das visitas domiciliares.
Segundo a SMS, o aumento ou a redução de casos de dengue pode ser influenciado por fatores diversos, incluindo: condições climáticas; migração de pessoas infectadas; imunidade da população; falhas no controle de vetores; problemas de infraestrutura e sazonalidade. É importante ressaltar que as razões para a variação na quantidade dos casos de dengue podem variar dependendo da região e das circunstâncias específicas de cada localidade.
O Superintendente de Vigilância em Saúde Ambiental de Aparecida, Edson Fernandes, relaciona a queda no número de incidências à intensificação das ações de combate realizadas durante todo o ano, onde foram promovidas ações educativas, visitas domiciliares, recolhimento de pneus e outras formas de prevenção. “Em 2023, os nossos agentes fizeram mais visitas nos domicílios e com isso a gente teve essa redução nos casos notificados. Além disso, outras ações também foram ações rotineiras como a coleta de pneus foram intensificadas”, pontua o superintendente.
A dengue é uma arbovirose – doença causada por vírus transmitidos, principalmente, por mosquitos – de grande impacto na saúde pública devido sua magnitude e transcendência social e econômica em que as condições do ambiente, sobretudo urbano, favorecem o desenvolvimento e proliferação do Aedes aegypti. A dengue é caracterizada como uma doença febril aguda, com espectro clínico variando desde quadros febris inespecíficos até manifestações graves com hemorragia e choque.
Ela é transmitida por quatro sorotipos conhecidos: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Os principais sintomas são febre alta, manchas vermelhas pelo corpo, dor ao redor dos olhos e dores musculares e nas articulações. Depois de três a sete dias do início dos sintomas, quando a febre começa a baixar, o paciente pode entrar na chamada fase crítica da doença, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
O infectologista Marcelo Daher, destaca que no caso da dengue hemorrágica, que ocorre quando o sistema imunológico da pessoa apresenta uma reação exacerbada à presença do vírus, pode ser fatal para algumas pessoas. O especialista pontua que não há transmissão pelo contato direto com um doente ou suas secreções, nem por meio de fontes de água ou alimento.
As residências seguem como o principal local onde os focos de dengue são encontrados. Cerca de 70% desses criadouros estão nos domicílios da cidade, segundo o superintendente. Os outros 30% são encontrados em pneus descartados de forma irregular, que também são um dos principais criadouros do mosquito. Esses materiais geralmente são encontrados em borracharias e terrenos baldios. “Atualmente o nosso grande gargalo é dentro das residências da população”, reitera.
Desse modo, nessa luta contra o mosquito causador não só da dengue, mas também do Zika Vírus e da Chikungunya, a população tem um papel fundamental. “Nós precisamos da ajuda das pessoas, a gente sempre reforça e sempre pede nas nossas palestras, nas nossas conversas, nas empresas, nos colégios, nas igrejas, que a população nos ajude”, salienta.
Atualmente a classificação pelo grau de risco do município é de Médio Risco, de acordo com o coeficiente de incidência das 04 últimas semanas de 2023. Isso significa que a incidência dos casos notificados está abaixo de 100 casos por 100 mil habitantes. O cenário sugere a manutenção da articulação de todas as esferas do poder público municipal, assim como da população em relação às medidas de prevenção e controle já implementadas, evitando alcançar a situação de “Alto Risco para epidemia Dengue”.
Para o ano que se inicia, a orientação é a mesma: combater os focos de acúmulo de água, que são locais propícios para a criação do mosquito transmissor da doença, como os vasos de plantas, galões de água, pneus, garrafas plásticas, piscinas sem uso e sem manutenção, e até mesmo em recipientes pequenos, como tampas de garrafas. Edson Fernandes reitera que a população deve se empenhar em diminuir os focos do mosquito e criadouros de larvas dentro de casa.
Além disso, é importante manter o lixo bem fechado e promover o descarte correto de móveis e outros objetos que possam reter a água da chuva. Para ajudar a população, a Prefeitura de Aparecida de Goiânia dispõe do Disque-busca, que faz a retirada e a destinação correta de móveis velhos, eletros e eletrônicos. O serviço é gratuito e funciona de segunda a sexta-feira. A solicitação é feita através do telefone 3545-9969 e 3283-3644.
Além disso, Aparecida mantém canais de denúncia, para que os moradores informem pneus acumulados, imóveis fechados, piscinas abertas ou abandonadas, caixas d’água destampadas e outras irregularidades que possam aumentar a infestação das doenças.