Coletivo de escritoras negras denuncia irregularidades no Prêmio Carolina Maria de Jesus de Literatura
Protesto destaca desigualdades regionais e questiona critérios de seleção do prestigioso prêmio literário organizado pelo Ministério da Cultura
Um coletivo formado por seis escritoras negras está levantando questionamentos sérios sobre o Prêmio Carolina Maria de Jesus de Literatura Produzida por Mulheres 2023, organizado pelo Ministério da Cultura (Minc). Em uma carta publicada na internet e assinada por mais de 260 pessoas, o grupo aponta irregularidades no processo seletivo e acusa a metodologia do prêmio de promover “racismo estrutural e linguístico”.
O resultado final, divulgado pelo Minc em 7 de dezembro, premiou 61 escritoras em diferentes categorias de gêneros literários com R$ 50 mil cada. Entretanto, a crítica central do coletivo é a desigualdade na representação regional e a aplicação questionável do sistema de cotas na seleção das premiadas.
O coletivo destaca a escolha do critério de desempate baseado no “domínio técnico no uso dos recursos linguísticos”, alegando que tal medida desconsidera a pluralidade linguística do Brasil, resultando na exclusão de escritoras quilombolas e indígenas que não atingiram a nota máxima.
O Ministério da Cultura responde às críticas, destacando a diversidade das premiadas e a transparência do processo. Contudo, o coletivo argumenta que as falhas apontadas são graves o suficiente para justificar a revogação do edital, a investigação dos processos e o relançamento do prêmio, refletindo verdadeiramente o legado de Carolina Maria de Jesus.