A prisão da dentista investigada por fazer procedimentos estéticos que resultaram em deformações nos rostos de pacientes, nesta terça-feira (30), chamou a atenção de profissionais da saúde e acendeu um alerta para os perigos de realizar procedimentos cirúrgicos por profissionais que não são qualificados.

Hellen Kacia Matias da Silva foi presa pela Polícia Civil de Goiás após fazer procedimentos de cirurgia plástica que não podem ser executados por dentistas. Na ocasião, os agentes também cumpriram quatro mandados de busca e apreensão em Goiânia e Santa Bárbara de Goiás (GO), em endereços ligados à investigada.

O instituto mantido pela profissional, que fica no Setor Oeste, da capital, foi alvo de busca e apreensão em um inquérito instaurado para apurar os crimes de exercício ilegal da profissão – previstos no art. 282, do Código Penal – e execução de serviço de alta periculosidade – art. 65 do Código de Defesa do Consumidor.

Durante as investigações, a polícia colheu as declarações de mais de 10 vítimas da dentista. Entre os depoentes estão ex-funcionários do instituto e outros pacientes. As vítimas informaram que as cirurgias proibidas eram feitas fora do ambiente hospitalar. De acordo com os agentes, as vítimas relataram ainda que Hellen não aceitava críticas ao seu trabalho.

Nas redes sociais, onde tem mais de 600 mil seguidores e divulga o trabalho,  a mulher se apresenta como uma amante da profissão. Ela chegou a declarar em uma entrevista: “É apaixonante como a gente consegue ajudar pessoas a partir do nosso trabalho. Tirar a dor de pessoas, não só a física, mas também a dor emocional”, disse durante entrevista ao programa Goiás de Norte a Sul,  veiculado há mais de 7 anos.

Hellen ingressou na profissão aos 15 anos de idade, quando começou trabalhar como auxiliar de dentista. Após isso, ela se formou e se especializou em estética. “É apaixonante como a gente consegue ajudar pessoas a partir do seu trabalho e tirar a dor de pessoas, não só a dor física, mas também a dor emocional”, disse durante entrevista ao programa Goiás de Norte a Sul,  veiculado há mais de 7 anos. Na entrevista ela fala ainda sobre alguns dos seus trabalhos de estética, com o uso de toxina botulínica e ácido hialurônico.

Por meio de nota, o Conselho Regional de Odontologia de Goiás (CROGO) informou que tomou conhecimento da prisão preventiva da investigada por meio dos noticiários veiculados pela mídia local. A entidade disse ainda que “as medidas administrativas pertinentes estão sendo tomadas pelo CROGO, obedecido o devido sigilo aplicável ao caso”.

Precaução 

Antes de decidir fazer qualquer procedimento estético é importante observar primeiramente se o médico tem um registro junto ao Conselho Federal de Medicina. A orientação é do cirurgião plástico Hugo Santos. O processo é simples de fazer, basta uma pesquisa na internet, no portal do CFM, na aba “busca por médico”.

Outro ponto importante destacado pelo especialista é observar se o hospital ou a clínica é um local adequado para fazer uma consulta. “Obviamente o cirurgião plástico vai pedir um pré-operatório e você faz essa avaliação criteriosa, para ver se tem condições de fazer com segurança o procedimento cirúrgico”, explica.

Vale ressaltar ainda que por si só, uma cirurgia já apresenta riscos para o paciente. Quando feita por alguém que não possui as devidas qualificações, o grau de ameaças aumenta ainda mais, segundo o cirurgião.

No geral, as complicações mais comuns em decorrência de cirurgia plástica são chamadas de intercorrências e correspondem às áreas que ficam roxas, conhecidas como seromas, hematomas, edemas e equimoses. Os riscos são avaliados individualmente, ou seja, cada paciente apresenta um determinado risco para cada cirurgia.