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sábado, 23 de novembro de 2024
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Instabilidades

Produtores de soja temem perdas de até 23% na colheita de 2023/24

Faeg estima colheita entre 13.8 a 15.2 milhões de toneladas, uma redução de até 3 milhões de toneladas comparada à safra passada

Postado em 31 de janeiro de 2024 por Ícaro Gonçalves
Foram 80 cidades visitadas

O cenário do agronegócio neste início de 2024 é de incertezas e precauções, principalmente para os produtores de soja da região Centro-Oeste do País. Em Goiás, a cultura é uma das que mais contribuem nos resultados da balança produtiva da agricultura, mas devido às instabilidades climáticas ocorridas no último trimestre do ano passado diversos produtores já apresentam perdas com o grão, dos geminados aos colhidos.

O panorama e as estimativas de prejuízos foram constatados in loco pela Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) durante expedição nas diferentes regiões produtoras do estado entre os dias 15 e 22 de janeiro. Foram 80 cidades visitadas, nas quais verificou-se plantações com situações diversas. Algumas colhidas, soja em situações de germinação e lavouras de safrinhas já semeadas, variação causada pela instabilidade nas condições climáticas.

Como ressalta a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás (Seapa), a irregularidade das precipitações e as altas temperaturas dificultaram as operações no período de semeadura, comprometendo a uniformidade e desenvolvimento das lavouras, o que deverá influenciar na produtividade. Segundo a equipe técnica da Faeg responsável pela expedição, já é possível estimar uma escala de perda entre 15 a 23% na colheita da soja goiana. Na produtividade por saca, os resultados devem cair das 65 sacas por hectare registradas na safra passada para 50 a 55 sacas na safra 2023/24, principalmente nas lavouras mais precoces que sofreram com a seca.

No ano passado foram colhidas 17.7 milhões de toneladas de soja. Agora, devido à perda produtiva, pode-se estimar entre 13.8 a 15.2 milhões de toneladas, uma redução de até 4 milhões de toneladas.

Os locais de mais agravamento de perda nas lavouras de soja foram percebidos nas regiões Sudeste do estado, com o predomínio do plantio precoce, na região do Vale da Araguaia, subindo para Caiapônia, para cima até Nova Crixás, e a região nordeste, como Posse.

A situação se agrava ao se avaliar os preços que os produtores estão recebendo pelo produto vendido. Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP), o preço da saca de 60 kg esteve próximo dos R$ 190 em janeiro de 2023, mas terminou o ano em R$ 146. Já na última segunda-feira (29), a saca estava avaliada em R$ 116. 

No estado do Mato Grosso, maior produtor da cultura no País, o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Lucas Costa Beber, alertou que as condições climáticas desfavoráveis que atingiram as lavouras no estado podem fazer com que os produtores não consigam pagar as contas no final da safra. A situação fez com que levaram mais de 30 municípios a decretarem estado de emergência.

A entidade orientou seus associados sobre o registro de perdas decorrentes das condições climáticas. Dentre as medidas recomendadas pela Aprosoja-MT para os produtores estão a elaboração de laudos agronômicos periódicos, laudos de produtividade comparando safras, relatórios fotográficos georreferenciados e outros documentos que possam esclarecer ou ilustrar a situação.

Socorro federal

Em entrevista ao jornal Estado de São Paulo, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, afirmou que o governo já faz estudos sobre os impactos na safra. Na terça-feira (23), falei por telefone com o presidente Lula, e ele me pediu para apresentar o cenário e algumas alternativas que estamos construindo. Agendamos uma conversa com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para falar desse cenário e estaremos com o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, no dia 2 de fevereiro. Disse ao presidente que temos experiência de enfrentar uma crise dessa magnitude, de quebra de safra e preços achatados”, disse o ministro.

Fávaro ainda disse que estuda a prorrogação dos financiamentos para a safra 2023/24 como alternativa para se antecipar a uma possível crise. “É uma alternativa que está no radar. Estamos em discussões de déficit zero, e não posso, somente pela boa vontade, dizer que vamos prorrogar. Outra alternativa possível, neste momento em que o Brasil retomou a credibilidade para captação de recursos internacionais, são linhas de crédito ao produtor para que ele possa acessar e zere o passivo pagando parceladamente”, afirmou.

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