Saúde apura caso da menina de 16 anos que supostamente morreu por dengue
Até o momento apenas duas mortes por dengue foram confirmadas em Goiás, afirma a Secretária de Estado da Saúde (SES)
O caso da adolescente Fernanda Ferreira Martins, de 16 anos, que faleceu no último sábado (03) em decorrência de uma complicação por dengue associada à diabetes, segundo informou o Hospital Estadual do Centro-Norte Goiano (HCN), está sob investigação da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO).
Ao jornal O Hoje, a pasta informou que por mais que alguns veículos de comunicação tenham divulgado que a causa da morte da jovem tenha sido em decorrência da dengue, o caso ainda precisa passar por avaliação do Comitê Estadual de Investigação de óbito suspeito por arboviroses que vai confirmar se a estudante realmente morreu por dengue.
Fernanda cursava o terceiro ano do ensino médio no Colégio Estadual da Polícia Militar de Goiás (CEPMG) Dona Maria Elisa da Silva, em Uruaçu, região Norte do Estado. Em nota, a instituição de ensino lamentou a morte da estudante e disse que se solidariza com a dor dos familiares.
A SES reforçou ainda que até o momento apenas duas mortes por dengue foram confirmadas em Goiás. As vítimas, um homem de 31 anos de idade, residente de Uruaçu, que faleceu no dia cinco de janeiro deste ano; e um homem de 33 anos, morador de Águas Lindas de Goiás, que morreu em Formosa, no dia 18 de janeiro. Outros 37 óbitos suspeitos são avaliados pelos profissionais da saúde.
Ao todo, 12.518 casos da doença foram confirmados no Estado, sendo 22.275 notificações, de acordo com o último balanço divulgado pela pasta no Diário Oficial do Estado. Quando comparados os casos notificados nas cinco primeiras semanas de 2024 com o mesmo período de 2023, quando foram registrados 14.066, houve um aumento de 59% nos registros de dengue, em Goiás.
Além das notificações de dengue, o aumento no número de casos de outras arboviroses como a Zika e Chikungunya também preocupa a Saúde do Estado. São 785 casos confirmados e 1081 notificações para Chikungunya. Os dados são das cinco primeiras semanas de 2024 e quando comparados com o mesmo período de 2023, quando o Estado registrou 268, o aumento foi de 303% em relação às notificações.
Já as notificações para a Zika, somam 112 casos, com 59 confirmações da doença, sendo quatro desses casos confirmados em gestantes. Quando comparados com os casos notificados nas cinco primeiras semanas de 2023, quando o número de notificações foi de 22 casos, houve um aumento de 409% nos registros de doença aguda pelo zika vírus, em Goiás.
Entre as notificações por dengue no Estado, 64% são em decorrência do sorotipo 1 e 35% são causadas pelo sorotipo 2. Mais informações e atualizações devem ser repassadas nesta quinta-feira (8), durante coletiva de imprensa da SES, após reuniões com os Gabinetes de Crise – que são estruturas temporárias de análise, decisão e controle para fazer a gestão plena e contínua da situação da dengue em nosso estado.
A rede de gabinetes faz levantamentos de dados em tempo real, diariamente, e permite aos municípios uma melhor gestão dos casos de arboviroses e dos recursos envolvidos no cuidado adequado a todos goianos. Assim, o governo do estado apoiará os municípios na garantia do bem estar da população e na redução de complicações e mortes evitáveis.
Estado vive epidemia de dengue, diz secretário da Saúde
Devido ao aumento no número de casos das arboviroses, o Estado de Goiás decretou situação emergência em saúde pública. O decreto foi publicado na última sexta-feira (02) no Diário Oficial do Estado.
Assim, o estado autorizou a adoção de todas as medidas administrativas e assistenciais necessárias à contenção do aumento da incidência de casos de arboviroses, bem como a aquisição pública de insumos e materiais; a doação e a cessão de equipamentos e bens; a contratação de serviços estritamente necessários ao atendimento da situação emergencial.
Além disso, a recomendação do governo para os prefeitos dos municípios goianos é que adotem determinadas medidas como a suspensão de férias e folgas dos agentes de combate a endemias e agentes comunitários de saúde, vigilância ambiental e unidades de saúde do município; além de adotar a atuação conjunta dos agentes comunitários de saúde e agentes de combate a endemias com a execução de atividades de visitação domiciliar e demais ações de campo para o combate ao mosquito Aedes aegypti.
O decreto é por 180 dias, mas segundo o Secretário de Estado da Saúde de Goiás, Rasivel dos Reis, ele pode se estender enquanto durar a crise epidemiológica.
Rasivel declara que o Estado atingiu por quatro semanas seguidas o número de casos ou seja incidência de dengue acima do limite superior tolerável no Plano de Contingência Estadual para Arboviroses. Segundo o titular da SES, esses critérios são o suficiente para declarar epidemia. “É importante a declaração de epidemia primeiro para alertar a população, além dos gestores dos municípios e também quando declaramos emergência em saúde pública vamos conseguir o recurso que o Ministério da Saúde”, afirma.
O secretário destaca ainda que o decreto possibilita facilidades à Saúde em relação às compras de materiais necessários ao combate à dengue, além de facilitar as contratações de profissionais da saúde para atender o momento de crise que o Estado passa. “Todas as medidas que nós precisamos tomar nós vamos fazê-las com mais agilidade e embasados”, reitera.
Além disso, a partir do decreto, muitos dos municípios podem declarar emergência para também fazerem as medidas com mais agilidade para obter as aquisições também e suporte do MS. “Muitos municípios estavam aguardando esse decreto do Estado para que eles também pudessem fazê-lo”, diz Rasivel.
A orientação do secretário para os gestores municipais, profissionais da saúde e para a população em geral, é que todos devem continuar com os esforços e mobilização para juntos trabalharem no combate ao mosquito. “Com manejo ambiental para que possamos eliminar os criadouros e possamos ter menos casos de dengue”, destaca.
O manejo clínico dos pacientes também é um aspecto importante segundo o titular da pasta. “É necessário trabalhar com manejo químico clínico como a hidratação dos pacientes. Além disso, pedir para essas pessoas procurarem as Unidades de Saúde para que eles não tenham agravamentos”, detalha. “Quando for necessário pedir apoio ao estado para a gente também possa fazer essa transferência de pacientes para que não tenhamos perdas de vidas”, acrescenta.