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sábado, 23 de novembro de 2024
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Selic

Redução tímida da taxa de juros é injustificável, defende CNI

Na avaliação da indústria, o comportamento favorável da inflação e os bons prognósticos para a economia em 2024 justificam uma redução mais agressiva da Selic

Postado em 7 de fevereiro de 2024 por Ícaro Gonçalves
Na avaliação da indústria

Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a nova redução da taxa de juros Selic em apenas 0,5 ponto percentual é “excessivamente conservadora e injustificável”. A defesa da CNI ocorreu após o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, reduzir a Selic para 11,25% ao ano no dia 31 de janeiro.

Na visão do presidente da CNI, Ricardo Alban, uma vez que o cenário de inflação está sob controle, é imprescindível uma aceleração no ritmo de redução da taxa Selic já na próxima reunião do Copom. “É necessário e desejável maior agressividade do Copom para que ocorra uma redução mais significativa do custo financeiro suportado por empresas. Sem essa mudança urgente de postura, seguiremos penalizando não só a economia brasileira, mas, principalmente os brasileiros, com menos emprego e renda”, adverte Alban.

Na avaliação da indústria, o fato de o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ter encerrado 2023 em 4,6%, abaixo do limite superior da meta, é prova do comportamento favorável da inflação. Além disso, é importante considerar a desaceleração em relação a 2022, quando o IPCA foi de 5,8%. Em janeiro de 2024, a prévia da inflação teve variação de 0,31%, menor que a esperada.

A CNI também destaca as expectativas positivas para o cenário econômico de 2024. O mais recente Relatório Focus, do Banco Central, aponta inflação de 3,81% no final de 2024. Há um mês, as expectativas para 2024 estavam em 3,9%. Além de estarem em queda, as expectativas sinalizam novamente para o cumprimento da meta, mas em condição ainda melhor, já que, além do respeito ao teto, deve haver aproximação do centro da meta, de 3%.

O câmbio é outro elemento que contribui com o cenário de inflação sob controle. Em janeiro de 2023, a taxa de câmbio chegou a ultrapassar os R$ 5,40 por dólar. Nos últimos meses, contudo, se estabilizou perto dos R$ 4,90 por dólar, aliviando a pressão inflacionária advinda dos produtos importados.

“E como nos Estados Unidos os dados mais recentes de inflação favorecem o início do ciclo de cortes da taxa básica de juros americana ainda no primeiro trimestre, é possível reduzir mais rapidamente a Selic sem que, via redução do diferencial de juros em relação aos Estados Unidos, ocorra pressão sobre o câmbio, e por consequência, sobre a inflação no Brasil”, defende a Confederação em nota.

Decisão teve como base cenário internacional

A justificativa apresentada pelo Copom para a redução tímida da taxa Selic destaca o ambiente internacional volátil e os níveis ainda elevados da inflação em diversos países. Com isso, o Comitê avalia que o cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes.

Em relação ao cenário nacional, o conjunto dos indicadores de atividade econômica segue consistente com o cenário de desaceleração da economia antecipado pelo Copom. A inflação cheia ao consumidor, conforme esperado, manteve trajetória de desinflação e se aproxima da meta para a inflação nas divulgações mais recentes.

“Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário, destacam-se uma maior persistência das pressões inflacionárias globais; e uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado. O Comitê avalia que a conjuntura, em particular devido ao cenário internacional, segue incerta e exige cautela na condução da política monetária”, disse o órgão ao final da reunião que definiu a nova taxa.

“A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, expectativas de inflação com reancoragem apenas parcial e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária. O Comitê reforça a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, finalizou.

Peso da taxa de juros

Ainda na avaliação da CNI, o nível da taxa de juros real tem custado muito caro para a atividade econômica do país. O PIB ficou estagnado no terceiro trimestre de 2023 e as expectativas não são positivas para o último trimestre do mesmo ano. A produção da indústria de transformação acumulou queda de 0,9% entre janeiro e novembro de 2023, na comparação com o mesmo período de 2022.

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