Abate de bovinos sobe 20% no último trimestre de 2023 e atinge 33,5 mi de cabeças no ano
A alta produção com demanda estável tem feito com que o preço da carne registre quedas consecutivas, o que agrada o consumidor, mas desanima o produtor
O abate de bovinos cresceu ao longo de 2023, em especial no último trimestre, quando atingiu a marca de 9,05 milhões de cabeças abatidas no País. O resultado marca um salto de 19,9% no trimestre de outubro a dezembro se comparado ao mesmo período de 2022, e de 1,3% comparado ao 3º trimestre de 2023. Os dados são da Estatística da Produção Pecuária, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última sexta (9).
Já a produção de carcaças de bovinos foi de 2,41 milhões de toneladas no 4º trimestre do ano, representando um crescimento de 18% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior e de 1,1% frente ao 3º trimestre de 2023. Somados os números do ano, a pesquisa aponta uma produção total de 33,5 milhões de bovinos abatidos em 2023, enquanto em 2022 foram 29,5 milhões.
A alta produção com demanda estável tem feito com que o preço da carne registre quedas consecutivas, o que agrada o consumidor, mas desanima o produtor, que tem preferido o mercado internacional. Segundo indicam analistas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP), o mês de janeiro é, historicamente, de baixo consumo de carne, o que gera cautela nas vendas dos produtores aos frigoríficos. Assim, muitos optam por vender apenas uma pequena parte do rebanho com vista a uma recuperação dos preços nos próximos meses.
Segundo os dados mais recentes da Cepea, o preço da arroba do boi gordo reagiu no último trimestre após as quedas acentuadas entre junho e setembro. Em janeiro de 2023, a arroba era vendida por, em média, R$ 285,97. Caiu até chegar a R$ 212,51 em setembro, subindo novamente até R$ 248,63 em dezembro. Na última sexta (9), a Cepea registrou a média de R$ 239,35 para a arroba vendida.
Ainda segundo pesquisadores do Cepea, os preços oferecidos pelos frigoríficos não têm agradado produtores e geram certo desânimo para a reposição. Muitos agentes têm a expectativa de que a procura reaja após o carnaval. “Os pecuaristas se mostram resistentes em negociar nos valores ofertados, mas, como a demanda no mercado atacadista também está relativamente baixa, frigoríficos não pressionam por volumes maiores – as escalas de abate estão “confortáveis”. As exportações brasileiras de carne bovina, por sua vez, continuam em expansão, e pecuaristas que atendem a este segmento, especialmente os que conseguem animais com peso adequado para abate até os 30 meses, têm obtido preços bem maiores que os registrados na venda para consumo doméstico”, estaca boletim do centro de estudos.
Segundo a análise de fevereiro feita pela Gerência de Inteligência de Mercado Agropecuário, da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás (Seapa), o primeiro semestre de 2024 não será de altas muito fortes, porém há espaço e margens para uma evolução do mercado. “O produtor deve avaliar como se dará a oferta e cotação dos animais para reposição. Avaliamos, ainda, que a oferta de bezerros deve se manter no patamar de 2023 ou até menor, o que deve impactar nos preços da categoria”, destaca.
Outros produtos agrícolas
Os resultados preliminares da Estatística da Produção Pecuária do IBGE também apontam para o crescimento no abate de suínos no 4º semestre de 2023, na comparação com o mesmo período do ano anterior. Foram 14,11 milhões de cabeças, alta de 0,8%. O peso acumulado das carcaças suínas registrou 1,30 milhão de toneladas no 4º trimestre de 2023, aumento de 1,5% em relação ao 4º trimestre de 2022.
Quanto à produção de frangos, foram 1,53 bilhões de animais abatidos no período, com recuou 2,3% na mesma comparação com 2022. O peso acumulado das carcaças foi de 3,19 milhões de toneladas no 4º trimestre de 2023, decréscimo de 4,1% em relação ao mesmo período de 2022 e de 3,8% frente ao trimestre imediatamente anterior.
A aquisição de leite cru, feita pelos estabelecimentos que atuam sob algum tipo de inspeção sanitária federal, estadual ou municipal, foi de 6,43 bilhões de litros. O valor correspondeu a um aumento de 1,8% em comparação ao volume registrado no 4º trimestre de 2022 e incremento de 3,2% em comparação ao obtido no trimestre imediatamente anterior.
A produção de ovos de galinha foi de 1,05 bilhão de dúzias no 4º trimestre de 2023. O resultado representou estabilidade em relação ao mesmo período do ano anterior e queda de 1,0% em comparação ao 3º trimestre de 2023.