Compre e pague sozinho: minimercados autônomos crescem 42% em 2023
O faturamento das franquias no Brasil atingiu R$ 240,6 bilhões no ano, um crescimento nominal de 13,8% em relação a 2022
Uma pequena loja de conveniências dentro do condomínio, com quase tudo de primeira necessidade para atender emergências de casa, mas com um diferencial: não há atendentes, o cliente pega os produtos e paga sozinho pelo aplicativo no celular. Chamado de minimercado autônomo, o modelo de microfranquia foi o que mais cresceu ao longo de 2023, segundo estudo da Associação Brasileira de Franchising (ABF) divulgado na última semana.
De acordo com o levantamento, em 2022 eram 1.477 minimercados franqueados em todo território nacional de apenas uma marca. Ao final de 2023, já eram 2.100 minilojas, com 400 franqueados, um salto de 42% em um ano. Os números mostram o crescimento no empreendedorismo no varejo supermercadista, focado na comercialização de itens de necessidades básicas.
Como explica Eduardo Cordova, CEO da marca de franquias de minimercados, os mercados autônomos não são mais uma novidade para os consumidores, e sim uma realidade nas principais cidades do país. Porém, o modelo de negócio ainda pode se consolidar no mundo corporativo.
“Temos mapeados 50 mil condomínios no Brasil com potencial para um mercado autônomo, e sabemos que somente 1 em cada 5 desses condomínios possuem uma solução desse tipo. O nosso plano consiste em, de maneira rápida, efetiva e sustentável, levar para as unidades vazias e substituir as operações de outros players”, explica o executivo.
Setores que mais faturaram
O estudo da ABF ainda mostrou que o faturamento das franquias no Brasil atingiu R$ 240,6 bilhões no ano, um crescimento nominal de 13,8% em relação a 2022. Em comparação a 2019, na pré-pandemia, o aumento foi de 28,9%. O crescimento ocorreu principalmente nas franquias ligadas aos setores de alimentação e de saúde, beleza e bem estar.
As franquias que mais faturam foram aquelas ligadas à alimentação, no modelo food service. O segmento envolve franquias de restaurantes, lojas de fast food, lanches, sucos, entre outros modelos, com faturamento que chegou a R$ 46,9 bilhões em 2023, valor superior ao de 2022 em 17,9%.
Para a ABF, um dos motivos que levou ao crescimento do setor foi o aumento no número de pedidos de comida feitos em aplicativos de delivery. Prova disso é que, até abril de 2023, 38,2% dos trabalhadores com smartphone e acesso à internet faziam pedidos nos apps de duas a três vezes por mês e 30,9%, de quatro a cinco vezes ao mês. A informação consta em uma pesquisa encomendada pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel).
Outros fatores que influenciaram o crescimento foram a retomada dos trabalhos em modelo presencial, o encarecimento do valor gasto com alimentação (tíquete médio), além do aumento da tecnologia com foco em aumento de produtividade.
Já para os setores de saúde, beleza e bem estar, o salto no faturamento foi de 17,5%, chegando a R$ 55,6 bilhões em 2023. A avaliação é que o crescimento se deu pelo bom desempenho nos segmentos de clínicas de estética, odontologia, óticas e farmácias. As mudanças de hábitos dos consumidores e a maturidade das marcas e de seus franqueados também foram fatores importantes para os resultados.
Para o presidente da ABF, Tom Moreira Leite, os resultados mostram a capacidade de adaptação do setor, principalmente em relação à digitalização e ao ajuste de modelos de negócio. “O desejo do consumidor por atividades sociais, principalmente eventos, encontros e confraternizações, movimentou o setor de forma geral, mas principalmente Alimentação e Turismo”, destaca Tom Moreira Leite.
Os resultados de 2023 mostram ainda que o número de redes de franquias chegou a 3.311, crescimento de 7,6% em relação a 2022; e o número de empregos diretos gerados atingiu 1,7 milhão, um aumento de 7,1% em comparação ao ano anterior. Já o número de operações de franquias totalizou 195,8 mil, 7,8% superior a 2022.
Para 2024, as projeções da ABF são de um faturamento 10% maior, de expansão das operações em 5,5%; das redes, em 5%; e uma alta de 5,5% no número de empregos diretos gerados.